A Catarse foi o primeiro coletivo independente a produzir conteúdo jornalístico para a TV Brasil, em setembro de 2007, quando a TV ainda não havia entrado no ar. Mesmo que o projeto para remunerar as participações do quadro Outro Olhar (produções independentes no telejornal) tenha sido interrompido, a TV Brasil é um canal importante para fortalecer a mídia pública, de interesse público, e veicular conteúdo que não temos nas tvs comerciais abertas nem na TVE do RS. Nosso apoio e desejo que a TV Brasil chegue logo, arejando a programação num dos estados em que mais fortemente se percebe o quanto os coronéis da comunicação fazem mal a sociedade. E que a TVE/RS permaneça de pé, até que caia o desgoverno da Yeda.
Rede de TV gaúcha perderá ao menos R$ 500 mil anuais em produção de programas; emissora diz que está “bem servida” pela parceria com SP
Ana Flor, da reportagem local
Fonte:Folha de São Paulo em 07.01.2010
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0701201011.htm
O governo gaúcho, da tucana Yeda Crusius, rejeitou uma proposta para que a TV educativa local, a TVE, retransmita a TV Brasil, do governo federal, para renovar contrato em que passará a pagar para veicular programas da TV Cultura -emissora ligada ao governo tucano de São Paulo. Abrir mão da parceria com a TV Brasil significará para a TVE a perda de pelo menos R$ 500 mil em produção de programas ao ano, além de investimentos para migração para o sistema digital. A emissora gaúcha fica ainda obrigada a mudar de sede, já que o prédio que ocupa há 30 anos e que pertencia ao INSS foi comprado pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), responsável pela TV Brasil.
A presidência da TVE afirma que não há necessidade de acordo com a TV do governo federal, porque “está muito bem servida” pela parceria com a TV Cultura. Mas, como a emissora de São Paulo decidiu cobrar pela retransmissão, a TVE passará a desembolsar em torno de R$ 20 mil ao mês. “Nosso momento atual é investir em programação local. Queremos reorganizar uma fundação que busca desesperadamente sua autossustentação”, afirmou o presidente, Ricardo Azeredo. Dentro do governo gaúcho, a opinião é que a TV Brasil é um instrumento do governo Lula. Aliados de Yeda citam como exemplo o viés governamental de programas jornalísticos, como o “Repórter Brasil”, que precisa ser retransmitido pelo menos uma vez ao dia pelas parceiras estaduais.
Segundo o diretor jurídico da EBC, Luís Henrique Martins dos Anjos, a proposta feita à TVE inclui repasse de cerca de R$ 500 mil para produção de material jornalístico e programas que seriam incluídos na grade nacional da TV Brasil e a possibilidade de utilizar a tecnologia da emissora federal na migração para o sistema digital.
O diretor afirma que a TV Brasil já paga pelos direitos de transmissão dos principais programas da TV Cultura -como o “Roda Viva” e infantis-, que a emissora gaúcha poderia levar ao ar sem custos. Além disso, mais de 50% da grade de programas é aberta para produções locais. “A única explicação que eu encontro é a orientação política”, diz ele, que é responsável pela instalação da EBC no RS.
Martins dá o exemplo da TV educativa de Minas Gerais -outro governo tucano-, que tem parceria com a TV Brasil e recebe para produzir quatro programas que vão ao ar em todo o país. “Não é normal que todas as TVs educativas estejam erradas”, afirmou ele.
O diretor afirma que a TV Brasil tem interesse em pagar em torno de R$ 400 mil para que a TVE produza um programa infantil em rede nacional. “A governadora fez um anúncio de que [a TVE] ia mudar de local. Mesmo assim, nós vamos reiterar a proposta”, diz.
A presidente da EBC, Teresa Cruvinel, vai enviar um novo convite ainda neste mês.
Com o fracasso das negociações com a TVE, o Rio Grande do Sul passa a ser o único Estado em que a TV Brasil está sem parceria para retransmissão.