A história da água potável (The Story of Bottled Water)

Indicação de Jacques Saldanha, permanente colaborador do Coletivo, editor do site Nosso Futuro Roubado.

Dos mesmos produtores que “História das Coisas”
Lançado em março de 2010, o filme
The Story of Bottled Water explora ao longo de sete minutos os ataques da indústria de garrafas d’água sobre a água de torneira, bem como o uso de sedutoras campanhas publicitárias com motivos supostamente sustentáveis para encobrir as montanhas de lixo de plástico que produzem. Nos Estados Unidos, mais de meio bilhão de garrafas d’água são consumidas semanalmente. A conclusão do filme convida os espectadores a consumir água de torneira, não apenas assumindo um compromisso pessoal de evitar a água de garrafa, mas também cobrando investimentos que disponibilizem água de torneira potável para todos.


Visite o site o
ficial: https://storyofstuff.org/bottledwater/


Padrões de manipulação na grande imprensa: a inversão

Como filiados de carteirinha ao Centro de Estudos Comparados das Sacanagens da Mídia Corporativa, não poderíamos perder a oportunidade para relacionar o recado do filme ao caderno Planeta [Sustentabilidade e Meio Ambiente], do O Estado de S. Paulo, edição especial sobre água, de 22 de março de 2010 [que estava na gaveta esperando um boa oportunidade].

Reparem o título da contracapa ao lado: “Não basta matar a sede. Tem de ter grife” e preço$ das garrafas [clique na imagem]. E o destaque: “Marketing, tradição, acidez e quantidade de bolhas transformam garrafinhas d’água em um mercado bilionário”.

Mas logo abaixo do destacado blábláblá consumista está o assunto que realmente interessa e que deveria estar como destaque da página: “É hora de fugir do engarrafento”, entrevista com a jornalista americana Elizabeth Royte, autora do livro How water went on sale and why we bought it, algo como Loucos por água – Como a água passou a ser vendida e por que nós a compramos [imagem abaixo].

Para o professor Perseu Abramo, padrão de inversão é o que “opera o reodernamento das partes, a troca de lugares e de importância dessas partes, a substituição de umas por outras e prossegue, assim, com a destruição da realidade original e a criação artificial de outra realidade. É um padrão que opera tanto no planejamento como na coleta e na transcrição das informações, mas que tem seu reinado por excelência no momento de preparação e da apresentação final, ou da edição, de cada matéria ou conjunto de matérias” [do livro Padrões de manipulação na grande imprensa, editora Fundação Perseu Abramo, página 28].

“É hora de fugir do engarrafamento de água”
“Eu me sinto uma idiota comprando água engarrafada”, diz a jornalista americana Elizabeth Royte, autora do livro: Bottlemania – How water went on sale and why we bought it (Loucos por água – Como a água passou a ser vendida e por que nós a compramos)”.

Sua inspiração veio do fato do mercado de água engarrafada ser o que mais crescia entre as bebidas, “Comecei a pensar como a gente chegou a o ponto de ter 50 bilhões de garrafas descartadas por ano nos EUA” disse Elizabeth em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

Ela explica que antes do uso de cloro no sistema de tratamento público, fazia sentido comprar garrafas de água, mas com a chegada de água tratada nas casas das grandes cidades, o mercado mudou. “Foi nos anos 80 que criaram a idéia de que era fundamental para a saúde beber muita água. ‘Uma ação esperta do marketing desta indústria”.

Com a cultura de beber tanta água durante o dia veio a importância da portabilidade da mesma. “Nos anos 90 a Coca-Cola e a Pepsi perceberam que estavam perdendo espaço para este mercado e na época elas vinham sendo criticadas por estimular consumo de refrigerantes. Decidiram então, entrar neste mercado. E elas tinham muito dinheiro para investir em propaganda. “Foi aí que a água engarrafada ganhou um grande empurrão”, revela Elizabeth.

A jornalista conta que bebe a água da torneira de sua casa e aconselha a todos a fazerem o mesmo. Para quem ficar inseguro com essa opção, ela sugere levar uma amostra da água para um laboratório. Se a qualidade não for comprovada, a americana defende o uso de um filtro.

“Aí basta comprar uma garrafa reutilizável e levá-la sempre, assim como seu celular e suas chaves. Não é preciso comprar água privatizada em pequenas garrafas de plástico!”

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