Os imprescindíveis

por Ana Campo Os que lutam Há homens que lutam um dia, e são bons;Há outros que lutam um ano, e são melhores;Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;Porém há os que lutam toda a vidaEstes são os imprescindíveis Para escrever o poema Os que lutam, Bertolt Brecht pôde inspirar-se em nomes que iam de Rosa Luxemburgo a Lenin, indivíduos cujos fenômenos sociais dos quais emergiram e foram construtores, transformaram ou abalaram irreversivelmente o mundo. Para escrever tal poema B.B pôde ter se inspirado em lutadores sociais anônimos ou inclusive nele mesmo sem nenhum resquício de arrogância, apenas fazendo jus à sua própria trajetória como dramaturgo militante e exilado da Alemanha nazista. Para acabar com o poema Os que lutam, Galvão Bueno se inspirou em outro fenômeno, Ronaldo, quando o recitou durante a transmissão do jogo de “fim de carreira” do jogador. O dia de ontem foi de saídas, e saíram os que não tinham saída. Uma mídia preparou a despedida do número 1 da Dilma, a outra do número 1 da Brahma. De comum entre os 2? Ronaldo tinha como prática jogar futebol, atividade tão legítima quanto qualquer outra, até que sua imagem como jogador de futebol tornou-se um patrimônio muito mais rentável do que a prática futebolística a ponto de transformar-se em antítese de um esportista, o logo da cerveja. Ronaldo – o centroavante – não separou o joio da cevada e a barriga de cerveja não tardou em crescer. A mídia tinha então à disposição uma imagem informe a qual podia moldar às jogadas publicitárias. Bertolt sabia: Um homem é um homem… Palocci tinha como prática fazer política, atividade tão legítima quanto a de médico sanitarista, até que sua imagem como gestor público tornou-se um patrimônio muito mais rentável do que a simples prática política a ponto de transformar-se em antítese de um homem público, do bolo: a cereja. Palocci – o centroesquerda – não separou o público do privado e seu projeto não tardou em crescer. A mídia tinha então à disposição uma imagem formidável de como a socialdemocracia podia moldar-se às jogadas da classe dominante. Palocci sabia: O homem é o lobbying do homem… Os dois profissionais valem muito no mercado, um é vendido no estádio, o outro vende o Estado. Eis os fenômenos. Um é o que o capital precisa. O outro é o que o capitalismo precisa. E os precisa desiguais e combinados seja por um dia, uma vida ou um ano, pois eles sãoos imprescindíveis.

Acesso à memória: espaço de luta política

Ainda sobre um espaço de tempo aberto pela ONG Acesso, em 28 de maio a memória do passado e a memória do presente se encontraram. Perseguidos políticos da época da ditadura militar; perseguidos políticos desta época de democracia incompleta. No prédio hoje do IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil, funcionou uma antiga sede do DOPS – Departamento de Ordem Política e Social. Nos porões, ainda as grades onde foram presos e torturados os que se levantaram contra o terrorismo de Estado. Foi lá que aconteceu o seminário A Justiça de Transição e a Militância em Defesa dos Direitos Humanos. Foi lá que o anistiado político Solon contou sua história e ouviu o relato do atual perseguido político Lorivaldino, quilombola da Família Silva. A proposta: destacar como processos históricos inacabados (como a ausência de efetiva transição do regime autoritário) interferem na construção de consciência coletiva e na efetivação da democracia na sociedade brasileira, que historicamente desrespeita os direitos humanos, principalmente da classe popular. Em dois seminários e oito oficinas com parceria da Comissão de Anistia. Nesse primeiro, cerca de 30 pessoas se revezaram nas janelas para acompanhar os depoimentos. A sala ficou pequena para tanta gente querendo ouvir as memórias dos que resistem, como condição fundamental para interferir no futuro. “Precisamos perceber com clareza que tipo de informação e formação nós temos”, diz Solon, alertando que a luta contra a censura (ainda hoje) não deu certo por conta da concentração da mídia. Assim, a amnésia social passa a se constituir numa nova forma de controle social. Durante a semana anterior ao seminário, um grupo de advogados populares da Acesso se reuniu com Roberta Baggio, conselheira da Comissão de Anistia, para entender um pouco mais sobre Justiça de Transição: “Democracia é conflito. Por isso, o processo democrático sempre corre riscos porque está em constante construção”. Roberta tem certeza que se vacilarmos um dia sequer na defesa da democracia, podemos retroceder. E pensa sobre as injustiças que se renovam: “As coisas são como são porque a sociedade permite que seja assim”. Direito de resistência Então, a sociedade permite que haja novos perseguidos políticos, que para ela são os integrantes dos movimentos sociais. O que poucas pessoas sabem é que em sua defesa existe o Direito de Resistência. Direito de resistência em relação ao grau de opressão e violência que sofrem; direito de resistir contra um governo que exerce violência contra o próprio povo (como no caso da ditadura militar); direito de resistência pelo não acesso aos direitos sociais. Roberta deverá participar do próximo seminário, que acontecerá no começo de julho em um assentamento da reforma agrária na região metropolitana de Porto Alegre. Dessa vez um encontro entre as mulheres do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e mulheres que lutam pela paz nas periferias onde moram. E tudo pela preservação, divulgação e formação da nossa memória. Dessa memória necessária para construir um mundo melhor do que aquele que tivemos no passado, melhor do que este que temos no presente. Para saber mais sobre o projeto, entre em contato com a Acesso – Cidadania e Direitos Humanos pelo telefone (51) 3028.8058, email: acessocidadaniadh@gmail.com.

Cine GARRA

Dia 8 de junho as 18h no Entreposto Contraponto – Ao lado da FACED(UFRGS)Cine GARRA, apresenta: Exibiremos o filme “É Possível“, produção do Coletivo Catarse de Comunicação, seguido de um debate sobre o tema.Sinopse:Se a elite brasileira elegeu o MST como seu inimigo número um, está certa, diz Plínio de Arruda Sampaio. Desafiar abertamente os poderosos e suas políticas que geram pobreza, desigualdade e concentração de riquezas foi uma luta difícil e constante nos ú…ltimos 25 anos (1984 – 2009), período em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra se transformou em um dos mais importantes, conhecidos e reconhecidos movimentos sociais do mundo. Nesta reportagem cinematográfica, realizada a partir do 13° Encontro Nacional do MST e das celebrações que comemoraram duas décadas e meia de resistência, em Sarandi/RS, junto com o material jornalístico produzido pelo Coletivo Catarse nos últimos dois anos, acompanhando marchas e o cotidiano em acampamentos e assentamentos, mais contribuições de fotógrafos, cinegrafistas amadores e trechos de filmes, as principais questões que envolvem o desafio de se fazer a reforma agrária no Brasil estão colocadas: a opressão da hegemonia de um modelo econômico de desenvolvimento que privilegia o latifúndio; a repressão do Estado e, por outro lado, a mobilização dos trabalhadores, a partir da consciência de que só a pressão popular pode desencadear processos de mudanças no campo.

A Justiça de Transição e a Militância em Defesa dos Direitos Humanos

 No dia 28 de maio de 2011 aconteceu o seminário: A Justiça de Transição e a Militância em Defesa dos Direitos Humanos. O seminário organizado pela Ong Acesso-Cidadania e Direitos Humanos teve como objetivo aproximar, fomentar o debate sobre Justiça de Transição( o direito à Justiça, à memória, à reparação e à promoção de reformas institucionais).  O seminário reuniu perseguidos políticos da ditadura militar, advogados populares, grupos de acessoria juridica e representntes de movimentos populares que hoje lutam pela efetivação dos Direitos Humanos. Abaixo, vídeo com parte do depoimento do professor Solon Eduardo A. Viola anistiado politico que ao lado de Lorivaldino da Silva, liderença do Quilombo da Familia Silva compartilhou a primeira mesa do seminário.

Políticas públicas de comunicação: para quê?

(*) Texto apresentado por Marco Weissheimer, do blog RS Urgente, no I Encontro de Blogueir@s e Tuiteir@s do Rio Grande do Sul, realizado neste final de semana, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Leia também a Carta compromisso do 1º Encontro de Blogueir@s e Tuiteir@s do RS. Estive na TVE esta semana para participar do programa Cidadania. O tema era justamente a divulgação do primeiro encontro de blogueiros e tuiteiros do Rio Grande do Sul. Fazia tempo que não entrava na TVE. Alguns anos. Tive um sentimento misto de alegria por voltar lá e tristeza por ouvir de funcionários da casa relatos sobre o processo de sucateamento que atingiu a emissora nos últimos anos, particularmente no governo da senhora Yeda Crusius. Fui informado que a última vez que se comprou equipamentos para a TVE foi durante o governo Olívio Dutra. A situação se agravou muito nos últimos quatro anos. A impressão que dá é que, se tivesse mais um mandato, Yeda Crusius acabaria por fechar a TVE. O fato de o Estado do Rio Grande do Sul voltar a debater políticas públicas de Comunicação pode parecer modesto e mesmo trivial, mas, diante do que aconteceu nos últimos anos, representa um grande avanço e uma oportunidade extraordinária. Estado, aqui, deve ser tomado em um duplo sentido: no da instituição política e jurídica e também no sentido da região geográfica. Nós, que vivemos no Rio Grande do Sul, voltamos a falar sobre políticas públicas de comunicação e o governo do Estado voltou a considerar que essa área exige a elaboração de tais políticas. Essa combinação implica, por sua vez, que as políticas públicas de comunicação podem – e devem – ter uma dupla origem: políticas públicas elaboradas e implementadas pelo Estado e políticas públicas partindo da “esfera pública”, da sociedade, ou seja, de nós. E aí, nós, blogueiros e ativistas dessa área, devemos fazer mais do que simplesmente exigir políticas públicas do Estado. Nós temos a oportunidade e o compromisso de produzir conteúdos e articulações que ajudem a criar algo que não existe hoje: uma esfera pública de comunicação. Pública, criativa e comprometida com o interesse público. De certo modo, isso já começou a ser feito nos últimos anos. A mobilização da blogosfera em torno da luta contra o projeto de venda do morro Santa Teresa, no governo Yeda, foi um exemplo disso. O trabalho realizado pelo Coletivo Catarse, produzindo documentários sobre lutas sociais e pessoas invisíveis aos olhos da grande mídia, é outro exemplo. O jornal Boca de Rua, feito por e para moradores de rua, é outro ainda. O conteúdo produzido por cada um de nossos blogs, em um dedicado trabalho diário é outro. Não foi pouco o que já foi construído e a realização deste encontro expressa esse acúmulo. Mas expressa, também, arrisco-me a dizer, a oportunidade e o desafio de abrir uma outra etapa. Precisamos qualificar cada vez mais o conteúdo que produzimos em nossos espaços. Qualificar tanto no sentido da produção do conteúdo em si mesmo, quanto no da importância política, social e cultural das nossas pautas. O interesse público, a democracia, o meio ambiente e os direitos humanos e sociais estão sob ameaça no mundo inteiro. Estão ameaçados pelo grande capital, pelos interesses privados que desconhecem limites em sua busca pelo maior lucro no menor espaço de tempo. A defesa do interesse público deve ser um elemento estratégico na formulação e implementação de políticas de comunicação. Também nessa área, avança a privatização e a concentração de riqueza, de propriedade e de produção de conteúdo. O que nós estamos tentando construir, o que esse encontro expressa, é uma barreira a esse processo. Uma barreira ainda muito frágil. Por outro lado, utilizando uma metáfora inversa a esta, também é um trabalho de perfurar o muro midiático que vem sendo construído incessantemente. Muro este que pretende dividir o mundo em dois grandes blocos: o dos vencedores e o dos perdedores. Uma comunicação pública que mereça este nome tem o compromisso e o dever de abrir brechas nestes muros, de dissolver os guetos excludentes, de dar visibilidade ao que está invisível, de valorizar a vida e a criação, contra a lógica da morte e da destruição que alimenta hoje a destruição ambiental no planeta. Nós podemos contribuir para tornar essa comunicação realidade. Na introdução ao livro “Um mapa da ideologia” (Editora Contraponto), Slavoj Zizek lembra uma reflexão de Fredric Jameson que pode nos ajudar a refletir sobre a natureza do desafio que temos pela frente. A reflexão é a seguinte: “hoje, ninguém mais considera seriamente as possíveis alternativas ao capitalismo, enquanto a imaginação popular é assombrada pelas visões do futuro colapso da natureza, da eliminação de toda a vida sobre a Terra. Parece mais fácil imaginar o fim do mundo que uma mudança muito mais modesta no modo de produção, como se o capitalismo liberal fosse o real que de algum modo sobreviverá, mesmo na eventualidade de uma catástrofe ecológica global”. Se é verdade que, do ponto e vista ambiental, atingimos um ponto de não-retorno, como vêm defendendo um número crescente de cientistas, se é verdade que o fosso entre países ricos e pobres segue aumentando e se é verdade que o mundo permanece gastando muito mais em armas do que no combate à fome e à miséria, qual o conceito adequado para designar o atual estágio que estamos vivendo? Se é mais fácil imaginar o fim do mundo do que uma alternativa ao atual modelo político-econômico, então parece razoável pensar que estamos atravessando a fronteira entre esses dois conceitos. Ou, dito de outro modo, já estamos com um pé no território da barbárie. Exagero? Pode ser, mas quando caminhamos nas ruas de uma cidade como Porto Alegre, com todos os avanços sociais dos últimos anos, somos brindados com cenas de miséria, de abandono, de injustiça. Esse é o material que deve alimentar as nossas políticas públicas, a nossa comunicação e a nossa militância pela vida.

Nesta terça-feira, em Porto Alegre: protesto por uma Copa Mundial de Futebol que respeite os direitos da População

Manifestação nesta terça-feira, dia 31 de maio, às 16 horasNo Paço Municipal de Porto Alegre. Por uma Copa Mundial de Futebol que respeite os direitos da População! – Nenhuma remoção de moradia de forma arbitrária;– Em defesa do Território Afrosul Odomodê;– Respeito aos espaços culturais;-Titulação dos Quilombos;– Por investimentos para atender e qualificar os serviços públicos para o público Participe! Saiba mais aqui.

Domingo com circo!

do blog do VENTRE LIVRE Ontem foi um dia cheio para todos do Ventre Livre. Desde cedo estávamos a postos para ajudar o Petit POA a montar o circo na frente do Ventre Livre. Essa função mobilizou a equipe da casa, do Petit, as crianças e as casas vizinhas. Limpamos a fachada, montamos cenário, organizamos os bastidores, fizemos a divulgação e acolhemos todos que vieram prestigiar o espetáculo Tenaz. Nosso muito obrigado à trupe – Dominique, Ana, Benhur, Vinícius, De e Cristiano -, foi um dia inesquecível. Logo, logo estaremos postando mais fotos e vídeos! Circo Petit POA: https://circopetitpoars.blogspot.com/

Marcha da Liberdade foi proibida em São Paulo, mas aconteceu

O Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu a Marcha da Liberdade ocorrida ontem, dia 28 de maio, em protesto contra a violência policial durante a Marcha da Maconha no sábado passado.O Ministério Público do Estado de São Paulo pediu a extensão dos efeitos da liminar que suspendeu a Marcha da Maconha. Para o desembargador, Paulo Antonio Rossi, a nova manifestação seria a mesma que já foi proibida tendo os organizadores mudado o nome. “Seria a indução e instigação ao uso indevido de droga frente a uma numerosa parcela da sociedade paulistana, a despeito da decisão liminar proferida no presente mandado de segurança”, afirma o desembargador.A realizacão só ocorreu após um entendimento entre a organizacão da Marcha e o comanda da Polícia Militar, definido somente no local do evento. Diferentemente do que ocorreu em Porto Alegre, onde foi feito um acordo prévio com os policiais para que eles cumpram o artigo 5º da constituição, na capital paulista isso não aconteceu. Este vídeo foi produzido pelo CMI – Centro de Mídia Independente.

Marcha da Maconha ocorreu sem a Polícia em Porto Alegre

A Marcha da Maconha de Porto Alegre ocorreu no último dia 22 de maio no parque da Redenção. Mais de mil pessoas participaram da maior Marcha já organizada até agora. Contrariamente ao que aconteceu em outras capitais, em Porto Alegre a manifestação ocorreu de forma pacífica e sem nenhuma intervenção policial. Assista a reportagem da Catarse.