Kayapós

Estamos publicando novamente o vídeo dos kayapós no X Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros, pois o anterior estava sem som. Este é o ritual do peixe, onde as mulheres se preparam enquanto os homens comem o peixe e esperam o cacique dar a ordem para iniciar o ritual. Apenas com a entrada do cacique é que os homens podem começar apagando o fogo com os pés e ficam cantando até que as mulheres entrem. As mulheres só comem o peixe no fim do ritual, 4 horas depois dos homens.

O super-herói triste contra o dono da calçada

O dia escuro tem uma cara triste, como a do garoto que arrasta os pés pela calçada. Choveu muito a noite passada, e hoje amanheceu invferno. Ele tem uma coberta aos pedaços sobre as costas, como se fosse a capa de um super-herói; bermuda acima dos joelhos e chinelo, como se fosse à praia ou como se uma parte do corpo não soubesse do frio, desse vento que rasga as plantas e grita nas placas da rua. Esta rua tem dono? O segurança se aproxima, para em frente, gesticula, argumenta, aponta, impõe. Um minuto explicando que o local é proibido para gente mal vestida. O sem teto tem rumo, quer seguir. Responde com os olhos. Depois, ensaia passar correndo pelo trecho da calçada pública sob administração privada, mas perde as forças. Passo lento atrás de passo lento, atravessa os metros de chão que algum doutor mandou interromper para gente incômoda, como essas pessoas pobres que vagam por migalhas que as mantenham vivas, e vão aos trapos através do tempo.

Famílias do Jardim

Dia 10 de julho aconteceu no Ventre Livre a exposição de retratos fotográficos que encerrou o projeto Famílias do Jardim – Prêmio Interações Estéticas Residências artísticas em Pontos de Cultura 2009. Entre dezembro de 2009 e maio de 2010, a equipe do projeto, composta pela artista proponente a fotógrafa Fernanda Rechenberg, Paula Biazus e o Coletivo Catarse, transformou o Ventre Livre num estúdio fotográfico aberto à comunidade da Vila Jardim e visitou diversos lares da Vila, registrando através de retratos familiares, essa comunidade da zona leste de Porto Alegre. A Vila Jardim O Bairro Vila Jardim localiza-se na zona norte de Porto Alegre e tem uma população estimada em 6.000 habitantes. A vila jardim é circundada por bairros de classe alta, denominado Chácara das Pedras, Jardim Europa e o Shopping Iguatemi. As mudanças no bairro acentuaram-se nas últimas décadas transformando-o em um território muito heterogêneo e singular. Em função das suas características geográficas, a maior parte da Vila Jardim está localizada em um nível mais elevado com relação ao restante da cidade, possibilitando imagens belas aos que frequentam suas ruas. Conforme o ângulo que se olha, o horizonte da cidade se mistura com casebres, barracos, becos e mansões de alta classe, que retratam a desigualdade social inerente dos grandes centros urbanos. (do projeto original Famílias do Jardim)Todo o material produzido – retratos de mais de 70 pessoas em estúdio, retratos de 10famílias e muitas horas em vídeo de todo o processo – foi transformado em catálogo fotográfico, documentário média-metragem e exposição fotográfica. O catálogo e o filme estão disponíveis para download ao final desta postagem e a partir de setembro a exposição irá circular entre Pontos de Cultura e espaços culturais na cidade. Voltando ao dia 10! Foi com muito orgulho e alegria que recebemos as famílias retratadas e seus vizinhos no espaço do Ventre Livre no dia 10 de julho. Curtimos os retratos grandes pendurados nas paredes, assistimos juntos ao documentário e nos emocionamos. Ficou um sentimento de construção coletiva. Cada um contribuindo e se doando para ser possível a materialização desta importante convivência.O Famílias do Jardim escancarou as portas do Ventre Livre para toda a comunidade. O que esperamos é que elas permaneçam abertas e se torne cada vez mais a casa de todos na Vila Jardim. Clique neste link para baixar o catálogo de fotos Famílias do Jardim. Clique neste link para baixar o filme Famílias do Jardim.

Os Kayapós no encontro de culturas tradicionais

Vídeo da apresentação dos Kayapós no encontro de culturas tradicionais Os Kayapó, ou Mebêngôkre, como preferem ser chamados, foram os responsáveis pelas atividades na Aldeia Multietinica, no encontro de culturas. A Festa das Aves começa com o peixe e a tapioca. Alimento que Caciques, Guerreiros e crianças comem antes de dançar. “Agora vamos apagar aquele fogo com os pés, este é o momento mais perigoso da dança, pois alguém pode se queimar ou até morrer, mas precisamos pisar nas chamas para pegar o espírito”, explicou Akyaboro, apontando para o fogo nas palhas. Os rituais dos Mebengôkrê seguem uma organização peculiar. Algumas danças são apenas para homens, outras para mulheres (como é o caso da dança do Jabuti). Existem ainda as danças mistas, que podem acontecer com índios e não índios. “A dança da mandioca é igual carnaval, todo mundo pode participar”, como explicou o Cacique Akyaboro. De acordo com a tradição do grupo, cada vez uma família fica sendo a responsável por organizar as festividades. Durante a IV Aldeia Multiétinica foi a vez da família do Kayapó. Isaque, que contou com a ajuda do Cacique Ykaryrydjakray. A apresentação deste ano, teve a participação de cerca de 60 membros de três aldeias diferentes: Moikarakô, Kokraimoro e Ken pó. O Cacique Akyaboro convidou os índios Paresi, Dessana e Guarani Kaiowá para apresentarem um pouco de suas culturas. Assim, etnia Paresi apresentou um ritual feito pela etnia na primeira menstruação das moças da Aldeia. Já os Dessana apresentaram uma dança de agradecimento pelas frutas. E finalmente os Guarani Kaiowá fizeram o ritual da festa do milho.

O boi, a árvore e os Kaiowá Guarani

por Egon Heck, publicado no Brasil de Fato A imagem marcante desses dias na imprensa do Mato Grosso do Sul é de centenas de cabeças de gado que morreu de frio, espalhados pelas fazendas na região do extremo sul do Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai. Conforme dados da imprensa, chega a quase quatro mil cabeças de gado que morreram em função do clima frio, conjugado com outros fatores, dentre os quais a irresponsável devastação total das árvores e da mata atlântica e serrado. Ontem, um dos fazendeiros, dando-se conta do quanto tem sido equivocada e absurda a devastação da floresta, se dispôs a plantar árvores em sua fazenda! Triste sina de um pensamento hegemônico, capitalista, para o qual, árvore boa é árvore morta, o mesmo que se afirmava dos índios, os protetores seculares das matas e do meio ambiente. Floresta morta, gado lascado Fatos como o que estamos assistindo nesta região, são apenas a ponta do iceberg do que está por vir, caso se continue na trilha absurda da devastação, do envenenamento e morte das árvores, das águas e da terra. Apesar das claras evidências de que esse tipo de economia do agronegócio da monocultura e da acumulação rápida, a qualquer preço, esteja levando a mudanças climáticas acentuadas com enormes impactos sobre todos os sistemas de vida e sobrevivência ameaçada, nada parece conter essa lógica necrófila do capitalismo. Quando um dos técnicos foi dar seus sábios aconselhamentos de como enfrentar esse cenário apocalíptico da mortandade do gado, simplesmente conseguiu dizer o óbvio ululante: precisa ter árvores que contenham os ventos frios e sirvam de abrigo para os animais diante da agrura do tempo. Quando os Kaiowá Guarani ficam tristes diante da constatação de que a maioria de suas terras que esperam ser demarcadas, são na sua sábia visão “terras mortas”, ou seja, sem árvores, apenas com capim ou expostas há dezenas de anos ao sol, chuvas e venenos. E o pior, são considerados preguiçosos e vadios quando deixam a natureza se recuperar minimamente em terras como Panambizinho, próximo a Dourados, que recuperaram no final da década de noventa. Possivelmente as lições não serão aprendidas. Ao invés de se partir para um discussão séria sobre a recuperação ambiental, urgente e necessária na região, onde o índice de mata nativa em algumas regiões fica abaixo dos 5%, quando o mínimo exigido por lei seria de 20%, se passará a outras atividades produtivas do agronegócio, como o plantio de cana, soja…Ou, como já está ocorrendo, se transfere o gado para o calor tropical da Amazônia. Triste destino de um país, guiado apenas pela lógica da acumulação, do desenvolvimento acelerado e qualquer preço. Quem sabe, pelos menos nas escolas os professores ajudem os alunos a entenderem as causas reais desses fatos para que se possa caminhar para mudanças profundas na estrutura fundiária, meio ambiente e sistema de produção. Anuncia-se que mais gado continuará morrendo em conseqüência de complicações decorrentes do frio intenso por que passaram, sem árvores para os protegerem do frio, do vento e do chuvisco. Enquanto isso os Kaiowá Guarani, em seus confinamentos e acampamentos além do frio, passam fome e seus territórios continuam sem demarcação. Egon Heck – Campanha Povo Guarani Grande Povo, Dourados, inverno de 2010

X Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros

O Coletivo Catarse está participando da equipe de cobertura colaborativa do X Encontro de Comunidades Tradicionais da Chapada dos Veadeiros. O encontro é organizado há dez anos pela Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge – evoluiu a partir da experiência do Festival de Cultura da Vila de São Jorge (Alto Paraíso – GO), nascido em 1998. Simultaneamente, diversas atividades culturais (Shows, Momentos Rituais, Oficinas, Prosas, Encontro de Capoeira e Feira de Oportunidades Sustentáveis), em diferentes espaços (Aldeia Multiétnica, Palco, Igreja, Espaço Dona Chiquinha e Seo Domingos, Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, Espaço Seo Tilu, Espaço Mamulengo, Escola, Galpão do Artesão e Raizama), propiciam,pelos cinco sentidos, uma intensa apreensão e uma vivência profunda das riquezas da Chapada. Além de integrar mais fortemente as expressões culturais da região, promove o intercâmbio dos locais com realidades similares nacionais (Santa Rosa dos Pretos/MA, Povo Kayapó/PA, Povo Krahô/TO, Ganhadeiras de Itapoã e Zambiapunga/BA, Maracatu Leão Coroado/PE, Violas de Cocho/MT, etc.) e com o que é produzido por artistas que atuam em áreas diversas e com diferentes linguagens – de projeção nacional e, até mesmo, internacional, mas sempre ligados à estética das culturas populares e tradicionais (Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, Siba, Roberto Corrêa, Marlui Miranda, Cordel do Fogo Encantado, etc.). O coletivo catarse realizará oficinas de produção audiovisual e autogestão com os índios que irão produzir um vídeo durante o encontro sobre a integração das 11 etnias durante os 7 dias na aldeia multiétnica. Reportagem Sérgio Valentim – Coletivo Catarsefotos Fabrizio Franco – comunicação encontro

Hoje: Assembleia Estadual Negra e Popular

Nem o Ouvidor da SEPPIR é Joaquim Nabuco, Nem Lula e Sarney são, respectivamente, a Princesa Isabel e o Conde D`Eu, nem o Senador Paim é, como vaticinou o velho historiador Décio Freitas, já falecido, um “Zumbi no Senado” se aproximando mais da figura trágica do tio do mesmo, Ganga Zumba, que fez um acordo espúrio com os representantes da Coroa Portuguesa, em detrimento dos Quilombolas Palmarinos, tampouco, o Estatuto da Igualdade Racial é a Lei Àurea do Século 21. A História não se repete, a não ser como uma farsa. Companheiros(as), segue nota pública da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas sobre a Sanção ao Estatuto dos Ruralistas (Dito da Igualdade Racial) Hoje às 19h Assembléia Estadual Negra e Popular da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas no Quilombo dos Silva : Rua João Caetano 1170, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS. Próximo ao Colégio Anchieta. Onir GT-Quilombola MNU-RS NOTA PÚBLICA O ESTATUTO CONTRA O POVO NEGRO A aprovação do Estatuto da Igualdade Racial por acôrdo do DEM, da SEPPIR(Secretaria de Promoção de Políticas para Igualdade Racial do Governo Federal) e de forças minoritários do Movimento Negro Brasileiro deixou um saldo negativo e um sentimento de derrota na maioria da militancia e entidades negras. Este sentimento trouxe para a cena, uma mobilização pelo NÃO SANCIONAMENTO do “ESTATUTO” pelo Presidente Lula. Porém depois de uma lista com mais de 300 assinaturas, 178 entidades negras e populares encabeçadas pelo MNU ( Movimento Negro Unificado), CEN ( Coletivo de Entidades Negras), FONAJUNE ( Forum Nacional de JUVENTUDE NEGRA), Circulo Palmarino e pela CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas, UNEAFRO, pedindo a retirada o estatuto do senado, observa-se agora, que o sentimento de repudio ao Estatuto aumentou AGLUTINOU EM TODO PAÍS ORGANIZAÇÕES HISTÓRICAS IMPORTANTES NA QUESTÃO RACIAL E POPULARES NO PAÍS COMO MST, TRIBUNAL POPULAR, E SINDICAL COMO INTERSINDICAL, CONLUTAS E FASUBRA, QUE SE RECUSAM A FESTEJAR O SANCIONAMENTO DESTE ESTATUTO PROMOVIDO PELO GOVERNO BRASILEIRO, NESTE 20 DE JULHO QUE FICARÁ MARCADO NA HISTÓRIA COMO DIA DO RETROCESSO DE 50 ANOS NA HISTÓRIA DE LUTA DO MOVIMENTO NEGRO BRASILEIRO. A escalada de ataques as conquistas da população negra começou com as ADI contrarias as cotas, depois, com o uso do mesmo instrumento no STF, contraria a atual regulamentação ds terras quilombolas, por iniciativa dos ruralistas do DEM e do PMDB.A aprovação do estatuto excluiu as cotas (serviço público, universidades e candidaturas nos partidos politicos, o direito a Reparação Indenizatória, os Direitos Quilombolas e os Avanços das Políticas de Saúde da População Negra); provocou um retrocesso em todas as reivindicações e conquistas do MN brasileiro nos ultimos 50 anos, com a descaracterização da nossa africanidade, da nossa herança negra, de responsabilização do escravismo como crime de lesa humanidade, e até de auto-reconhecimento da nossa negritude, com o proposito de apagar com um passe de mágica, 500 anos de historia nacional, e a participação de negras e negros. A maior agressão sob o mando ou a conivência dos estados, tem sido o genocídio perpetrado contra a juventude negra, em todos os governos. O uso do DO APARATO ESTATAL como justificativa para os assassinatos de jovens e da população negra EM CONFRONTO POLICIAL, bem como o Golpe dos Ruralistas do DEM e do Governo serve para legitimar estes crimes, e tentar recolocar os negros, naquilo que eles julgam ser nosso lugar, longe das boas escolas, das universidades públicas, dos bons empregos, da representação política, fora do poder. Por esse motivo ,conclamamos a Assembléia Negra e Popular e da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas , no dia 30 de junho em Brasília , que reuniu , 150 lideranças do MN e Quilombola , de Organizações Populares , Sindicais e deliberamos que estariamos fortalecndo este processo nos Estados e Regiões de forma Organizada. A Primeira Assembleia foi realizada na Bahia com Auditório da Universidade Católica da Lapa lotado de lideranças quilombolas que vieram das diversas regiões e das zonas de Conflito do Reconcavo Baiano , lideranças de Matriz Africana dos Terreiros que hoje assumem o Projeto Mulheres da Paz na BA, o segmento de Juventude Negras das Periferias da Cidade mais negra do país , organizaçoes importante como a CPP – Comissão Pastoral dos Pescadores da BA e a Steve Biko compuseram esta Frente além de setores sindicais importantes como a Secretaria de Combate ao Racismo da CUT BA e a Intersindical , sendo que CONLUTAS esteve presente em nossa Assembléia Nacional . Hoje dia 20 JULHO estará se realizando na Cidade POA , a Assembléia Estadual do RS, no Quilombo da Família Silva , aglutinando os mesmos SETORES e outros organizados e articulados nacionalmente , O Quilombo Silva trata-se do I Quilombo Urbano titulado no País que se constitui na história dos Quilombos Urbanos , um marco político e do ordenamento jurídico que regulariza os Territórios Negros Urbanos que enfrentam nos grandes centros a violência do Mercado Imobiliários assim como os Quilombos Rurais enfrentam os Ruralistas organizados no País a exemplo do DEM e da ADI 3239 que tenta retirar os direitos quilombolas , garantidos constititucionalmente e através do Decreto 4887 , que se torna na conjuntura atual a ameaça aos Fazendeiros de justiça no campo e na cidade. Apesar desta justiça estar muito longe da realidade , quando os numeros que vemos com relação questão quilombola principal força na base desta mobilização, secularmente protagonizando esta luta e tomando como referência a luta na base , com ocupações do Incra em vários estados, e mobilizações de massa como no RS combatendo e resistindo contra o descaso com a nossa causa e os ritmos extremamente lentos no que se refere a demarcação e titulação dos nossos territórios. Cabe ressaltar, o baixíssmo orçamento para as polít icas quilombolas e a execução destes orçamentos, com re cursos contingenciados e desviados para qualquer outra finalidade , menos para efetiva implementação das ações quilombolas , sobretudo no que se refere ao processo de Regularização Fundiária. Ainda neste tema , há praticamente cinco anos o …