Pelo direito de ficar em casa


Centenas de moradores das vilas Gaúcha, Figueira, Padre Cacique, Ecológica e União Santa Tereza foram pra rua hoje pela manhã, manifestar contra o projeto do governo do estado que quer despejá-los de casa. Todas essas comunidades serão prejudicadas pela venda da área da FASE (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo), na avenida Padre Cacique, em Porto Alegre.


Nádia, uma das lideranças, explica que a instituição fez, na década de 70, usucapião da área em que estão 2.000 famílias. Muitos foram pra lá ainda na década de 30. Seu pai, funcionário da antiga FEBEM, se fixou no local em 1958. Antigamente era comum que trabalhadores residissem nos terrenos anexos às instituições públicas. Agora, o governo de Yeda Crusius quer negociar a área com investidores imobiliários sem considerar as pessoas que vivem lá. Nenhuma menção a eles foi feita no projeto de venda enviado a Assembléia.


Neri, vice-presidente da Associação de Moradores da Vila Gaúcha, diz que o real motivo do governo querer vender o terreno é a especulação imobiliária. A área é grande e fica em uma zona nobre e que receberá pesados investimentos para a Copa do Mundo de 2014, portanto bastante visada por empreiteiras e construtoras.

O projeto do governo nem sequer aborda a situação dos moradores e o que será feito caso o terreno seja vendido. Os manifestantes seriam recebidos hoje numa audiência às 9h na Assembléia Legislativa.
Às 8h da manhã, em frente à Prefeitura de Porto Alegre, os moradores batucavam e cantavam pela permanência em suas próprias casas.

Em alguns momentos, dançando sua indignação na calçada, lembravam as mobilizações na África do Sul do apartheid.

Esta moradora levou fotos do cotidiano das comunidades.

Esta mulher sabe que não pode depender apenas dos homens pra encontrar justiça.

Esta outra dizia para a popualção que não tivessem medo. Só queriam ser ouvidos e permanecer onde sempre estiveram.

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