"uma vontade imensa de olharmos para um estado de coisas que nos atiça"

A vertigem do trampolim: como em um mergulho das alturas transpor com a mais impetuosa força do corpo a líquida, fluida, densa e propulsora realidade da alma do país. Na justeza da primeira pessoa a inevitável insuficiência de que não se pode escapar. Um salto kinético de dura precisão, com olhos desde o céu ao chão do Sertão: é Viajo porque preciso, volto porque te amo, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz. Assisti ontem à tarde e recomendo pelo afeto à força popular: é um filme brasileiríssimo, com uma vibrante composição de ritmo das fortes variações da dor de amar. Não perca: no Unibanco Artiplex POASala 8 16:30 | 20:20 | 22:00 Título da postagem: trecho da fala de Aïnouz na entrevista do pressbook.

É o sonho

“O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro.” Fala de Tuahir, no livro Terra Sonâmbula.

Viajo porque preciso, volto porque te amo

Ano passado, numa conversa do FestFotoPoa, falando sobre a realidade das comunidades populares, o fotógrafo Ripper disse que, hoje, tão revolucionário quanto fazer a denúncia da pobreza, do descaso e da violência, é mostrar a beleza que pulsa nesses lugares, da beleza das pessoas, da resistência da vida, apesar dos problemas e sofrimentos. Diante da insensibilidade e da estupidez, do egoísmo e da morte (de muitas coisas importantes e bonitas), eu acredito a cada dia com mais sinceridade que luta e poesia estão tão ligadas quanto carne e pele. É impossível arrancar uma da outra, como condição para não terminar com a existência das duas. Penso nisso agora assistindo ao trailer do filme Viajo porque preciso, volto porque te amo, que entrou em cartaz na última sexta-feira, me agarrando a poesia como quem luta pra manter as narinas abertas. Sobre ele, escrevem Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, que o fizeram: Nascemos e fomos criados no litoral do nordeste do Brasil. Para nós dois, o Sertão sempre foi um lugar imaginado, recorrente nas conversas de família. Era o lugar onde nasceram nossos avós. Esse filme se origina na nossa curiosidade e fascinação por esse lugar. Um lugar que conhecíamos muito bem, mas para o qual nunca havíamos ido. Escolhemos contar uma história em primeira pessoa, através de um personagem que fosse viajando e coletando imagens, sons, músicas; comentando suas impressões da paisagem meio-conhecida, meio-desconhecida. Um personagem que fosse encontrando gente, mas que também fosse descrevendo esse lugar e seus habitantes, fisicamente, factualmente. Imaginamos um filme que pudesse produzir a sensação de estarmos ali, que pudesse retratar o encantamento e, ao mesmo tempo, o estranhamento de mergulhar naquele lugar. Era importante um filme à flor da pele, pessoal, artesanal, improvisado – como um álbum de família, como um filme “carta de amor”, “feito à mão”. Clique aqui para baixar o pressbook do filme.

Fora do ar, dentro do ar

Estivemos com problemas no serviço de provedor e ficamos sem receber emails de sexta à tarde (07.5) até agora pela manhã. Pedimos desculpas caso alguém tenha tido dificuldades em contatar conosco. O site também esteve fora do ar no domínio .com, mas funcionando normalmente pelo endereço do blogspot. Tudo se regularizando por agora, estamos dentro do ar novamente. Vamos em frente, coração aberto e bodoque em punho. Saudações dos comunicadores catársicos!

12/05 – Mostra de Vídeos: Coletivo Catarse e a Cultura livre

O Coletivo Catarse participa do Circuito Cultural O Dilúvio organizando a mostra de vídeos e debate sobre Cultura Livre. Tecnobrega e a Cooperativa LAVACA. As charges engajadas de LATUFF e a producão cinematográfica nigeriana. Desinformémonos e batuque do Sopapo. A generosidade compartilhada como base da comunicação. Quando: 12 de maio de 2010 – 20hOnde: Boom Gaia Bar – Rua Vieira de Castro, 02 [perto da Redenção]Entrada livre Circuito Cultural O Dilúvio – festival de cultura.“A necessidade de integração entre as diversas artes, seus praticantes e espectadores. Foi pensando nisso que se começou a estruturar a ideia do circuito de eventos, que pudesse estabelecer uma agenda periódica na cidade com eventos culturais. Show, acústico, talk show, debates, mostra de vídeo, tudo misturado num caldeirão que definitivamente não é o do Huck. Enfim uma tentativa humilde e um tanto ufanista de integração cultural a fim de oferecer mais opções de qualidade ao público e mais espaço ao artista”.texto: Zumbira, para o blog O Dilúvio [divulgação]. Divulgue o convite para um bom debate.

A Igreja de Oxum em Rio Grande – RS

O projeto Tambor de Sopapo desenvolvido pelo Coletivo Catarse entrevistou Maria da Graça Amaral, que participou do projeto Cabobu e recebeu um dos quarenta sopapos produzidos pelo mestre Baptista. Maria da Graça esta concluindo o curso de serviço social e trabalha no acolhimento de estudantes estrangeiros provenientes dos países africanos de língua portuguesa, como Guiné Bissau, San Tomé e Principe, Moçambique e Angola, que procuram a Universidade de Rio Grande para estudar. Durante toda a faculdade pesquisou sobre o preconceito e a discriminação social sofridos pelos negros no sul do Brasil e que, segundo Graça, ainda existe. Maria da Graça contou que esta Igreja da Nossa Senhora da Conceição dos Negros foi fundada por uma irmandade de escravos libertos para que pudessem rezar separado dos brancos. Explicou que esta irmandade se encontrava, por volta de 1808 no fundos da Igreja São Pedro, que é uma das igrejas mais antigas do Estado com 250 anos. Logo depois, em 1814 fundaram a igreja dos negros, com uma clara referência a OXUM, pois com a ditadura dos católicos, os africanos escravizados sincretizaram a deusa dos rios e cachoeiras em Nossa Senhora da Conceição, para que pudessem rezar e serem aceitos na sociedade. Segundo Graça, a falta de referência aos escravos que criaram a irmandade que ajudou na construção da Igreja é devido a falta de conhecimento da comunidade sobre a sua própria história e que “quase ninguém sabe que ela foi fundada pelos negros”. Mesmo assim, sempre no dia 08 de dezembro, que é dia de Nossa Senhora da Conceição, acontece uma comemoração na cidade onde a comunidade do candomblé entra na igreja e faz suas oferendas a Oxum, que nada mais é do que a Nossa Senhora da Conceição dos negros. Publicado por Sérgio Valentimfotos Gustavo Turck e Leandro Anton

O mercado de escravos em Rio Grande-RS

O Coletivo Catarse está em Rio Grande desenvolvendo o Projeto Tambor de Sopapo e entrevistou André Brisolara no mercado do peixe onde era feito o comércio de negros escravizados na época das charqueadas. A maioria destes escravos chegava pelo porto de Rio Grande e eram acorrentados nas colunas do mercado para serem expostos à venda. André nos contou que os escravos eram lavados ali em frente e acorrentados nestas argolas, onde ficavam em exposição para o comércio. Uma legítima feira de escravos no tradicional mercado público de Rio Grande.

Incra não cumpre meta e titula 2 territórios quilombolas em 2009

As comunidades quilombolas seguem sem ter muito o que comemorar. Em 2009, somente dois territórios tradicionais, ambos no Rio Grande do Sul, foram titulados. O número ficou abaixo do esperado, já que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) divulgara, em 31 de julho de 2009, que 11 comunidades seriam beneficiadas com os títulos definitivos até o final do ano. A meta não chegou nem perto de ser cumprida. A ONG Repórter Brasil publicou hoje um extensa reportagem sobre o tema. Clique aqui para ler na íntegra. Leia a íntegra do estudo “Terras Quilombolas – Balanço 2009”