Estudantes da UFRGS denunciam reitoria por projeto de Parque Tecnológico


Na tarde de ontem, quarta (03.3), os estudantes da UFRGS receberam o apoio da Via Campesina e de movimentos de trabalhadores da cidade para a mobilização que fazem contra a votação imediata do projeto Parque Tecnológico da universidade. O projeto está sendo tocado à revelia da discussão e participação dos alunos, professores e funcionários da UFRGS. O assunto interessa a toda sociedade, afinal, é do dinheiro público gerado pelo povo brasileiro que a universidade se mantém. E é justamente esse o nó da questão. Tal parque, do jeito que está sendo pensado, deve servir menos ao público (mesmo que a universidade seja pública) e mais ao interesse de empresas privadas.

Assista à reportagem produzida pelo Coletivo Catarse:

Segue relato do professor Brack sobre o que aconteceu ontem:

“Pela tarde, na UFRGS as mulheres foram inicialmente também barradas, com os portões sendo fechados, e depois foram recebidas no saguão da Reitoria pelo Reitor e Vice, enquanto lá fora a mobilização tava bem grande com tambores e muita gente.

O triste foi terem sido barrados no portão da Reitoria as campesinas, os estudantes, os funcionários e os professores, sendo possível, depois de muita confusão e empurra da segurança da UFRGS, a entrada no saguão de somente 20 pessoas, devidamente documentadas e identificadas.

Não houve uma sala para as pessoas sentarem e, de pé, o reitor e vice receberam o grupo as 15:30 h e escutaram vários pronunciamentos, por uns 40 minutos, com o pedido para maior discussão e não colocarem em votação no Consun nesta sexta-feira (5/3) o Parque Tecnológico da UFRGS (espaço amplo para receber empresas de tecnologia e inovação de qualquer coi$a, com propriedade intelectual – patentes- bem resguardadas a elas e a alguns ilustres professores e técnicos) pois desde agosto ele só circula em direções e não foi feita audiência para discussão sobre o papel do mesmo.

Parabéns às mulheres de Via que vieram na UFRGS questionar o papel desastroso deste Parque Tecnológico, que tem como premissa as “patentes” , a “competitividade” e o “lucro”. Ficamos também envergonhados pela forma desumana e pouco honrosa que esta universidade recebeu o grupo de mulheres, estudantes, funcionários e professores. Recebeu no saguão,em pé. Fechou os portões às agricultoras. E ainda por cima, de forma deselegante, o reitor e vice falaram pouco e deram um ponto final na pequena audiência de saguão reafirmando que manterão o tema do Parque Tecnológico, na próxima reunião do Consun. Somente “perguntarão” ao conselho se este eventualmente muda de idéia e adia a votação.. Ficou patente a intenção de tocar adiante de uma vez o projeto, alegando que “já houve tempo suficiente para o debate”.

Vamos lutar até o fim contra este processo atropelado que abre espaço de forma escancarada, por meio deste Parque, a mercantilização definitiva da universidade pública. Os pequenos parece que não têm vez mesmo nas universidades e os grandes tomam conta dos espaços públicos oferecendo dinheiro, recursos e muito prestígio para os “entes públicos do saber”. Enquanto isso, os governos federal e estadual também incentivam estas PPPs que trazem um vínculo perverso com empresas que só visam seus lucros, sua acumulação ilimitada, detestam regras, e cabresteiam os pesquisadores por meio de vínculos mal cheirosos com empresas como a Monsanto (USP), a Aracruz, agora Fibria, (UFRGS), Votorantin (UFPEl), etc.”

P. Brack

Fotos Jefferson – Coletivo Catarse:
1 – Aluna critica a falta de informações sobre o projeto
2 – Movimentos urbanos tocam e cantam em apoio à mobilização dos estudantes
3 – Depois da universidade ter fechado os portões do campus para as mulheres da Via Campesina, alunos conseguem abrir uma das entradas e recebem as trabalhadoras rurais
4 – Manifestação dos movimentos em frente à entrada da Reitoria, antes da reunião infrutífera com o reitor

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