De volta às ruas

[Jornalismo B]

Reunido em assembleia na noite desta segunda-feira (26), o Bloco de Lutas pelo Transporte Público decidiu retomar as mobilizações em Porto Alegre. O primeiro protesto do Bloco em 2015 foi marcado para o dia 5 de fevereiro, uma quinta-feira. O ato terá um trajeto semelhante ao que vinha sendo feito desde a constituição do Bloco, mas a assembleia reforçou a necessidade de, a partir daí, intensificar a descentralização das atividades de mobilização.

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Depois de desagregar-se por alguns meses – desde o meio de 2014 o Bloco de Lutas não promovia assembleias ou atos – conversas entre ativistas nas últimas semanas levaram à percepção de que era preciso tentar a rearticulação do Bloco. Nos últimos meses, foram as ocupações de terrenos urbanos, com pouca ou nenhuma participação do Bloco em si – embora com atuação de grupos políticos ali presentes – que estiveram à frente das lutas populares na capital gaúcha.

Agora, avizinha-se um novo aumento no valor das passagens do transporte coletivo municipal, e a avaliação é de que a mobilização não pode começar tarde demais. Assim, da mesma forma como tem acontecido em outras cidades do país – especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro – o movimento – ou grupo de movimentos – que protagonizou a onda de protestos na cidade em 2013 volta às atividades após os difíceis embates ocorridos durante a Copa do Mundo de 2014. Com esse cenário, uma assembleia do Bloco de Lutas foi marcada para esta segunda, e levou mais entre duzentos e trezentos ativistas de cerca de 20 organizações à sede do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre.

A assembleia durou cerca de duas horas, sob forte calor, e teve desde falas sobre a conjuntura nacional e internacional até apontamentos sobre possíveis novos rumos para as ações do Bloco. Entre referências à vitória do Syriza na Grécia, aos protestos por várias cidades do Brasil contra o aumento das passagens e à necessidade de o Bloco pensar sobre o que tem feito de errado nas últimas etapas de luta, destacou-se a importância de descentralizar as mobilizações e atividades, reiterada por diversos ativistas e organizações. Mesmo assim, a maioria entendeu que a hora é de reorganização, e mudanças mais profundas nas estratégias do Bloco devem ficar para um segundo momento.

Calendário de lutas: “Bloco na rua contra o aumento da passagem”

Sem grandes discordâncias, apesar de algumas propostas diferentes, o primeiro ato de 2015 terá trajeto semelhante às mais arraigadas tradições do Bloco de Lutas, com concentração na Prefeitura de Porto Alegre às 17h do dia 5 de fevereiro, caminhando pelo Centro até encerrar a marcha no Largo Zumbi dos Palmares. O protesto terá como mote “Bloco na rua contra o aumento da passagem”. Além disso, ficou marcada uma panfletagem para a quinta-feira desta semana, dia 29 de janeiro, no Terminal Parobé, também no Centro.

Ainda antes do ato, se reunirão as Comissões do Bloco, também precisando rearticular-se neste início de ano. A próxima assembleia já ficou marcada para o dia 9, ainda sem local ou hora definidos. Será nessa próxima assembleia, como primeiro ponto de pauta, o debate sobre a necessidade de descentralização das atividades e sobre a ideia de realização de um grande seminário sobre transporte público, outra proposta surgida no encontro desta segunda. Também surgiu como uma proposta a ser debatida na sequência a ampliação das pautas tratadas pelo Bloco para que abarquem o conjunto das lutas dos “de baixo” em Porto Alegre, a começar por uma aproximação com os rodoviários da cidade.

Participaram da assembleia todas as organizações que já integram o Bloco desde a expulsão do PT, ainda em 2013, o que inclui anarquistas da Federação Anarquista Gaúcha e da Frente Autônoma, correntes e coletivos ligados ao PSOL (Vamos à Luta, Alicerce, Juntos, Barricadas Abrem Caminhos), o PSTU (também representado como Anel), o PCB (representado pela UJC), a Construção Socialista, a Refundação Comunista, a Frente Quilombola, o Levante Popular da Juventude, a organização A Marighella, o PCR, o Movimento da População de Rua, a Resistência Popular, a Intersindical, além de sindicatos como o Simpa, diversas outras entidades, organizações e coletivos de esquerda e ativistas independentes.

Alexandre Haubrich

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