Veja a Reportagem sobre a abertura dos arquivos da ditadura no Paraguai:
O governo do Paraguai abriu para a sociedade civil os arquivos da ditadura militar. A Catarse esteve no dia 16 de agosto em Assunção para acompanhar abertura que foi pedida pelo Presidente Fernando Lugo e pelo Ministro da Defesa, o militar Luis Bareiro Spaini.
É o primeiro País da América Latina que permite a liberação destas informações. Estes arquivos são parte importante da Operação Condor, ação coordenada pelos estadunidenses que implantou ditadura em todos os países latinos. Desde então, começou uma perseguição em todo o continente sul americano não só aos comunistas, mas a familiares e pessoas próximas.
Prenderam muitos dirigentes sindicais, movimentos sociais, religiosos, estudantes e professores, como no caso de Martin Almada, coordenador do Projeto Historiográfico de Investigação Militar. Professor Almada foi preso porque usava nas aulas os livros de Paulo Freire. Sua esposa desapareceu e ele tem esperança de encontrar alguma informação dela e de outros desaparecidos pela Operação Condor.
Almada afirma com convicção que, os militares nunca queimam seus arquivos e desconfiou de uma parede no porão do Minstério. Atrás da parede concretada pelos militares, se encontra quase duas toneladas de documentos referentes a ditadura no Paraguai. Como o Paraguai era a estrutura mais importante da Operação Condor na América Latina, Almada acredita que este porão abandonado é o ventre da Operação Condor.
Os Porões do Ministério da Defesa, conhecidos como inferno, escondiam milhares de documentos, registros de entrada e saída do país, viagens realizadas pelos militares, investigações que estavam se decompondo devido à umidade, aos ratos e baratas.
Almada diz que é muito lento o processo de limpeza, catalogação e digitalização e que a equipe dispõe apenas de três pessoas. A sala para analisar o arquivo é pequena e não tem uma estrutura para disponibilizar todas estas informações em pouco tempo. Por isso pede ajuda para universidades e estudantes que queiram pesquisar e contribuir para a organização e publicização destas informações.
Segundo professor Almada, estes documentos poderiam esclarecer a verdade, que é histórica e que está sendo encondida da sociedade latinoamericana. “E para que se faça Justiça e que os torturadores e assasinos sejam presos”.
Esta reportagem é a primeira de uma série de quatro, que vai ao ar a partir da próxima segunda-feira no telejornal da TV Brasil.