Hoje faz um ano que assassinaram Elton Brum

Ele está morto. Faz um ano. Um tiro pelas costas. O assassino um funcionário do Estado, armado e fardado. Elton lutava para que na terra se fizesse justiça: um lugar pra plantar e viver, como é direito. Aqui, a obra (foto acima) do artista Mexicano Pedro Reyes na 7ª Bienal do Mercosul. Uma fotonovela sobre os momentos de tensão e violência passados na Fazenda Southal (São Gabriel/RS), onde Elton foi assassinado. Os acampados encenam as próprias situações que viveram. O trabalho sofreu censura, cortes de caráter político. Ontem pela manhã (foto abaixo), centenas de pessoas fizeram um ato em homenagem a memória do sem terra, em frente à sede do Incra, no RS. “Paz não é passividade”, nos lembra o artista Pedro Reyes. Hoje, sábado, 21 de agosto, a Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta Favela convida para um ato simbólico na Esquina Democrática, às 12h. Abaixo, o texto em que convocam tua presença: UM ANO DA MORTE DE ELTON BRUM DA SILVA Há um ano, no dia 21 de agosto, em mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel, o confronto resultou no assassinato do trabalhador rural sem terra Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu. As informações sobre o despejo relatam que Brum foi assassinado por um soldado da Brigada Militar quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência, ele foi morto com um tiro de calibre 12 pelas costas. Em julho deste ano foi concedida à família de Elton uma indenização mensal de 70% do salário mínimo. Mas será que é isto que vale uma vida??? Até quando perderemos companheiros? Até quando o Governo Yeda e a Brigada irão agir de forma fascista??? Basta de mortes!! Basta de eleger assassinos!!! Chamamos todos os movimentos, coletivos, amigos e insatisfeitos com essa política de Estado para o ato sombólico AMANHÃ DIA 21/08 ÀS 12 NA ESQUINA DEMOCRÁTICA. Aqui, a postagem que fizemos há um ano, com a nota púlica do MST e a foto do Elton morto pelas mãos ignorantes do Estado.

Paraguai abre os arquivos da ditadura militar

Veja a Reportagem sobre a abertura dos arquivos da ditadura no Paraguai: O governo do Paraguai abriu para a sociedade civil os arquivos da ditadura militar. A Catarse esteve no dia 16 de agosto em Assunção para acompanhar abertura que foi pedida pelo Presidente Fernando Lugo e pelo Ministro da Defesa, o militar Luis Bareiro Spaini. É o primeiro País da América Latina que permite a liberação destas informações. Estes arquivos são parte importante da Operação Condor, ação coordenada pelos estadunidenses que implantou ditadura em todos os países latinos. Desde então, começou uma perseguição em todo o continente sul americano não só aos comunistas, mas a familiares e pessoas próximas. Prenderam muitos dirigentes sindicais, movimentos sociais, religiosos, estudantes e professores, como no caso de Martin Almada, coordenador do Projeto Historiográfico de Investigação Militar. Professor Almada foi preso porque usava nas aulas os livros de Paulo Freire. Sua esposa desapareceu e ele tem esperança de encontrar alguma informação dela e de outros desaparecidos pela Operação Condor. Almada afirma com convicção que, os militares nunca queimam seus arquivos e desconfiou de uma parede no porão do Minstério. Atrás da parede concretada pelos militares, se encontra quase duas toneladas de documentos referentes a ditadura no Paraguai. Como o Paraguai era a estrutura mais importante da Operação Condor na América Latina, Almada acredita que este porão abandonado é o ventre da Operação Condor. Os Porões do Ministério da Defesa, conhecidos como inferno, escondiam milhares de documentos, registros de entrada e saída do país, viagens realizadas pelos militares, investigações que estavam se decompondo devido à umidade, aos ratos e baratas. Almada diz que é muito lento o processo de limpeza, catalogação e digitalização e que a equipe dispõe apenas de três pessoas. A sala para analisar o arquivo é pequena e não tem uma estrutura para disponibilizar todas estas informações em pouco tempo. Por isso pede ajuda para universidades e estudantes que queiram pesquisar e contribuir para a organização e publicização destas informações. Segundo professor Almada, estes documentos poderiam esclarecer a verdade, que é histórica e que está sendo encondida da sociedade latinoamericana. “E para que se faça Justiça e que os torturadores e assasinos sejam presos”. Esta reportagem é a primeira de uma série de quatro, que vai ao ar a partir da próxima segunda-feira no telejornal da TV Brasil.

Presidente Lugo no Forum Social das Américas

O Coletivo Catarse esteve em Assunção no Paraguai para acompanhar o IV Fórum Social das Américas e registrou o discurso do Presidente Fernando Lugo em meio aos protestos contra a militarização da Colômbia e a ameaça de ataque à Venezuela, diz que não há espaço para guerra na américa latina. Veja o vídeo do discurso de Lugo.

Oficina audiovisual no Ventre Livre

Proporcionar reflexões sobre a nossa relação com a produção de conteúdo audiovisual – estética e política, a linguagem e a realidade das pessoas que se apropriam do fazer artístico para enxergarem melhor suas realidades, mostrando ao mundo suas semelhanças e diferenças. Esta foi a abordagem do primeiro encontro da Oficina para Reflexão de Produção de Audiovisual realizada pelo Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre, com a presença dos oficineiros do Coletivo Catarse, Gustavo Türck e Tiago Rodrigues. A Oficina teve presença de trabalhadoras de muitas áreas e diferentes cantos do Grupo Hospitalar Conceição – agentes comunitárias de saúde, técnicas de enfermagem, assistentes sociais, dentistas, bioquímica, enfim, pessoas que trabalham nos postos e nos hospitais do GHC. Oficineiros e oficinandos trocando experiências, somando seus fazeres e saberes, refletindo sobre novas práticas e possibilidades na promoção de saúde e cultura. Esta é a proposta dos encontros que prosseguem no próximo dia 25 de agosto no Ponto de Cultura Ventre Livre localizado na Vila Jardim em Porto Alegre e terão a duração de 2 meses. Conheça o Ventre Livre

Dona Noeli, sua casa, suas dores, seus retratos

Dona Noeli mora num beco que começa na Rua São Leopoldo, Vila Jardim, em Porto Alegre. Estivemos com ela para um projeto fotográfico com as famílias do bairro. “Quando eu comprei, isto aqui (este terreno) era uma igrejinha católica. Não era esta casa. Eu comprei mesmo por causa do lugar, não pela casa. Inclusive, quando eu me mudei pra cá, não pude nem colocar a geladeira pra dentro com medo de afundar o assoalho, de tão velha. E depois, passou um tempo, eu consegui deixar ela melhorzinha, melhorei um pouquinho a casa. Esta já é a segunda que eu fiz com casa premontada que eu comprei bem baratinha. Nem era pra ter feito a casa com as madeiras verdes. E fiz logo em seguida que eu comprei, abriu todas as frestas, foi bem mal feito. Essa casinha foi levantada numa tarde de domingo, da uma e meia até às dez da noite, pra nós não ficar na rua. Um senhor veio e disse: ‘Garanto que até às 10 horas da noite a senhora está dentro da tua casa.’ E aí nós começamos. Todo mundo, eu e as gurias, a mãe daquele ali. Cada uma num prego ajudava a botar as madeiras, e o assoalho nós fomos pregando. Olha, todo mundo botou a mão!” “Tem que tá cuidando quando os guris começam a jogar bola. Me dá um estado de nervo! Ontem mesmo quase a bola pegou num fio. Se pega no fio com força, nós podíamos tudo se queimar. Teve uma noite que foi um sacrifício apagar o fogo nesse poste. A sorte que a minha filha atinou a pedir um sarrafo e bater pra apagar o fogo. Foi batendo e conseguiu apagar. Foi bem encostado da casa, neste poste aqui. Que ia acontecer? A malocada tudo ia morro abaixo. É um perigo…” “Faz quanto tempo que o DEMHAB ficou de me dar as madeiras pra reformar a casa? Esqueceram de mim?! Eles vieram aqui há pouco tempo, trazendo as coisas do meu filho, o Miro. Eles estiveram aqui e olharam de novo. “A gente vai trazer pro teu filho e depois pra senhora.” Então trouxeram pra minha irmã ali embaixo e nem falaram mais. E eu também larguei de mão. O Leomar que falou com eles a primeira vez. Trouxe eles aqui dentro, me cumprimentaram, eles olharam. E eles se comprometeram. Mas esqueceram de mim…” Na rua em pedaços, pedaços de casa, Noeli-pedaços junta tábua com tábua, carne com carne, riso com choro. De tantas histórias, um quebra-cabeças, contra o mundo se quebra. Mãe-coração, avó-coração, a mulher pulsa. Uma flor no quintal, as dores secam no varal nos dias de luz. Foto-família é liga, é cimento nas paredes e assoalhos, onde tudo se pisa, todos se pisam, se penduram, se sustentam. Uma casa suspensa na ladeira dos sonhos. O lugar, o tempo, o caminho, a morte, a vida. Noeli-fibra, Noeli-raiz, Noeli-esperança. Estamos devendo pra ela um vídeo pra levar ao DEMHAB (Departamento Municipal de Habitação) sua denúncia e seu pedido de ajuda. Fotos de Fernanda Rechenberg, depoimentos de Dona Noeli e nosso texto sobre ela integram o livro Famílias do Jardim Clique neste link para baixar o catálogo de fotos Famílias do Jardim. Clique neste link para baixar o filme Famílias do Jardim.

Guardar na Memória

Produção do Coletivo Catarse com financiamento da Descentralização da Cultura de Porto Alegre. Planejamento gráfico e diagramação do livro por Rafael Corrêa.Fotos de Fernanda Rechenberg e textos de Jefferson Pinheiro e Janaina Bechler.