Militantes do Bloco de Luta seguem sendo perseguidos e processados

Denúncia enviada pelo Bloco de Luta Pelo Transporte Público

Há poucos dias da Copa da Fifa, militantes que participam do Bloco continuam sendo alvo de perseguição política e intimidação! Além da criminalização e do enquadramento jurídico que o Estado e o aparato repressivo do período de exceção da FIFA impõem, militantes sofrem a pressão da polícia, discreta frente aos olhares públicos e intensa na individualização intimidatória de cada um, investindo em táticas de silenciamento e desmobilização que fazem jus a regimes autoritários que muitxs de nós julgam encerrados.

Com frequência, militantes vem tendo as suas casas arbitrariamente invadidas pela polícia. Não são raras as denúncias de militantes perseguidos, fotografados e coagidos após atos, assembleias e reuniões do Bloco. Além disso, dezenas de lutadores sociais vêm respondendo judicialmente por crimes que não cometeram, embora nem a polícia e nem o Ministério Público tenham conseguido estabelecer um mínimo nexo de causalidade entre fatos criminosos e as condutas dos denunciados.

Este cenário de perseguição e criminalização mostra que a estratégia recente da polícia é não deixar tão à mostra para a sociedade a sua verdadeira face violenta. Deixaram de nos atacar tão frequentemente com bombas, sabres e tiros, mas seguem aterrorizando e prendendo as pessoas de forma isolada e sem motivo. Seguem abordando militantes e lutadorxs sob falsos pretextos, com vistas à intimidação. Da violência aberta e desmedida, visível aos olhos de todxs – violência que marcou as manifestações e os atos de 2013 -, a polícia agora afina suas táticas, e passa à perseguição individualizada, investindo na perseguição política minuciosa, insuflando o medo durante e após os atos, intimidando constantemente militantes e restringindo sua liberdade de expressão e associação.

Isso mostra que a Polícia Militar, fortemente armada e violenta, ainda é uma polícia política como foi nos tempos da ditadura, pronta para usar seu aparato repressor para intimidar e criminalizar a luta de ativistas sociais, indicando que um passado obscuro de nossa história ainda está longe de ser superado.

Tais atitudes têm um propósito mais amplo do que o ataque pontual a alguns indivíduos: visam minar a mobilização coletiva e o trabalho de base do Bloco de Luta; barrar a sua construção coletiva junto à população; afastar o povo da rua, criando uma antipatia pública em relação ao Bloco e suas pautas – associando-as ao crime – com a tentativa de desarticular a organização e a resistência de coletivos e ativistas contra os aumentos segregatórios no transporte público e contra a Copa das remoções, das tropas, da desigualdade, e contra o Estado de exceção FIFA.

A criminalização e a presença ostensiva da polícia na rua não podem nos desmobilizar.
Diante do estado de medo e silêncio que governos e polícia impõem, é preciso ainda mais uma vez persistir na luta e gritar com coragem:

Solidariedade aos/às companheirxs vítimas da violência jurídica do Estado!
A luta não se reprime: protesto não é crime!
Não à criminalização dos movimentos sociais!

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