Os pequenos agricultores não fazem publicidade milionária na mídia. Talvez seja por isso que os grandes veículos de comunicação só tenham olhos pra enxergar e palavras pra defender os interesses de seus anunciantes, as grandes empresas do agronegócio.
Em Porto Alegre, até amanhã, está acontecendo a Brasil Rural Contemporâneo – Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária. Ali no Cais do Porto. Vá até lá, converse com os agricultores, conheça quem de fato põe as mãos na terra para plantar comida e semear dignidade.
No Brasil, a agricultura feita em pequenos lotes, por agricultores que se organizam em família é responsável por: 70% do feijão; 34% do arroz; 87% da mandioca; 46% do milho; 38% do café; 58% do leite; 50% de aves; 59% de suínos.
No Rio Grande do Sul são 378,5 mil unidades familiares, o que equivale a 86% dos estabelecimentos rurais e a 54% do valor bruto da produção gaúcha. Estes pequenos estabelecimentos são também responsáveis por 81% das pessoas ocupadas no meio rural.
É POR ISSO, QUE APOIAR A REFORMA AGRÁRIA É AJUDAR O BRASIL A SE DESENVOLVER, É CONDIÇÃO PARA QUE TENHAMOS UMA SOCIEDADE MENOS DESIGUAL.
Acesse o site da Feira clicando aqui.
*******
PELA SOLIDARIEDADE E PELA FELICIDADE, IGUALDADE.
por Cris Rodrigues do Somos Andando.
Às vezes a gente liga no automático e só vai. Pra mim, defender a agricultura familiar e a reforma agrária é uma coisa óbvia. Claro, por causa dos benefícios sociais que trazem, que os números do último post comprovam e coisa e tal. Mas qual o sentido disso? O que faz esses números, esses benefícios, deixarem de ser apenas informações e se tornarem de fato relevantes?
Durante o show do Teatro Mágico – especialmente quando o palco foi dividido com Pedro Munhoz e que uma faixa produzida por diversos movimentos foi levada ao palco -, a vibração, as palavras, a sensação… Era tudo tão forte, a emoção tão grande e veio uma luz, uma coisa que dizia que a palavra por trás disso tudo é solidariedade. Tá, não foi a primeira vez que cheguei a essa conclusão, mas é que a rotina é tão cruel que às vezes nos impede de sentir o tanto que deveríamos.
Agricultura familiar faz sentido porque as pessoas vivem melhor. Reforma agrária é boa porque é justa. Porque não tem um motivo racional, uma razão lógica que explique que uma pessoa tenha milhares de hectares de terra pra plantar produtos pra vender e nem ver o dinheiro enquanto outra batalha a vida inteira e não consegue ir longe. Não porque não é capaz, mas porque não nasceu no mesmo lugar, não veio da mesma barriga, não teve as mesmas chances.
Por isso, o Movimento dos Sem Terra defende terra para todos. O Teatro Mágico defende cultura para todos. Mulheres lutam para ter as mesmas condições que os homens. Tantas lutas. Luta. Palavra que lembra briga, guerra. Por que devemos lutar para conseguir o que seria tão natural?
Foi nesse espírito que um dia disseram que todos somos iguais. E isso não significa que a lei vale da mesma forma para todos, mas que temos todos o mesmo valor, devemos ter os mesmos direitos e oportunidades e a mesma condição de manter uma vida digna. E feliz.
Mais do que solidariedade, do que compaixão, do que amor ao próximo – todos esses lemas que a igreja roubou mas que são muito mais transcendentes, muito mais profundos e verdadeiros quando pensados por eles mesmos, sem deus nenhum por trás -, o sentido de tudo isso é a felicidade. Que todos tenham o mesmo direito a ela.