6 anos de Catarse

Parabéns, Catarse, parabéns ao coletivo que toca este projeto! E um obrigado especial a todos os colaboradores, que, sem a força que nos deram, seria praticamente impossível estar hoje em um processo claro de consolidação.E àqueles que gostam do nosso trabalho, acreditam, esperam, bom, aguardem, pois vem muito mais por aí!

Festa de 1 ano da titulação do Quilombo da Família Silva

A família Silva convida a todos para a comemoração de 1 ano da titulação do primeiro quilombo urbano reconhecido do Brasil. A festa começa as 20 horas no quilombo, que fica na rua João Caetano, 1170, no bairro três figueiras em Porto Alegre. Veja o vídeo produzido pelo coletivo catarse no ano passado, dia da titulação do quilombo.

A busca de maria

Vídeo em animação feito ano passado dentro do projeto Ponto Brasil. A iniciativa reuniu coletivos de todo o brasil para experimentar e produzir conteúdo artístico para a TV. Foi uma experiência única de criar conteúdo de forma colaborativa e desenvolver arte audiovisual livremente. grande aprendizado…

Na semana farroupilha ninguém fala da traição de Porongos

O Grande Tambor é o nome do documentário que está sendo produzido pelo Coletivo Catarse. Estamos apresentando mais um teaser de divulgação do filme que estréia em novembro, onde Mestre Baptista fala sobre a homenagem que pretende fazer aos lanceiros negros assassinados na traição de Porongos. Eles eram os que realmente lutavam por liberdade.

Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos na América Latina

COLETIVA DE IMPRENSA Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos na América Latina com Fernando Campos Costa, da Amigos da Terra Brasil; Marigsa Arevalo, da Madre Tierra de Honduras; Eduardo Aguilar, da Asociación Comunidades Ecologistas la Ceiba da Costa Rica; Clara Brun, do Sobrevivência, do Paraguai e Jeremias Filipe do Justiça Ambiental, de Moçambique. HOJE, 21 DE SETEMBRO15 horasPLENARINHO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 3º ANDAR A organização ambiental Amigos da Terra Brasil em parceria com as Comissões de Direitos Humanos, Saúde e Meio Ambiente e Educação realiza nesta terça-feira, 21 de setembro, às 16 horas, no Plenarinho da Assembléia Legislativa, o Painel Internacional “Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos na América Latina”. O evento integra a 4ª edição da Escola de Sustentabilidade dos Amigos da Terra da América Latina e Caribe, promovida pela Amigos da Terra Brasil, entidade com sede em Porto Alegre e membro da Federação Friends of the Earth Internacional (FoEI), presente em mais de 70 países. Serão painelistas, Fernando Campos Costa, da Amigos da Terra Brasil; Marigsa Arevalo, da Madre Tierra de Honduras; Eduardo Aguilar, da Asociación Comunidades Ecologistas la Ceiba da Costa Rica; Clara Brun, do Sobrevivência, do Paraguai e Jeremias Filipe do Justiça Ambiental, de Moçambique. Também estarão presentes representantes da FoEI da Argentina, Uruguai, Bolívia, Guatemala, México, Colômbia, El Salvador, Honduras e Haiti. O evento é aberto ao público e também estão convidados, parlamentares, pesquisadores, autoridades do Poder Judiciário, promotores públicos, movimentos sociais e grupos ligados ao tema. O que: “Painel Internacional Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos na América Latina”Quando: 21 de setembro, terça-feiraHorário: 16 horasOnde: Plenarinho da Assembleia Legislativa (3° andar)

Muro

por Janaina Bechler Hoje fiquei um tempão procurando meu pai na Santa Casa. Entrava aqui e lá, ninguém sabia ao certo onde eu podia encontrá-lo. Me disseram então: ele está no bloco cirúrgico do hospital Santa Clara. Lá fui eu, na recepção o moço numa minúscula escrivaninha, quase improvisada no corredor, confirmou olhando papéis, ele estava lá. Chegando na sala de espera haviam muitas pessoas, mas não encontrei minha mãe, que acompanhava ele. Então segui pelos corredores. Um tanto sujos se eu olhava para baixo. As janelas aliviavam, mas eu não deixava de estar em páginas de outras batalhas, filmes e livros com aqueles mesmos doentes e suas camas. Muitas camas em cada sala. Cheguei a olhar na porta de duas delas. No instante pensei se eram o ambiente certo para quem se recupera de uma cirurgia. De novo aquela imagem da guerra que eu não conheço, mas que já li e vi encenada. Meu pai estava lá, em cada cama, ausente, debaixo de cobertores mesclados e escondendo a cabeça daquela luz massiva e branca, cegueira de Saramago, por certo, nos olhos de todos. Saí das salas imaginando o que fazia minha mãe, se ela havia se perdido em pensamentos como os meus, não atendia ao telefone. Adiante ainda, no corredor maior, um homem usava sotaque para contar uma história longa a uma enfermeira. Muita cumplicidade perecia caber naquela dupla, um de cadeiras de rodas, uma de jaleco, próximos à janela que deixava ver a imagem de São Fransisco fincado no aprazível jardim, lá embaixo. Voltei ao homem que me recebera naquele prédio: – tens certeza que ele está aqui? Repeti o nome do meu pai. -Ah, por nome não tenho como saber. – Não? Como posso saber? O senhor me disse que ele estava aqui, conferiu no papel. – A senhora me disse que ele havia entrado para uma cirurgia. Diga, é SUS? – Não, convênio. – ah, então não é aqui, não. Vá ao hospital São Francisco, lá há um bloco cirúrgico com mesmo nome, mas para convênios. Era Barata, o nome. Não desse homem, do bloco cirúrgico. Me embrenhei de novo naquele labirinto-complexo, encontrei o prédio São Francisco. Fui recebida antes de explicar ao que vinha, por uma porta que abre sozinha e um homem de terno, sentado em uma mesa confortável para um computador. Ele me perguntou o que procurava, voluntariamente. Digitou o nome do meu pai e soube me dizer uma planilha com todos os procedimentos até então realizados. Precisava pegar o elevador, ir ao terceiro andar, onde esse bloco cirúrgico Barata estava localizado. Não era radical a diferença dos dois Baratas, mas o chão estava mais limpo e meu pai, nomeado. Encontrei minha mãe sentada em um sofá, compartilhando angústias com as mulheres e homens de lá e de cá que aguardavam a notícia enigmática da vida depois da anestesia. Sentei com ela e esperei. Logo caminhei esses outros corredores e tive curiosidade pelos quartos, camas e doentes em recuperação: as portas estavam fechadas. Ali a recuperação era privada. (em 17 de setembro)

Paraguai abre os arquivos da Ditadura Militar e descobre documentos da Operação Condor

O Coletivo Catarse esteve em agosto em Assunção, no Paraguai, para acompanhar a abertura dos arquivos da ditadura militar daquele país. Em parceria com o Outro Olhar, o quadro do jornalismo participativo da TV Brasil, veiculou esta semana uma série de quatro reportagens que incluem a informação de que a Operação Condor ainda existe. Na primeira reportagem da série você vai ver que o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, e o Ministro da Defesa, Luis Bareiro Spaini, decidiram abrir o ventre do Condor e, pela primeira vez, liberaram os arquivos da ditadura. Com esta decisão, toda a América Latina poderá ter acesso a uma parcela importante da história. A abertura dos vídeos aparece em branco, mas é só clicar que as reportagens estão aí: Na segunda reportagem da série o professor Martin Almada, pesquisador e sobrevivente da Operação Condor, denúncia que, durante a ditadura militar, o general Figueiredo, na época, chefe do Serviço de Inteligência do exército brasileiro, teria criado a primeira escola de assassinos do Brasil e do Paraguai: Na terceira reportagem da série Operação Condor o Ministro da Defesa do Paraguai, Luis Bareiro Spaini, faz um balanço da importância da abertura dos arquivos e aproveita para cobrar do Brasil a devolução de documentos paraguaios que estão em posse do governo brasileiro desde o fim da Guerra da Tríplice Aliança, em 1869: Na quarta e última reportagem da série Martim Almada, pesquisador e sobrevivente da Operação, faz uma denúncia e afirma que a Operação Condor continua. O nome mudou para Conferência dos Exércitos Americanos. Mas agora, segundo Almada, quem comanda a operação é o general do exército do Peru: A série, assim como toda a produção do Coletivo Catarse, é copyleft. Você pode linkar estas reportagens em seu blog ou site direto do provedor da TV Brasil:Matéria 1: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/9631/Matéria 2: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/9653/Matéria 3: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/9686/Matéria 4: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/9713/ As reportagens sobre a Operação Condor realizadas pela Catarse levou a TV Brasil a produzir outras sobre o tema, inclusive, impulsionou a cobertura de pautas relacionadas à ditadura: Entrevista com Jaime Antunes da Silva, Diretor do Arquivo Nacional. Clique aqui.Cientista político Carlos Vidigal comenta Operação Condor. Clique aqui.Tortura ainda assombra o Brasil. Clique aqui.Polícia Federal investiga desaparecidos políticos. Clique aqui.

Dona Maria, aos 85 anos

Dona Maria, 85 anos, vende panos de prato. Dona Maria, 85 anos, em pé, na calçada, vendendo panos de prato. 85 anos tem Dona Maria, que se escora numa parede entre duas lojas, numa avenida que aos berros de buzinas e freadas grita em seus ouvidos fracos. Dona Maria já bem gastinha, mão pequena, rosto enrugado. Dona Maria fala baixinho, mas não reclama, diz que gosta de falar com gente. Dona Maria tem uma dor no lado direito da cabeça, que precisa operar. Dona Maria, esta velhinha que agradece lembrando seu Deus, e sorri sem jeito, e se escora na parede, e sente dor na cabeça, e pendura em seus braços panos de parto, e enche a calçada com sua figura frágil, e que me olha doce, e que precisa estar em pé na rua pra sobreviver, aos 85 anos de idade, aos 85 anos de idade, aos 85 anos de idade.