Quilombolas de Morro Alto/RS se acorrentaram no INCRA, na noite da última quarta feira, 05 de outubro, denunciando o racismo institucional, exigindo respeito a sua história e a história dos quilombolas do país. Exigem também o retorno imediato do seu processo administrativo enviado para Brasília sem qualquer justificativa legal por pressões de setores ligados a empreiteiras e ao agronegócio, bem como a notificação dos posseiros e proprietários.
Denunciam ainda que vem sofrendo ameaças de morte e difamação de sua luta por parte de setores da mídia ligados a esses interesses. Eles ocuparam a sala do superintendente regional do INCRA, aguardando resposta de suas demandas.
Os Representantes do Governo Federal abandonaram as negociações
Depois de 12 horas os representantes do governo federal abandonaram, às 5 horas e 30 minutos desta quinta feira, as negociações com Brasília, na tentativa de resolver o impasse no atendimento da reivindicação dos quilombolas de Morro Alto que ocupam o prédio do INCRA em Porto Alegre.
Ao se retirarem, os representantes da SEPPIR; MDA; INCRA Regional e Nacional; Gov. Estado; Fundação PALMARES deixaram os quilombolas como responsáveis pelo prédio até as 10 horas, quando deram a palavra de que retornarão para darem continuidade às negociações.
A revolta quilombola iniciou quando descobriram que os órgãos do governo federal fariam uma reunião fechada, sem a presença dos representantes da comunidade de Morro Alto.
Os representantes do governo ao se retirarem dos esforços alegaram que esperam com este gesto conseguirem melhores condições para dar continuidade as negociações com os ministros ligados as pastas responsáveis pelas políticas para a comunidade quilombola e negra no país.
O superintendente do INCRA regional, Roberto Ramos, e o representante do INCRA Nacional, Richard Torciano, pediram prazo de uma semana para apresentarem uma proposta de continuidade do processo de titulação. O processo deveria estar na fase das notificações dos que se encontram irregular nas terras quilombolas. Entretanto, o processo foi enviado para Brasília para negociações políticas.
Esta demora tem causado tensão nas relações sociais na comunidade de Morro Alto, com diversas lideranças quilombolas estando ameaçadas de morte. Ao pedirem mais tempo aos quilombolas para dar prosseguimento ao trabalho que deveria ser técnico, os representantes do governo causaram o aumento da revolta e a ocupação do INCRA.
Texto: Luix