E finalizamos um novo ciclo nos reestruturando, como sempre, em movimentos contínuos, numa árdua tarefa de levantar um projeto que nos fez olhar para nós mesmos – mais uma vez. A possibilidade de termos uma programação continuada e financiada com dinheiro público, via Funarte, nos permitiu revisitar nossas redes de relações e – como já havia acontecido em outros momentos, também em projetos parecidos – recebermos um retorno que nos emocionou.

Então, nada mais justo que se marcasse o início do novo giro no entorno do Sol com agradecimentos! A todos que nos reconheceram – e reconhecem! -, não necessariamente aos que nos entregaram cartas, mas que o fazem nas singelezas de suas atitudes diárias; aos próprios cooperados – que passaram e que seguem!; a todos aqueles que encostamos, de uma maneira ou outra, com esses 19 anos de atividades; e ao Ricardo Retamal, que nos apoiou por muito tempo, de maneira silente, mas seguida, representando aqui todos aqueles que, de alguma forma, também nos deram suporte do jeito que fosse. Com certeza, sem isso tudo, não estaríamos aqui, com um belo plano de seguir!

Agora, aproveite e leia o que escrevemos para justificar a sequência de nossa existência:

Ao Edital Funarte – Ações Continuadas.

O Coletivo Catarse completa 20 anos em 2024. Apesar de ser constituído formalmente como uma cooperativa de trabalho, para tratar das relações formais de direitos sociais de seus cooperados e sua colocação no mercado de trabalho, sempre se caracterizou por ser um coletivo agregador e compartilhador de estruturas e ações. E é assim que segue pautando suas atividades, e é assim que propõe este projeto de um 20° ciclo cheio de atividades que, de certa forma, representam exatamente sua existência. A rede que o Coletivo apoia, propaga e circula é muito reflexo desse histórico – em anexo, seguem cartas de reconhecimento da nossa relevância cultural pelas mãos de artistas, grupos, representantes de comunidades indígenas, instituições, de ações integradas, etc. Foram mais de 100 coletadas (15 pontos de cultura, 13 entidades/núcleos de pesquisa, 5 profissionais relacionados ao patrimônio, 3 lideranças indígenas, 3 indigenistas, 23 pessoas relacionadas à música, 15 representando o teatro, 6 do cinema, 10 da negritude, 9 da ecologia, 4 mulheres ativistas negras, 3 do hip-hop, 3 da dança, 7 de mídia, 6 representando manifestações culturais de matriz Africana – capoeira, samba, sopapo, culinária etíope – , 1 liderança quilombola, 5 instituições ligadas também ao patrimônio – IPHAN, MuseCom, Museu Júlio de Castilhos, Museu Antropológico do RS –, 2 profissionais da acessibilidade, 1 coletivo LGBTQI+ e 2 entidades ligadas à saúde), algumas com o comprometimento, inclusive, de participação nesta proposta (em anexo, também, vai já parte da programação diversa e inclusive acertada, com as devidas referências, para o Eixo Maria Maria).

E o que é importante nisso para além do apoio recebido? Esta é uma REDE ATIVA. Só nesta lista, dos que se dispuseram a encaminhar formalmente seu reconhecimento, calculam-se cerca de 400 pessoas que se beneficiaram diretamente com o compartilhamento da estrutura do Coletivo ou que desenvolveram trabalhos em conjunto – e que serão atingidos por esta proposta ou que estarão diretamente envolvidos!

Ou seja, o nosso 20° ano não pretende-se ser diferente do que já realizamos historicamente, mas, sim, programado com resultados de um evidente e maior potencial de se atingir, ainda mais público a se tocar, e fomentar com recursos uma rede que vem se apoiando em escambos culturais, com recursos muitas vezes insuficientes para toda uma cadeia de envolvidos, literalmente na militância de fazer sua arte. Assim, o Coletivo planeja com muito mais força, com o aporte pretendido, dar ao dinheiro público o seu sentido que entende como principal – o usufruto coletivo, a disponibilização pública, a produção artística e cultural de matriz comunitária. E isso já é algo que, através de iniciativas como o projeto do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre, por exemplo, o Coletivo já efetiva! Não foram poucas as vezes que se produziram projetos com financiamentos públicos em que o objetivo principal era a devolução à sociedade daquele investimento (2008/2020 – Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre – com atividades ininterruptas financiadas ou não financiadas até o momento presente, conveniamento com Ministério da Cultura e SEDAC-RS; 2010 – Prêmio Interações Estéticas – Projeto Famílias do Jardim, Ministério da Cultura; 2010 – Projeto Tambor de Sopapo – Resgate Histórico da Cultura Negra do Extremo Sul do Brasil, Edital Patrimônio Cultural Imaterial – IPHAN; 2011 – Prêmio Pontinhos de Cultura – Projeto Fazendo Cena, Ministério da Cultura; 2012 – Participação no Projeto LabCultura Viva, UFRJ – Ministério da Cultura; 2012 – Projeto Carijo: Herança do Conhecimento Ancestral na Fabricação da Erva-Mate, Edital Patrimônio Cultural Imaterial – IPHAN; 2012 – Contemplado no Edital da terceira edição do Etnodoc – Projeto Batuque Gaúcho, Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro, em parceria com o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e o Departamento de Patrimônio Imaterial – IPHAN; 2012 – Projeto “Araucária: de braços erguidos para o céu”, contemplado no Edital SEDAC nº 9/2012 Edital de Concurso “Rio Grande do Sul – Pólo Audiovisual”, Pró-cultura RS FAC, vinculado à SEDAC-RS; 2012 – Filme Nega Lú, contemplado no edital nº 41/2012 Edital de Concurso “Pró-cultura RS FAC das Artes”, vinculado à SEDAC-RS; 2013 – Projeto Nós da Rede, contemplado no Edital SEDAC nº 07/2013, Edital de Concurso “Pró-cultura RS FAC Processos Culturais Colaborativos”, vinculado à SEDAC-RS; 2015 – Projeto Roda Carijo, contemplado no edital 03/2015 Edital de Concurso “Pró-cultura RS FAC #juntospelacultura”, vinculado à SEDAC-RS; 2016 – Projeto Uma Tainha no Dilúvio – contendo filme/websérie ficcional e site – apoiado pelo Fundo Socioambiental CASA, em edital na linha de ação: Água e questões socioambientais do meio urbano; 2016 – Websérie “O ser Juçara”, apoiada no edital Fortalecendo Comunidades na busca pela Sustentabilidade, uma parceria entre o Fundo Socioambiental CASA e o Fundo Socioambiental CAIXA; 2018 – Projeto em parceria com o músico e bonequeiro Mestre Bira/Ubirajara Toledo, contemplado no Edital de Seleção Pública n.º 1, de 26 de abril de 2018, Culturas Populares – Edição Selma do Coco, vinculado ao Ministério da Cultura; 2020 – Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre para reviver um melhor compartilhamento de estrutura, no EDITAL SEDAC nº 10/2020; 2022 – Série de Oficinas Piá no Ventre, contemplada no Edital 08/2022, Cultura Viva no Hip Hop – Residências artísticas em Pontos de Cultura, financiado pela SEDAC-RS; 2022 – Contemplado na Chamada Pública para Projetos da Sociedade Civil de Comunicação Popular e Comunitária em Saúde – Projeto Informar é Vacinar! Uma história de Fake News contra Vacinas e o Sistema Público de Saúde, Fiocruz/OPAS; 2023 – Contemplado como organização parceira da Comunidade Quilombola Vila Nova na Chamada de Projetos Fortalecendo Comunidades na Busca por Direitos Socioambientais: Justiça Climática e de Gênero. Fundo CASA Socioambiental).

São centenas de iniciativas, TODAS compartilhadas, TODAS envolvendo uma diversidade de artistas locais, cultural popular, com produção própria e disponibilização de estrutura – há comprovações anexas nesta proposta.

Quando se percebe, portanto, esta possibilidade com o Edital de Ações Continuadas, observando-se os objetivos e o que se quer contemplar, esta proposta do Coletivo Catarse surge “ao natural”. E o maior desafio, aqui, no final, foi conseguir resumir nas limitações de caracteres os históricos, o projeto e esta justificativa, imaginando como fazer caber tanta coisa e expor claramente tanta diversidade cultural e artística já produzida. Ainda assim, esta é uma grande oportunidade de avanço dos ofícios do Coletivo – para além, é claro, das propostas de estudo e aprofundamento de linguagens –, pois, se tem algo que ainda carece de maior atenção são as questões de acessibilidade. Por mais que já se tenha realizado algumas iniciativas contemplando linguagens universais, poucos foram os trabalhos finalizados assim na nossa história. Ou seja, este será também um ano com uma proposta de internalizar e conseguir efetivamente realizar uma produção acessível a todos os públicos.

Se prevê, em fim, aqui, manutenção, formação, pesquisa, memória, comunicação e divulgação, intercâmbio de saberes, qualificação, de um coletivo artístico multidiverso, não por si só, exclusivamente, mas pela rede que toca e anda junto, uma proposta de sustentabilidade e estabilidade, de forma continuada, apresentando diversidade estética, artística e acessível, estimulando a formação de público, de geração de trabalho e renda, desenvolvendo uma rede produtiva de artes e seus agentes, estimulando, assim, a ampliação do acesso e a fruição de bens e serviços artístico-culturais, e, como consequência, acreditamos, contribuindo para a implementação da Política Nacional das Artes no âmbito das políticas culturais do Ministério da Cultura.

Que a catarse siga contínua, com ações diversas e uma rede viva!

*textos de Gustavo Türck, fotos de Têmis Nicolaidis e arte de Billy Valdez

8 Comentários

  1. Que maravilhosa é a trajetória de vocês.
    Sigam semeando e colhendo de forma organizada e orgânica.
    Parabéns a toda equipe da Cartase.

  2. Parabéns à todos e todas que se dedicaram a esse projeto lindo! vida longa ao coletivo catarse!

  3. Pedro de Almeida Costa

    Longa vida ao Catarse e toda rede que ele aciona e articula! Viva a cultura popular. Viva a cultura aberta como um valor público!

  4. Parabéns pelo lindo trabalho de contribuiçao social e grandes conquistas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *