Posição política do MST-RS sobre o desligamento de alguns militantes
O MST está preparando o seu VI congresso, e como preparativo esta realizando um profundo debate sobre a natureza do desenvolvimento do capitalismo no campo, sobre o estado brasileiro, sobre a sociedade brasileira. Sobre a nossa estratégia e sobre as nossas táticas em busca da realização da reforma agrária popular e a forma organizativa adequada para dar conta de conduzir o movimento.
Nessa semana, o MST gaúcho, realizou reunião ampliada da sua direção estadual para também dar seguimento ao processo preparatório ao VI congresso. Nela fomos comunicados do afastamento de um agrupamento de militantes, parte deles com inserção de base e outra parte com atuação na esfera administrativa e jurídica.
Já há algum tempo, era notada a insatisfação desses militantes quanto as orientações políticas que conduzem o nosso movimento. Ainda que respeitamos a decisão da saída não concordamos com o conteúdo político que embasou e muito menos sobre o método escolhido.
Este desligamento é expressão do processo de encruzilhada histórica em que se encontra a esquerda brasileira e a militância social, que verifica adesão inconteste e acrítica ao novo ciclo de desenvolvimento capitalista e à via institucional parlamentar e o completo abandono do trabalho popular e de organização do povo brasileiro e da classe trabalhadora. Nesta crise de rumos, transformar companheiros em inimigos, conduzindo para o fracionamento, é o caminho mais fácil do que zelar pelo debate político e pela unidade das forças populares. Não será a primeira e nem a última vez que veremos isso na história da classe trabalhadora brasileira.
Reafirmamos que o MST é um movimento camponês, que tem em sua estratégia a luta pela reforma agrária, que nessa quadra histórica adquire uma característica popular. Sendo um programa de transição que nos ajude a acumular forças em vista do nosso fortalecimento na luta de classes compreendendo que a sua realização requer uma força social ampla, para além do nosso movimento, com autonomia política, mas com capacidade de dialogar com a sociedade e de se relacionar com as várias dimensões da institucionalidade brasileira.
Reconhecemos e somos gratos pela contribuição desses militantes ao nosso movimento e certamente sentiremos as ausências, mas, no entanto, seguiremos com o MST tratando de construí-lo como um movimento popular e de massas sendo fiel aos seus objetivos estratégicos de lutar pela terra, pela reforma agrária e pela transformação da sociedade brasileira.
Viamão, 24 de novembro de 2011.
Direção Estadual do MST-RS
A Carta de saída dos militantes você pode ler aqui.