O projeto Tambor de Sopapo desenvolvido pelo Coletivo Catarse entrevistou Maria da Graça Amaral, que participou do projeto Cabobu e recebeu um dos quarenta sopapos produzidos pelo mestre Baptista. Maria da Graça esta concluindo o curso de serviço social e trabalha no acolhimento de estudantes estrangeiros provenientes dos países africanos de língua portuguesa, como Guiné Bissau, San Tomé e Principe, Moçambique e Angola, que procuram a Universidade de Rio Grande para estudar. Durante toda a faculdade pesquisou sobre o preconceito e a discriminação social sofridos pelos negros no sul do Brasil e que, segundo Graça, ainda existe.
Maria da Graça contou que esta Igreja da Nossa Senhora da Conceição dos Negros foi fundada por uma irmandade de escravos libertos para que pudessem rezar separado dos brancos. Explicou que esta irmandade se encontrava, por volta de 1808 no fundos da Igreja São Pedro, que é uma das igrejas mais antigas do Estado com 250 anos. Logo depois, em 1814 fundaram a igreja dos negros, com uma clara referência a OXUM, pois com a ditadura dos católicos, os africanos escravizados sincretizaram a deusa dos rios e cachoeiras em Nossa Senhora da Conceição, para que pudessem rezar e serem aceitos na sociedade.
Segundo Graça, a falta de referência aos escravos que criaram a irmandade que ajudou na construção da Igreja é devido a falta de conhecimento da comunidade sobre a sua própria história e que “quase ninguém sabe que ela foi fundada pelos negros”. Mesmo assim, sempre no dia 08 de dezembro, que é dia de Nossa Senhora da Conceição, acontece uma comemoração na cidade onde a comunidade do candomblé entra na igreja e faz suas oferendas a Oxum, que nada mais é do que a Nossa Senhora da Conceição dos negros.
Publicado por Sérgio Valentim
fotos Gustavo Turck e Leandro Anton