Emociona olhar para as pessoas pelo olhar do Walter Firmo. Fiquei parado em frente ao retrato: Cartola esparramado numa cadeira na calçada, Dona Zica na janela, o violão encostado na parede, junto à roseira. Deu vontade de abraçá-los.
Lembrei das músicas lindas, tiradas da alma, que saíram de calçadas como esta, em comunidades onde viveram também Pixinguinha, Clementina de Jesus, Madame Satã (ao lado), Mãe Olga do Alaketu, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, todos registrados por ele. Dá pra voltar nos anos, visitá-los. Larguei meus olhos pra se embriagarem pelos corredores. Fui seguindo, passo atrás do outro, como se visitasse a casa e o tempo de cada um. Viagem do olhar, cumplicidade da mente: transportei pra um lugar em que nunca estive, pra junto de pessoas que não conheci, mas também pras ruas da minha infância, tão belas, singelas, dramáticas e pobres, como as de muitas fotos da exposição Sem Nomes.
Está na Galeria dos Arcos da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, até o dia 13 de junho. As 77 imagens pertencem ao acervo do Museu Afro-Brasil, de São Paulo. Mas são a nossa história.