O Dia da Criança que a TV não mostra

Foi lindo. Centenas de crianças sem terra, do movimento social mais importante do mundo, o MST, visitaram as comunidades do Morro Santa Teresa, onde milhares de crianças tiveram (talvez ainda tenham) suas moradias ameaçadas pelo Governo do RS que, atendendo a interesses de especuladores imobiliários, montou um projeto para tirá-los de casa. Isso tudo aconteceu, literalmente, na porta de todas as TVs em Porto Alegre (ficam no Morro Santa Teresa), mas apenas a TVE esteve lá para registrar o dia das crianças criminalizadas por esses próprios veículos de comunicação. Em qualquer lugar do mundo, com uma imprensa que tenha um mínimo de dignidade, esse acontecimento seria notícia amplamente coberta pela mídia. Mas as TVs estavam ocupadas em descer para o asfalto e registrar apenas outra infância, no centro da cidade. Veja mais sobre a caixa preta gigante, em que as crianças puderam entrar dentro e ver a foto da cidade vista do alto do morro. No Celeuma. Leia mais sobre a celebração da criançada no blog do Levante Popular da Juventude. Fotos 01,02,03 e 04 de Leonardo Melgarejo.

Haiti, para não esquecer

Anselmo Kanaan, amigo e lutador dessas bandas do sul, está no Haiti. Vendo agora à tarde que ele lia seus emails, perguntei como estava por lá. A resposta: “Cara, estamos peleando. Muito mesmo, miséria em qualquer canto. Assisto enterro à toda hora. Temos que pensar outra sociedade. Esta podre. Um abraço para os guerreiros.”

Sem Terrinha visitam Morro Santa Teresa no dia da criança

Cerca de 500 crianças Sem Terra vão conhecer a realidade da criançada que vive na cidade. Para comemorar o Dia da Criança, em torno de 500 meninos e meninas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) irão visitar a realidade das famílias que vivem no Morro Santa Teresa, em Porto Alegre. A manhã de terça-feira, dia 12 de outubro, vai servir para que a criançada do campo conheça o espaço e a luta das comunidades urbanas por meio de caminhada e confraternização. A atividade dos Sem Terrinha no Morro vai sair da Vila Gaúcha, às 9 horas, e passar pelas Vilas Ecológica e União Santa Teresa. Crianças de outros movimentos também irão participar do encontro, como do Quilombo dos Silva, do Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis e do Comitê de Resistência Popular da Restinga. Toda essa criançada vai ao Santa Teresa para realizar um manifesto de solidariedade e união entre o campo e a cidade. Os Sem Terrinha são crianças que têm a identidade da classe trabalhadora, são filhos e filhas da luta que inspiram o próprio MST. O movimento que defende o direito de estudar das crianças por meio da luta por escolas e pelo direito de ser reconhecido no campo como sujeito de sua própria história, a luta pela soberania popular.

Encontro dos Sem Terrinha

As crianças dos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra querem te convidar para um encontro muito importante. Trata- se do 14o Encontro Estadual dos Sem Terrinha que acontecerá nos dias 11, 12 e 13 de outubro, na semana da criança, para estudar, brincar e reafirmar que dia da criança também é dia de luta por educação. Convidamos você para junto com a gente dizer bem alto, pra todo mundo ouvir que Fechar escola é crime! E que os Sem Terrinha estão em luta na defesa da Escola Itinerante. Nosso encontro terá lugar, no assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul, e segue a seguinte programação: 1o dia (11/10) Abertura e Oficinas Pedagógicas 2o dia (12/10) Visita ao Morro Santa Tereza/POA – crianças do campo e da cidade; Confraternização 3o dia (13/10) Visita ao Morro Santa Tereza/POA – crianças do campo e da cidade; Mobilização das crianças – Marcha em defesa da Escola Itinerante/POA É bom lembrar que, se não puderes participar de todo o encontro, tua presença no dia 13 de outubro (quarta-feira) é imprescindível. Sairemos da Praça XV às 9h rumo ao Ministério Público Estadual. Sem Terrinha – MST/RS

Todas as pessoas compartilhando todo o mundo

Imagine que não há paraísoÉ fácil se você tentarNenhum inferno abaixo de nósAcima de nós apenas o céuImagine todas as pessoasVivendo para o hoje Imagine não existir paísesNão é difícil de fazê-loNada pelo que matar ou morrerE nenhuma religião tambémImagine todas as pessoasVivendo a vida em paz Você pode dizerQue eu sou um sonhadorMas eu não sou o únicoEspero que um diavocê se junte a nósE o mundo, então, será como um só Imagine não existir possesMe pergunto se você consegueSem necessidade de ganância ou fomeUma irmandade de homensImagine todas as pessoasCompartilhando todo o mundo Você pode dizerQue eu sou um sonhadorMas eu não sou o únicoEspero que um diaVocê se juntará a nósE o mundo, então, será como um só (o sonho de um cara que faria hoje 70 anos)

DOIS PESOS…

por Maria Rita Kehl (Artigo que provocou a demissão da colunista do Estado de São Paulo por “delito de opinião”. Os donos dos jornais e a classe social que os controla não consegue ver, ouvir e ler certas coisas…) Este jornal (O Estado de São Paulo) teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro. Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola. Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola. Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida. O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”. Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano. Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos. Maria Rita Kehl é psicanalista, doutora em psicanálise pela PUC de São Paulo, poeta e ensaísta. É autora de vários livros, entre os quais se destacamSobre ética e psicanálise (2002) e Videologias, escrito em parceria com Eugênio Bucci, publicado pela Editora Boitempo em 2004. Artigo publicado originalmente no diário conservador paulistano O Estado de São Paulo, após o qual a autora, por decisão do Conselho Editorial do jornal, foi demitida na última terça-feira.

Tentativa de golpe no Equador

O presidente Hugo Chávez anunciou pela Telesur, uma emissora da Venezuela, que o presidente do Equador Rafael Correa foi sequestrado e está em um hospital da Polícia de Quito. Chávez falou diretamente com Rafael Correa por telefone e ele teria dito que não vai ceder e esta disposto a morrer. O embaixador do Equador na Argentina, afirmou na Telesur que a polícia está utilizando a lei de reforma salarial como pretexto para realizar um golpe de estado.A população cercou o hospital onde está o presidente para resgatá-lo e a polícia está reprimindo com bombas e tiros contra a população que tenta resgatar o presidente. fonte Telesur