A palavra como faca

O machucado na carne e no espírito deve ter o direito de machucar com a palavra aquele que lhe infringi dor. Ou aquele que, sendo seu irmão pela natureza humana, se omite diante da tragédia dos seus e segue indiferente. Violentamente Pacífico é um video de Gabriel Teixeira realizado no Bairro da Paz (Periferia de Salvador-BA), entrevistando Ras Mc Léo Carlos, morador local. No youtube é apresentado como arte-educador, libertário, um homem que resiste com violência pacífica. Palavra que corta. Palavra que se mete carne a dentro das idéias, incomoda e, se não faz sangrar faz pensar:

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Um comentário

  1. Desde garota sempre fui refratária quanto aquela história que alguns (talvez mais puros que eu) argumentam de que devemos separar a “mensagem do mensageiro”. Pra mim uma mensagem está contida dentro de um contexto e nesse contexto o mensageiro é personagem principal e não um mero veículo.
    O que esse rapaz diz é fundamentalmente verdade, claro, mas não é uma verdade que prima pela originalidade dentro do seu meio. Torna-se um grande “lugar comum” dentro daqueles que fazem “hip-hop”, “rap” ou afins. É quase um mote. Um amontoado de palavras que muita embora lance suas flechas contra a Elite, faz inconscientemente o papel que essa própria Elite reserva ao “Protesto”.

    Esse é o tipo de Protesto que a Elite gosta. Um protesto emitido através de uma linguagem extremamente colonizada que, se traduzido para o inglês, pode muito bem ser de um negro ou “xicano” de Nova Yorque ou Los Angeles. Uma linguagem de gueto, reservado ao gueto e fadada a colonizar o gueto, mesmo que através de um suposto grito do oprimido. Um apanhado de manchetes de jornais entremeado de “broda” e “tá ligado?”.

    Posso parecer elitista, porém tenho uma opinião bastante sólida sobre essas coisas. A “virulência”, o “protesto”, a “indignação” do “hip-hop” dos “brodas” paulistas e do Funk carioca, tem como propósito único a perda da identidade e restringir esses protestos ao próprio gueto. Tipo, fiquem aí reclamando, esperneando, pois nessa forma não haverá ressonância em outros segmentos sociais. Pratiquem o “jus isperneandi” e que fique por isso mesmo.

    Não vejo tanta relevância no MC Leo, porém como diziam Darcy e Brizola ser o “PT a Esquerda que a Direita gosta”, esse é o tipo de Protesto que as Elites adoram.

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