Amigos da Terra Brasil e Coletivo Catarse divulgam nota em resposta a ABAL

Em resposta à nota divulgada pela Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), sobre a reportagem “Indústria do alumínio: A floresta virada em pó“, realizada pelo Núcleo Amigos da Terra Brasil em parceria com a Cooperativa Catarse, segue o esclarecimento: “O Núcleo Amigos da Terra Brasil e a Cooperativa Catarse – Coletivo de Comunicação, respectivamente, realizador e produtora da reportagem Indústria do Alumínio: A floresta virada em pó vem por meio desta nota manifestar a satisfação com a repercussão e o grande número de acessos à reportagem e contestar a tentativa de desqualificação que a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) apresentou aos leitores de Carta Maior, ao indicar como exageradas, infundadas e despropositadas as denúncias levantadas por nossa pesquisa de campo sobre a mineração de bauxita e a indústria do alumínio na Região Norte do País. Apresentamos situações graves, fartamente documentadas e de caráter público – todas, inclusive, com repercussões judiciais e administrativas nas instâncias cabíveis, ou seja, com base na veracidade dos fatos -, e que, para nosso espanto, imaginávamos serem do conhecimento da ABAL. Também nos impressionou a posição da Associação, porque consideramos nosso trabalho sem nenhum exagero, pelo contrário, temos a autocrítica de reconhecer que se trata de uma investigação com muitas limitações orçamentárias, de total boicote por parte das empresas e, por isso mesmo, que não conseguiu dar conta de todos os problemas que a cadeia produtiva do alumínio vem causando às comunidades tradicionais e aos trabalhadores das indústrias. Nosso interesse seria ir muito mais a fundo nessa situação, mas procuramos, como fica claro para quem leu e assistiu à reportagem, que nosso trabalho pudesse acompanhar, ao menos, uma etapa do processo e, também, dar voz aos afetados, já que a grande imprensa silencia sobre todas as mazelas sociais e ambientais decorrentes da atuação dessas empresas na Amazônia, pois são elas mesmas grandes anunciantes em negócios de comunicação. Porém, a resposta da Associação não nos parece de todo mal e serve como uma oportunidade para ampliarmos este debate e reiterarmos aos leitores de Carta Maior, e ao púbico em geral, a importância das situações que documentamos. Outro esclarecimento que não podemos deixar de fazer: diferentemente do que a ABAL afirma em sua nota, as empresas que aparecem no vídeo foram contatadas e visitadas por nossa equipe e, como apontamos ao final do vídeo, nenhuma delas apresentou o mínimo interesse em esclarecer os fatos que havíamos registrados. Fomos recebidos na sede da ALCOA, em Belém, em março deste ano, pelo Gerente de Sustentabilidade da empresa Fábio Abdala, que havia previamente aceitado gravar entrevista. Mas quando explicamos o trabalho que estava em andamento, o Gerente de Sustentabilidade desistiu de gravar entrevista e disse que não poderia responder às questões que fazíamos, pois não teria condições para tal, claramente constrangido, apenas nos levando até à maquete da mina em exposição no casarão centenário que abriga a sede da ALCOA, mostrando-nos todas as etapas que se realizam no município de Juruti. Além disso, Abdala não nos permitiu uma visita às instalações desta mina, nos informando que, como o projeto de instalação ainda não estava plenamente em execução, não seria possível a empresa liberar o local para a filmagem pretendida pela nossa equipe de reportagem – mesmo que neste momento a mina já estivesse em plena operação e que eles próprios já tenham permitido a entrada de outras equipes de filmagem no local. Em Barcarena, fizemos uma visita, na mesma época, à planta industrial da ALBRAS. Nos obrigaram a preencher um cadastro de visita e a pesquisadora do Amigos da Terra Brasil-Brasil foi solicitada a deixar suas digitais no banco de dados da empresa. Já dentro da fábrica, fomos recebidos com muita alegria e simpatia por seus funcionários de relações públicas, assistimos a dois vídeos institucionais da empresa antes de conversarmos com Elena Brito, Gerente da Área de Relações Externas e Comunicação, que não aceitou a gravação de entrevistas (nem com a direção da empresa e, muito menos, com seus funcionários), não quis responder a nenhuma de nossas perguntas e somente nos liberou para fazermos uma visita guiada pelas instalações (sem autorização para filmar, percorrendo o circuito de dentro de um carro e, ao solicitarmos, então, o vídeo institucional para que pudéssemos, ao menos, utilizarmos as imagens em nosso trabalho, recebemos um monossilábico não). Esperamos que a ABAL possa verificar essas informações com as respectivas empresas e informar melhor os leitores quando vem a público expor suas considerações sobre trabalhos jornalísticos e pesquisas sérias, comprometidos com o bem público, a valorização dos direitos humanos e a defesa ecológica no uso dos recursos naturais deste País. Sobre a relação das empresas com as comunidades locais e a “realidade promissora” propagada pela ABAL, de que tanto se vangloria em dados estatísticos, cifras milionárias e índices generalistas, gostaríamos de disponibilizar, a quem interessar, todo o material audiovisual que registramos para a realização deste trabalho, que não busca se ater a planilhas ou pesquisas, mas chegar até onde estão ocorrendo os problemas, olhar nos olhos de quem passa pelas situações de dificuldades e procurar entender o modo de vida destas pessoas e como ele se perdeu para os propalados “progresso”e “desenvolvimento”. São mais de 15 horas de entrevistas e imagens de campo, que extrapolam em muito as informações que acabaram entrando no vídeo final de 35 minutos. Esse material foi solicitado pelo projeto Reduse, um projeto realizado em parceria entre as organizações Global 2000, Sustainable Europe Research Institute, Friends of the Earth Europe e grupos nacionais da federação Amigos da Terra Internacional do Brasil, Camarões, Chile, Togo, Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte, Republica Checa, França, Itália e Hungria, com o objetivo de conscientizar a população planetária sobre a quantidade de recursos naturais consumidos na Europa, as conseqüências negativas do super consumo para as sociedades, e os prejuízos para o ambiente no Sul Global (www.reduse.org)”.

Quilombolas denunciam Marinha Brasileira

Este vídeo mostra que a Marinha do Brasil deflagrou guerra a um grupo de famílias negras descendentes de escravos que vivem na Baía de Aratu desde antes da chegada da marinha. As famílias vivem sob regime de tensão e violência, aterrorizadas, garantem que passam a noite acordadas com medo de morrer e têm medo de sair pois quando voltam podem encontrar suas casas derrubadas. Notícia publicada no portal Geledés Instituto da Mulher Negra.

Justiça de Bagé-RS converte união estável de lésbicas em casamento

Uma união estável de lésbicas foi convertida nesta quarta-feira (30) em casamento em Bagé. A sentença proferida pelo juiz Roberto Coutinho Borba é a primeira que concede este direito a duas mulheres na Comarca da cidade. O mesmo casal já havia obtido, em decisão pioneira, o reconhecimento da possibilidade de adoção de duas crianças em processo que tramitou no Superio Tribunal de Justiça (STJ). A psicóloga e a fisioterapeuta viviam em união estável há mais de 13 anos. Ao pedir a conversão da relação em casamento, elas argumentaram que possuem três filhos adotivos e mantém convivência pública, notória, duradoura e com a intenção de constituir família desde julho de 1998. Em sua sentença, o juiz traçou um paralelo entre a resistência da moral cristã e a laicidade do Estado. Segundo ele, não se pode esquecer que, a despeito do caráter laico da República Federativa do Brasil, parte considerável da nossa legislação infraconstitucional ainda se encontra atrelada a questões de índole religiosa. “É inaceitável que, pela estagnação do legislador, os direitos dos homossexuais e transexuais deixem de ser tutelados. Restando, como soi acontecer, ao Poder Judiciário a tarefa de pavimentar os caminhos para a solução que melhor seria obtida de lege ferenda (por meio de lei)”, escreveu o juiz. Fonte:Portal Sul21

Carta de resposta do MST RS sobre a saída de militantes

Posição política do MST-RS sobre o desligamento de alguns militantes O MST está preparando o seu VI congresso, e como preparativo esta realizando um profundo debate sobre a natureza do desenvolvimento do capitalismo no campo, sobre o estado brasileiro, sobre a sociedade brasileira. Sobre a nossa estratégia e sobre as nossas táticas em busca da realização da reforma agrária popular e a forma organizativa adequada para dar conta de conduzir o movimento. Nessa semana, o MST gaúcho, realizou reunião ampliada da sua direção estadual para também dar seguimento ao processo preparatório ao VI congresso. Nela fomos comunicados do afastamento de um agrupamento de militantes, parte deles com inserção de base e outra parte com atuação na esfera administrativa e jurídica. Já há algum tempo, era notada a insatisfação desses militantes quanto as orientações políticas que conduzem o nosso movimento. Ainda que respeitamos a decisão da saída não concordamos com o conteúdo político que embasou e muito menos sobre o método escolhido. Este desligamento é expressão do processo de encruzilhada histórica em que se encontra a esquerda brasileira e a militância social, que verifica adesão inconteste e acrítica ao novo ciclo de desenvolvimento capitalista e à via institucional parlamentar e o completo abandono do trabalho popular e de organização do povo brasileiro e da classe trabalhadora. Nesta crise de rumos, transformar companheiros em inimigos, conduzindo para o fracionamento, é o caminho mais fácil do que zelar pelo debate político e pela unidade das forças populares. Não será a primeira e nem a última vez que veremos isso na história da classe trabalhadora brasileira. Reafirmamos que o MST é um movimento camponês, que tem em sua estratégia a luta pela reforma agrária, que nessa quadra histórica adquire uma característica popular. Sendo um programa de transição que nos ajude a acumular forças em vista do nosso fortalecimento na luta de classes compreendendo que a sua realização requer uma força social ampla, para além do nosso movimento, com autonomia política, mas com capacidade de dialogar com a sociedade e de se relacionar com as várias dimensões da institucionalidade brasileira. Reconhecemos e somos gratos pela contribuição desses militantes ao nosso movimento e certamente sentiremos as ausências, mas, no entanto, seguiremos com o MST tratando de construí-lo como um movimento popular e de massas sendo fiel aos seus objetivos estratégicos de lutar pela terra, pela reforma agrária e pela transformação da sociedade brasileira. Viamão, 24 de novembro de 2011. Direção Estadual do MST-RS A Carta de saída dos militantes você pode ler aqui.