Em 2024, o maior desafio da chapeuzinho vermelho não é o lobo mau, mas uma plateia cheia de pré-adolescentes

Numa tarde de segunda-feira, no Teatro São Pedro, aconteceu sessão da peça Chapeuzinho Vermelho, uma adaptação de premiado texto de Joël Pommerat, realizado pelo Projeto GOMPA. Na sinopse, há a menção de que a releitura contemporânea traz à tona uma espécie de “iniciação ao medo”. E é verdade! Só que… Não só ao medo para pequenas crianças, que estavam presentes aos montes – e que adoraram, mesmo que algumas tenham sido retiradas da plateia no colo nos sustos óbvios que viriam do lobo mau. Totalmente natural, reações normais e certamente esperadas, que não prejudicam em nada a proposta do espetáculo. Agora… Para pais e mães de pré-adolescentes – como este que escreve e aquela que tirou as fotos desta resenha – a sessão foi de tremenda tensão. Meninas e meninos impassíveis, impossíveis de ficarem em silêncio ou sentadas quietos por mais de uma dezena de minutos, conversas, cochichos, deboches de todos os lados, caras de nojo e uma pífia participação afogada pela grande interatividade dos pequenos, que cantaram antes, assustaram-se durante e aplaudiram depois. Apenas no ápice da linguagem metafórica apresentada pela peça, de forma muito inteligente, a trazer os perigos dos “lobos maus” da vida real, com frases do tipo “deita aqui”, “vem para baixo do cobertor” e “eu vou te comer” – totalmente coerentes com as interpretações e contextos -, a reação uníssona da turba dos 12, 13 anos, que tomou conta sobre todas as vozes, foi de chiste, de onomatopéia gracejosa, nada grave. O que faz gerar isso? Por que para os pequenos o medo do lobo mau foi evidente, de pulos em cadeiras, gritos de espanto, mas para as meninas e meninos no limiar da puberdade foi de humor sexualizado? Há muitos aparelhos ligados procurando redes roteadas acessando informações descontroladas por pessoas jovens sem limitações – porque pode ser, inclusive, impossível. A sensualização da inocência está aí, a cada clique, em cada som, nas imagens que minha filha de 10 anos, por exemplo, já acessa em seus dispositivos com certo controle. É muito difícil – e vai ficando pior com o que vem acontecendo no compêndio ideológico-legal em disputa no Congresso e nas ágoras do poder brasileiro. E isso complica a luta contra o abuso, contra a violência sexual em crianças e adolescentes. Pode, invariavelmente, confundir a mensagem. Me apavorei. Mas também me encantei. Talvez um bom público-alvo para esta obra seja exatamente o de pessoas com um hiato etário, evitando-se pessoas dos 12 aos 18 anos, trabalhando-se as pontas para melhorar a compreensão no meio – e não por causa do texto trabalhado de forma excelente pelos autores, mas pela conjuntura da nossa atualidade. E pais e mães – sozinhos – também precisam acessar essas metáforas, também precisam se identificar nos papeis da mãe, da vovó e, sim, do lobo. E devem consumir arte. O Projeto GOMPA fez um trabalho impecável. De atuação e narrativa, de composições com um minimalismo de cenário que enchem o palco – e de um trabalho de luz e sombras fenomenal. Envolve a plateia, pega o palco italiano, de contemplação, e joga na vivência, traz a dança e a singeleza de movimentos concatenados que transformam um aparato de metal em casa, cozinha e covil. Próxima vez que aparecer por aí, não perca! Texto: Gustavo Türck / Fotos: divulgação (capa) e Têmis Nicolaidis (internas) A apresentação dessa segunda-feira, 15 de julho, fez parte do 3º FESTECRI (Festival de Teatro para Crianças). Sinopse:Vencedor de 24 prêmios e com mais de 65 indicações, incluindo o Troféu CENYM 2019, pela primeira vez no Brasil é encenado o texto Chapeuzinho Vermelho de Joël Pommerat, um dos nomes mais relevantes da dramaturgia contemporânea mundial. Com linguagem híbrida, que mescla teatro, dança e música, o espetáculo dirigido por Camila Bauer é uma experiência que encanta crianças e adultos, com uma proposta de distintas camadas de percepção. O texto de Joël Pommerat, reconhecido por suas narrativas líricas e instigantes que, nesta obra, traz à tona uma espécie de “iniciação ao medo”, como o autor mesmo define, em que a criança se depara com os riscos e, ao mesmo tempo, o fascínio pelo desconhecido representado pela estrada – ou, metaforicamente, a própria passagem da vida infantil à adulta. Classificação etária: 7 anosDuração: 55 minutos EquipeTexto: Joël PommeratTradução: Giovana SoarDireção: Camila BauerElenco: Fabiane Severo, Guilherme Ferrêra, Henrique Gonçalves e Laura HickmannDireção coreográfica: Carlota AlbuquerqueComposição e desenho sonoro: Álvaro RosaCostaPreparação vocal: Luciana KieferCenografia: Élcio RossiniFigurino: Daniel LionIluminação: Thais AndradeMaquiagem: Luana ZinnCriação e confecção de máscara: Diego SteffaniCriação e confecção de gobos: Pedro LunarisIdentidade visual: Jéssica BarbosaFotografias: Adriana MarchioriTeasers: Camino FilmesPsicólogos colaboradores: Sahaj, Camila Noguez e Pedro LunarisProdução: Projeto Gompa e Rococó Produções Artísticas e CulturaisRealização: Projeto GOMPA

1° episódio do Talk Exu foi ao ar!

No dia 14 de junho, à medida que as coisas voltavam a uma pequena e egoística normalidade em Porto Alegre – como a circulação e a vontade de socializar -, foi ao ar o primeiro episódio de um projeto de talk show do Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre. Este, um projeto incipiente, fruto de uma necessidade de se conversar sobre a cultura popular que circunda ao Coletivo e que, com um tempo de desenvolvimento, pode certamente vir a expandir seus horizontes. Esta edição de estreia, todo produzido dentro do Espaço Cultural Maria Maria, na Comuna do Arvoredo, Centro HIstórico de Porto Algre, se estruturou sobre as experiências da atriz e produtora cultural Lorena Sánchez (@lola_produtora e @loresanchez_apa) e a banda Musical Talismã (facebook.com/musicaltalisma70 e @musicaltalisma70) – foi possível conferir excertos do espetáculo em monólogo Língua Lâmina, sobre a vida e obra de Gilka Machado, e um som da Música Popular Brega Brasileira, além das histórias de como esses artistas desenvolvem seus trabalhos, a reflexão sobre o impacto das enchentes no RS na cultura e como se pretende continuar neste contexto. O segundo episódio já está em produção, mas como é um trabalho realizado todo com recursos próprios do Coletivo Catarse, ainda não há como ocorrer com periodicidade fixa – a proposta do #02 é acontecer em agosto. Aguarde! Enquanto isso, assista a este primeiro e confira aqui na galeria (fotos de Giulia Sichelero) alguns dos momentos dessa bela noite de estreia.

Vasalisa expandida

Desde fevereiro deste ano a intervenção artística “Vasalisa, A Sabida” vem sendo pensada, pesquisada ,gravada, costurada, pintada, enfim, gestada. Numa linguagem híbrida que envolve contação de histórias, teatro de bonecos, objetos e performance. Trabalha o áudio na perspectiva de suporte expandido, apontando possibilidades estéticas para além da performance ao vivo. O que virá expande e se desdobra, reverbera. “A cada bifurcação da estrada, Vasalisa enfiava a mão no bolso e consultava a boneca. “Bem, eu devo ir para a esquerda ou para direita?” A boneca respondia “Sim”, “Não”, “Para esse lado” ou “Para aquele lado”. E Vasalisa dava à boneca um pouco de pão enquanto ia caminhando, seguindo o que sentia estar emanando da boneca”. A versão utilizada como base à obra foi retirada do livro de Clarissa Pinkola Estés – “Mulheres que correm com os lobos”. Amplamente divulgado e desde seu lançamento, em 2018, serviu e ainda serve como referência para mulheres aprofundarem as reflexões em torno da natureza instintiva da mulher a partir de 19 mitos, lendas e contos de fada pesquisados e minuciosamente analisados pela autora analista junguiana. Porém, este conto, originalmente russo, foi trazido por Aleksandr Afanasev que “foi o maior folclorista russo de sua época (1826-1871) e o primeiro a recolher e editar contos de tradição eslava que haviam sido perdidos, no decorrer dos séculos. Afanasev realizou um duro trabalho de recompilação, uma vez que os contos eslavos, assim como os celtas irlandeses, não estavam, até então, escritos, sendo exclusivamente de tradição oral”. Fonte: eraumavezoutravez.com. Vasalisa, é um conto que aborda a história da transmissão do poder da intuição das mulheres, de geração em geração. Assim como Vasalisa, @lineaferraz_atriz e @temis.nicolaidis, se encontram desbravando caminhos guiadas pela intuição mas, também, bem conscientes da pesquisa e da técnica necessárias para contar uma boa história. Essa obra multilinguagem toma forma nas mãos das artistas Aline Ferraz e Têmis Nicolaidis. O projeto é uma realização do Ponto de Cultura Ventre Livre e da @projetamatricentrica.

Faces de Eva

O “Faces de Eva” é uma instalação de teatro musical, que está em sua 2a montagem. Este trabalho, tem sua criação livremente inspirada no musical “Evita”, e explora os caminhos por onde mulheres exerceram o poder, em suas épocas e com seus talentos e convicções. Estas mulheres “Evas”, que surpreendem a todo o instante, conquistando diferentes espaços e com isto, reescrevendo uma história, escrita por um olhar masculino e machista. O TMA é um coletivo que possui como processo de criação, a pesquisa e o estudo das situações, identificando e explorando os fatos encobertos por narrativas de histórias oficiais. “Faces de Eva” traz texto, canto e movimentos, que poeticamente mostram Evas repensadas e desconstruídas. Nominado de instalação, este trabalho explora diferentes espaços, na busca de diferentes ângulos de visão para o espectador e variantes de percepção por proximidade e movimento com a plateia. Os ensaios estão acontecendo no salão da Comuna do Arvoredo e tem uma pré-estreia marcada para agosto no espaço Força e Luz. Acompanhe pelas redes: Montagem: TMA PRODUÇÕES (@tmacriacaoemontagem)Co-produção: Coletivo Catarse e Ponto de Cultura Ventre Livre (@coletivoctarase)Apoio: Comuna do Arvoredo (@comuna_do_arvoredo)Direção: Raul Voges (@raulvoges)Assistência de Direção e produção: Têmis Nicolaidis (@temis.nicolaidis) Pesquisa: Elenco TMA Coletivo e Escola Elenco:Cristine Patane (@cristinepatane)Fabíola Barreto (@fabirbarreto)Gabi Walenciuk (@gabiwalenciuk)Guilherme Fraga (@guillermefraga)Ighor Pozzer (@ighorpozzer)Raul Voges (@raulvoges)

Vem aí o Talk Exu, o talk show do Coletivo Catarse

Dia 14/06, 20h, no canal do Youtube do Coletivo Catarse – com Musical Talismã e Lorena Sánchez. Direto do Espaço Cultural Maria Maria – situado na Comuna do Arvoredo, na Rua Fernando Machado, 464 (Quer ser público? É só chegar!). Esta é uma proposta de projeto. Uma ideia que quase emplacou num edital do Fumproarte, já sendo uma derivação de outras iniciativas que o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre realizou ao longo dos últimos 5 anos, principalmente em tempos de pandemia. Pois o Talk Exu vem a se concretizar em um momento complexo para a arte e a cultura popular da cidade de Porto Alegre. Vai servir, num primeiro momento, para divulgar e conversar com artistas que foram atingidos pela parada no cenário cultural – pelo desastre das enchentes -, mas, também, para abrir os caminhos de um novo canal de produção do Coletivo Catarse, que comemora, dentro do possível, neste ano, 20 anos de existência. A escolha pela banda Musical Talismã e pela performance de Lorena Sánchez, com excertos da peça Língua Lâmina, para estreiar o talk show se deu também porque, para além de ambos terem sofrido com cancelamentos de apresentações suas, são simplesmente “artistas da casa” – amigos, parceiros e integrantes do Coletivo – e com uma bela caminhada na cultura popular da capital dos gaúchos. MUSICAL TALISMÃ Sabe aquela música que você tem guardada no cantinho do seu coração? Uma memória que vem junto com um chiadinho de rádio AM e que, se puxar por um fiapo, vem toda a letra e melodia? O Musical Talismã foi criado para trazer à tona essas lembranças, como se encontrássemos roupas antigas em um brechó, que longe de serem conservadoras, lembrassem-nos de antigos afetos, risadas e, por que não, reflexões. A banda é um tributo à Música Popular Brega Brasileira, que fazia sucesso nas rádios, vendia muitos LPs e permitia que as gravadoras pudessem investir nos artistas que hoje são considerados a “nata” da MPB. Álvaro Balaca (vocal) e Marcelo Cougo (Baixo e Violão) se juntaram a Rodrigo Rodrigowski (Guitarra e Violão 12) e Ale Souza (Bateria) e tiraram desse brechó musical obras dos anos 60, 70 e 80 e as transformaram, com roupagens despojadas, em músicas atuais. (facebook.com/musicaltalisma70 e @musicaltalisma70) LORENA SÁNCHEZ Língua Lâmina é um espetáculo lítero-teatral em formato de monólogo que homenageia a poeta Gilka Machado (1893-1980),“a primeira mulher nua da literatura brasileira”, grande pioneira da literatura erótica brasileira, que foi sufocada, criticada e incompreendida pelos preconceitos da sociedade de seu tempo. Em cena, a atriz Lorena Sánchez dá movimento às palavras e verbaliza cada gesto, apresentando fatos marcantes da vida da escritora, ao mesmo tempo em que sua obra vai permeando cada momento. (@lola_produtora e @loresanchez_apa) E a seleção pela figura da entidade Exu… Vai no nome e estará também nas paredes do “estúdio” montado no Espaço Cultural Maria Maria, vem da ligação que esta força da natureza tem com os processos de comunicação, é o Orixá da comunicação e da linguagem, que atua como mensageiro entre os seres humanos e as divindades. O artista plástico Paulo Montiel, que foi residente no Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre, quando era sediado na Vila Jardim, infelizmente falecido recentemente, deixou um acervo de telas pintadas a óleo com motivos dos Orixás – quadros que seguem, hoje, a história do Ventre Livre e ilustram a ligação do Coletivo Catarse com mais este aspecto da cultura popular brasileira.

CANCELADO! FORÇA, PORTO ALEGRE! *CULTURA na Rua #02, comemorando o 1° de maio com as trabalhadoras e trabalhadores da cultura

EVENTO CANCELADO, AGUARDE NOVA DATA. No dia 4 de maio, um sábado, a partir das 17h, a Rua Fernando Machado, na altura do número 464, Comuna do Arvoredo, vai receber mais uma edição de uma atividade promovida em parceria com o Espaço Cultural Maria Maria e o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre. As calçadas das 3 casas da Comuna serão ocupadas com estrutura de som, mesas, feira, antiquário e, ainda, uma apresentação de teatro na rua – já a chamada Garajona do Casarão será montada como uma clássica discoteca. Às 18:30, inicia a apresentação “Língua Lâmina – fragmentos”, um espetáculo lítero-teatral em formato de monólogo que homenageia a poeta Gilka Machado (1893-1980), “a primeira mulher nua da literatura brasileira”, grande pioneira, uma autora sufocada, criticada e incompreendida pelos preconceitos da sociedade de seu tempo. Em cena, a atriz Lorena Sánchez (@loresanchez_apa) dá movimento às palavras e verbaliza cada gesto, apresentando fatos marcantes da vida da escritora, ao mesmo tempo em que sua obra vai permeando cada momento. “Desde tempos imemoriais, as mulheres têm enfrentado uma batalha incansável por reconhecimento, por voz, por espaço. É como se a história tivesse sido escrita com uma tinta invisível para nós, obscurecendo nossas contribuições, nossas vozes, nossas vidas. Mas nós, mulheres, não nos resignamos ao silêncio. Muitas se ergueram das sombras e das críticas e fizeram da palavra uma arma, da escrita um escudo. Gilka é dessas pessoas que desafiaram essa realidade, e esta obra é uma tentativa de trazer à luz sua essência, sua luta, seus sentimentos. É um convite para uma experiência sensorial, onde cada palavra, cada movimento, cada projeção nos convida a mergulhar no universo de uma mulher que desafiou as convenções de seu tempo.” – é o que explica Lorena. Terminando o teatro, as atenções devem se voltar para a parte interna, para a Garajona, com DJ Piá (@piaprodutor) em suas pick-ups trazendo só os clássicos do RAP, original funk, soul, reggae, rock e som Brasil. Um presente para um público que andou pelas casas noturnas de Porto Alegre nos anos 2000/2010. Piá, por si só, já é uma atração nostálgica, pois fez sua história de vivências na cultura popular desde 1984, sendo um dos clássicos DJs da tão aclamada Rádio Ipanema FM 94.9 por 17 anos – além de muitas outras atividades, incluindo recentemente as Oficinas de Discotecagem Hip Hop no próprio espaço do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre. São duas atrações que devem movimentar quem se fizer presente na calçada, nas mesas que estarão por ali, ou quem estiver conferindo a feira de artesanato da FESPOPE (@loja_fespope) – Fórum de Mulheres Negras na Economia Popular e Solidária, composto por mulheres negras empreendedoras e ativistas de movimentos sociais – e, também, o antiquário Ao Belchior (@carmenantiguidades) – tradicional casa de antiguidades, funcionando desde 1930 na cidade, hoje com sede na Comuna do Arvoredo (@comuna_do_arvoredo). Haverá ainda os petiscos das Marias, da Kyzzy Rodrigues (@kyzzyrodrigues), Pão da Comuna, entre outros. “A gente teve um movimento muito legal no nosso primeiro evento do CULTURA na Rua. Comemoramos 1 ano que nos integramos neste espaço da Comuna, e é um prazer receber e trabalhar com um grupo que pensa de uma forma diferenciada, que são todos os envolvidos nesta função. Seja por conta dos coletivos que habitam e se apoiam, seja pelo público que busca algo acolhedor e político. Estamos ansiosas e esperando a todos no dia 4 para celebrar conosco!” – convida Márcia Tolfo, uma das idealizadoras do Espaço Cultural Maria Maria (@mariamariaespacocultural). Toda esta proposta da CULTURA na Rua, além de ser uma atividade conjunta, de muitas parcerias de realizações, integra programação dos 20 anos do Coletivo Catarse. “A Catarse sempre foi boa de festa! Basta ver o nome escolhido para batizar a cooperativa para se perceber o quanto estar junto, coletivamente celebrando, é importante na nossa trajetória. Mas, depois que nos mudamos para a Comuna do Arvoredo – e ainda mais com a chegada das Marias -, a coisa ficou séria! Também, são 20 anos para serem comemorados, revividos, afirmados e sustentados para os próximos anos. E uma parte dessa vivência estará conosco no dia 4 de maio, celebrando as trabalhadoras e trabalhadores do mundo. O teatro na rua e a cultura Hip Hop se encontram com a cultura de luta das mulheres negras da Economia Solidária, se espraiando pela charmosa Fernando Machado, de tantas histórias. Bem, cá estaremos nós montando equipamentos de som e luz, trabalhando com firmeza e alegria para que tudo corra da melhor maneira possível e deixar mais uma marca na história dessa rua e do Centro de Porto Alegre. Se Nietzsche disse não acreditar em um deus que não dance, nós só cremos na luta quando ela se movimenta, dança, ocupando espaços, se relaciona com outras pessoas, outras lutas, outras maneiras de ver e estar no mundo. Desse modo, neste ano, já fizemos e faremos muitos eventos para encontrar para ouvir e contar histórias, dançar e sonhar, pois, na segunda-feira, tudo começa de novo!” – Marcelo Cougo, músico e produtor cultural, um dos integrantes do Coletivo Catarse. E, para finalizar, a data também vai marcar um (re)lançamento oficial pelo Coletivo Catarse do seu (novo!) site – que esteve inativo por um bom hiato durante a pandemia e que já vem sendo reconstituído no último período como um local que, além de contar com as atualizações das ações da cooperativa e do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre, está em plena organização de um acervo de duas décadas de materiais produzidos, disponibilizando para acesso irrestrito e pesquisas um compêndio de produções das mais variadas. É o que se está denominando Ponto de Memória Catarse – um projeto com apoio da ONG Witness Brasil, realizado em plataforma livre, com a tecnologia Tainacan. Acessa lá e explora bem todo o nosso conteúdo! https://coletivocatarse.com.br CULTURA na Rua #02 Programação:Os trabalhos se iniciam às 17h com os Comes & Bebes das Marias, da Kyzzy Rodrigues, Pão da Comuna, Feira da Loja do …

A arte viva de Ubiratan Carlos Gomes

Pontos de memória são lugares que abrigam de forma prática aquilo que forma a a cultura e a história de um povo. Pode ser um museu, uma biblioteca, um ponto de cultura, uma acervo de imagens da televisão ou um site, entre muitas outras coisas. Dito isso vamos ao causo: Ubiratan Carlos Gomes, o Bira do Anima Sonhos, participou semana dessas do Cantos do Sul da Terra, programa comandado por Demétrio Xavier na nossa (Sempre nossa!!!) TVE, TV pública do Rio Grande do Sul. Pois esse foi o ponto de partida para que algumas memórias viessem à tona. Depois do programa algumas pessoas nos procuraram, (Coletivo Catarse) para perguntar do Bira. Queriam mandar lembranças, falar de antigamente, contar e saber como iam as coisas. Uma dessas pessoas foi o Gilmar, de São Jacob, lugar que fica entre São Marcos e Vacaria, na Serra riograndense. Pois Gilmar nos procurou para enviar um vídeo bastante rico de uma apresentação do Anima Sonhos durante a festa de seu casamento (do Gilmar), em 1991. Gravado em fita guardada desde então, há pouco tempo foi digitalizada e subida para o Youtube há bem pouco tempo. Um registro raro e importante com os gêmeos ainda formatando seus clássicos bonequeiros. É importante registrar que esse contato só foi possível por termos mantido um site onde está guardada uma parte da trajetória do Bira e do Anima, www.ubiratancarlosgomes.com.br. Através desse site foi feito o contato que foi desperto pelas imagens do programa da TVE. Uma cadeia de agentes trabalhando a memória de um lugar, um trabalho financiado em boa parte por recursos públicos. Desse modo, agora, além do canal do Gilmar na rede social também vai estar, o vídeo, no site do Bira. Ponto pra memória!

A Viagem de Jacinto

Nos dias 27, 28 e 29 de abril, o Ponto de Cultura Espaço de Residência Artística Vale Arvoredo (@vale.arvoredo) foi transformado no set de filmagem para a produção da minisérie A Viagem de Jacinto. Não é a primeira vez que o Clube da Sombra (@clubedasombra), realizador deste projeto, em parceria com o Coletivo Catarse e Vale Arvoredo, se juntam para fazer arte em Morro Reuter. No ano de 2021 o set foi para o projeto Criaturas da Literatura Em Movimento (com financiamento do Fundo de Apoio à Cultura do RS), que resultou em 6 curtas-metragens com a linguagem do teatro de sombras como principal protagonista para contar 6 histórias clássicas da literatura universal. Nesta nova empreitada, A Viagem de Jacinto ainda conta com mais dois parceiros importantes: Cia Pájaro Negro e Pablo Longo (@pajaronegro.sombras e @pablongol) – Mendonza – AR e Box23filmes (@box23filmes) – Dois Irmãos-RS. A minisérie terá estreia ainda este ano, por enquanto, acompanhe os bastidores desta jornada. Sobre o projeto:A Viagem de Jacinto é um projeto de minisérie ficcional que narra a história de duas crianças que vivem na zona rural e, em uma noite, brincando com uma lanterna, disparam um facho de luz para o céu escuro. Essa luz, antes de viajar pelo espaço, ilumina um boneco de papelão chamado Jacinto, que os dois construíram para brincar com teatro de sombras. Nesse instante em que Jacinto é iluminado, uma grande ideia surge na imaginação dessas duas crianças, abrindo um universo novo de dúvidas e descobertas onde a ciência e a imaginação se juntam para formar imagens surpreendentes. Jacinto está viajando na velocidade da luz pelo espaço. Mas e a sombra de Jacinto, está viajando junto? Onde estará esse nosso personagem? Conforme o tempo passa, Jacinto segue sua a aventura espacial, enquanto as crianças crescem, tornam-se adultos para finalmente descobrirem onde Jacinto está. Numa produção @clubedasombra, em parceira com @pajaronegro.sombras, @coletivocatarse, @box23filmes e Ponto de Cultura @vale.arvoredo e financiamento pela @leipaulogustavo no município de Dois irmãos (@prefeituradoisirmaos / @doisirmaos_cul_tur), A Viagem de Jacinto sai do papel e encontra este grupo de realizadores dispostos a embarcar na mesma viagem.

Teatro é grupo – Estreia de Ed Mort no Museu do trabalho

Texto: Andressa CorrêaFotos: Gustavo Türck No dia 16/12 o espetáculo Ed Mort, da oficina infantil da Yeshe Cultural (@yeshecultural) estreou no Teatro do Museu do Trabalho (@museudotrabalho) para cerca de 100 pessoas. Ed Mort – adaptação do texto de Luiz Fernando Veríssimo cheio de deboche e mistério. O TEATRO se fez presente – uma arte coletiva, feita por uma coletividade diversa de crianças e por coletivos muito especiais. Com ela o Yeshe Cultural cumpriu sua aspiração do ENCONTRO, em tempos de desconexões conectadas, o encontro é pedra preciosa, o fazer teatro se faz preciosidade. O que fizemos? Primeiro, um GRUPO de crianças mega talentosas e especiais, de mães parceiras, de diferenças! Uma jornada nada fácil, de tapas e beijos, mas tão verdadeira, tão verdadeira, que nenhuma criança titubeou, quis desistir. Só somamos nesse ano, não tivemos nenhuma desistência e acho isso incrível! Elas estavam sempre lá, ansiosas pra se ver, pra lanchar juntas, ansiosas pra fazer as cenas acontecerem. Segundo, uma PROFESSORA que tinha escolhido uma peça difícil, uma professora que adora marcar cena, que é meio chata, mas que propicia DR’s, o compartilhar da vida entre eles, e que ACREDITA neles. Foi difícil de fazer, mas tão bonito de se ver! A alegria e a força deles no dia… ahhh… ver eles orgulhosos, respondendo as perguntas do públicos… que delícia! Terceiro, uma EQUIPE brilhante: agradeço ao Coletivo Catarse / Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre (@coletivocatarse) que apoia sempre as “águas que correm entre os trilhos” na busca por uma mundo mais justo e presente e vem apoiando o Yeshe Cultural desde o seu nascimento com as tecnologias, com as pessoas, com a troca de ideias; agradeço em especial a Têmis Nicolaidis (@temis.nicolaidis) que criou a cena maravilhosa de sombras que tínhamos no espetáculo, apoiou na técnica, sentiu calor com a gente; a Comuna do Arvoredo (@comuna_do_arvoredo) esse centro cultural, moradia coletiva, lugar de gestão de outros mundos possíveis que acolhe e torce pela continuidade dessa oficina; agradeço ao palhaço Rê Amorim (@renatonapaz) que mandou ver nos bastidores com as crias; agradeço aos responsáveis que viram, olharam, apoiaram seus filhos para estarem lá, parabéns!

Preto, poético e político

O famoso “soco no estômago”.Para homens brancos em constante procura de sua identidade, sua história, se aberto às reflexões, o soco expõe as víceras.Foi assim que desenvolvi meus sentimentos ao assistir a “WOYZECK, PRETO-POÉTICO-POLÍTICO”.Descendente de alemães, portugueses… a peça era para mim. “Nós, europeus,” somos expostos de uma maneira maravilhosa – mesmo que eu não me considere isso – sou brasileiro! -, mas sou literalmente enquadrado, com muita razão, inclusive.É uma obra de narrativa que expõe a construção de uma parte bem significante do racismo estrutural que se vive hoje – centenas de anos depois. O positivismo de Augusto Comte, importado pelo republicanismo e que deu ares ufânicos ao gauchismo “histórico”, tradicional, está ali. A teoria do embranquecimento da população… Está ali! E… Você sabia que isso existiu?! (Detalhe: eu não conheço Woyzeck, não precisa conhecer Woyzeck, a história é a nossa).Um texto de autor levado ao palco, com a fibra de seus executores à mostra. Cenário minimalista, mas que se enche de luzes e sombras bem apresentadas. De atuações que precisam se destacar – e se destacam. A peça é uma obra que merece arenas lotadas – e as lágrimas que derrubei.Sempre é muito difícil trabalhar com as saídas da estória para a história, a quebra da chamada 4ª parede, o determinante que torna, na frente da plateia, o personagem em pessoa – e eles fazem isso muito bem! Como parte que se enquadra em toda uma narrativa adaptada ao nosso tempo/lugar.Meu subjetivismo branco, pequeno-burguês, estava contemplado no seu cutuco, que constantemente procuro manter. Mas é uma peça nova, uma obra em desenvolvimento – e isso também é lindo de enxergar. Quem consegue observar o espaço de evolução que existe ali, curte mais ainda a produção. Um trabalho de alma das atuações de Yannikson, Mayura Matos, Eduardo Arruda, Rita Réus, Felipe Fiorenza, Sílvia Duarte, Alexander Kleine e Anderson Gonçalves, da encenação de Eduardo Arruda e Mayura Matos, e da produção de Dirce Maria Orth, de Ponto de Cultura, proveniente de pequeno município, mas de grande visão. (ficha técnica completa ali abaixo) Meu racionalismo artístico quer ver a obra de novo, com 30 minutos a menos, com os personagens em dinâmicas mais afinadas de entradas e saídas e com o som de suas vozes não destacados para baixo do áudio mecânico, produzido – “pausa para o momento homem branco crítico de arte aqui”, meu lugar de fala. Mas quer saber?! Vale a pena já do jeito que está! Eu não sou referência de nada, a não ser da satisfação de meu próprio ego… Parabéns aos envolvidos. E sigam! Ficha TécnicaDramaturgia: Georg BüchnerAdaptação dramatúrgica: Eduardo ArrudaEncenação: Eduardo Arruda e Mayura MatosElenco: Yannikson, Mayura Matos, Eduardo Arruda, Rita Réus, Felipe Fiorenza, Sílvia Duarte, Alexander Kleine e Anderson GonçalvesDireção musical / trilha sonora original: Felipe FiorenzaFigurinos: Carmem Arruda e Eduardo ArrudaConfecção de figurinos: Carmem Arruda, Rita Oliveira e Eduardo ArrudaCenografia: Eduardo ArrudaInterpretação / teclado da trilha sonora: Adriano KleemannGravação e edição musical da trilha sonora: Marcello MelloCriação de luz: Leandro GassOperação de luz: Leandro Gass e Haik KhatchirianOperação de som: Aterna PessoaEdição musical e efeitos sonoros: Alexander KleineMaquiagem: CoadjuvantesComposição original música “Voz ancestral”: Grupo AfroentesEdição da música “Voz ancestral”: Mayura MatosConstrução do intonarumori: Silvio Germano WesterhoferComposição original da música “Violinos em delírio”: João Batista SchmidtTexto “Ária Yannikson”: YanniksonTexto “Ária Mayura”: Mayura MatosVoz da performance: Clélio CardosoMídias sociais: Kelvin Prudêncio e YanniksonFotografia: Dani ReisMaterial gráfico: Eduardo ArrudaProdução: Dirce Maria Orth, Eduardo Arruda e YanniksonAgradecimentos: Goethe-Institut Porto Alegre, CCBB, Fora da Asa – Experiências PluraisCo-realização: Goethe-Institut Porto AlegreRealização: Coadjuvantes Aqui o release da peça: TEMPORADA DE ESTREIA 🎭 Semana de estreia de Woyzeck: preto – poético – político! Trabalho de estudo e pesquisa do grupo Coadjuvantes nos últimos anos, o espetáculo terá suas primeiras apresentações no teatro do @goetheinstitut_portoalegre! Os ingressos já estão disponíveis pelo link (https://bit.ly/woyzeck-preto-poetico-politico) e também podem ser adquiridos com os integrantes do elenco. Reserve a data e garanta já o seu! SINOPSE:O espetáculo “Woyzeck: preto – poético – político” é uma criação contemporânea que traz, em sua temática principal, a história de Woyzeck: um homem preto submetido a diversas experimentações científicas, sociais e comportamentais. Questionador de sua natureza enquanto indivíduo e ser repleto de subjetividades, é ao lado de Marie que Woyzeck vai descobrir os limites das atrocidades humanas, vivenciando, na própria pele, os resquícios de um sistema que é continuamente alimentado para não estar ao seu favor. Nesta história, personagens como o Capitão, o Médico, o Tamboreiro e a Beata surgem como imponentes símbolos de manutenção do racismo e dos privilégios da branquitude na nossa sociedade. woyzeck #espetaculoteatral #projetobuchner #teatro