A internet como direito humano essencial

Texto de Carlos Castilho, publicado no Observatório da Imprensa ontem, 09/03/2010. Quatro em cada cinco pessoas entrevistadas pela rede britânica de televisão BBC afirmaram que o livre acesso à internet e à Web deve ser considerado um direito fundamental dos cidadãos porque a informação tornou-se hoje um componente obrigatório da vida social. A pesquisa foi feita em 31 países (incluindo o Brasil) onde foram entrevistadas 27.973 pessoas tanto por telefone como por questionário presencial. A coleta de dados aconteceu entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010. Os resultados foram divulgados no final de fevereiro e podem ser examinados num informe executivo publicado pela BBC. A investigação indica que as pessoas estão valorizando cada vez mais a informação como um direito humano quase no mesmo pé da liberdade de expressão. É claro que este tipo de percepção é compartilhado majoritariamente por indivíduos que já tem atendidas necessidades elementares como cãs, comida e emprego. O que impressiona é a alta incidência de pessoas que consideram o acesso à internet como essencial na sociedade contemporânea. Os índices mais altos foram registrados na Coréia do Sul (96% dos consultados) e México (94%). Nada menos que 91% dos brasileiros entrevistados também se colocaram do lado dos que defendem a universalização da internet gratuita. A maioria esmagadora (96%) dos brasileiros ouvidos pela BBC, em nove cidades do país, está convencida de que a Web é essencial para o aprendizado. Mas ao mesmo tempo, os brasileiros mostraram uma considerável resistência a usar a rede para expressar opiniões (56% contra a média mundial de 49%) bem como uma clara tendência a não considerar a internet como parte obrigatória no quotidiano (71% contra 55% na média mundial). As maiores preocupações dos internautas em todo o mundo são:1) Fraude em transações eletrônicas (32% dos entrevistados);2) Violência e sexo explícitos (27%);3) Ameaças a privacidade (20%). Em compensação, é muito baixo o índice das pessoas preocupadas com a censura governamental (6%) e com a interferência corporativa (3%). O Brasil está entre os países com menor preocupação com a censura (2% dos entrevistados), três vezes menos que nos Estados Unidos (6%) e na França (7%). Como era de esperar a principal atividade desenvolvida pelos usuários da internet é a busca de informações (47% dos entrevistados), seguida pelo correio eletrônico/mensagens curtas/ chats ( com 32%) e entretenimento (12%). Os percentuais de comércio via Web e participação em redes sociais ainda são muito baixos , respectivamente 5 e 3%.

A internet como direito humano essencial

Texto de Carlos Castilho, publicado no Observatório da Imprensa ontem, 09/03/2010. Quatro em cada cinco pessoas entrevistadas pela rede britânica de televisão BBC afirmaram que o livre acesso à internet e à Web deve ser considerado um direito fundamental dos cidadãos porque a informação tornou-se hoje um componente obrigatório da vida social. A pesquisa foi feita em 31 países (incluindo o Brasil) onde foram entrevistadas 27.973 pessoas tanto por telefone como por questionário presencial. A coleta de dados aconteceu entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010. Os resultados foram divulgados no final de fevereiro e podem ser examinados num informe executivo publicado pela BBC. A investigação indica que as pessoas estão valorizando cada vez mais a informação como um direito humano quase no mesmo pé da liberdade de expressão. É claro que este tipo de percepção é compartilhado majoritariamente por indivíduos que já tem atendidas necessidades elementares como cãs, comida e emprego. O que impressiona é a alta incidência de pessoas que consideram o acesso à internet como essencial na sociedade contemporânea. Os índices mais altos foram registrados na Coréia do Sul (96% dos consultados) e México (94%). Nada menos que 91% dos brasileiros entrevistados também se colocaram do lado dos que defendem a universalização da internet gratuita. A maioria esmagadora (96%) dos brasileiros ouvidos pela BBC, em nove cidades do país, está convencida de que a Web é essencial para o aprendizado. Mas ao mesmo tempo, os brasileiros mostraram uma considerável resistência a usar a rede para expressar opiniões (56% contra a média mundial de 49%) bem como uma clara tendência a não considerar a internet como parte obrigatória no quotidiano (71% contra 55% na média mundial). As maiores preocupações dos internautas em todo o mundo são:1) Fraude em transações eletrônicas (32% dos entrevistados);2) Violência e sexo explícitos (27%);3) Ameaças a privacidade (20%). Em compensação, é muito baixo o índice das pessoas preocupadas com a censura governamental (6%) e com a interferência corporativa (3%). O Brasil está entre os países com menor preocupação com a censura (2% dos entrevistados), três vezes menos que nos Estados Unidos (6%) e na França (7%). Como era de esperar a principal atividade desenvolvida pelos usuários da internet é a busca de informações (47% dos entrevistados), seguida pelo correio eletrônico/mensagens curtas/ chats ( com 32%) e entretenimento (12%). Os percentuais de comércio via Web e participação em redes sociais ainda são muito baixos , respectivamente 5 e 3%.

Rede de comunicadores em apoio à reforma agrária

Publicado hoje no site da Agência Carta Maior: No dia 11 de março, próxima quinta-feira, será realizada, a partir das 19 horas, no auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (rua Rego Freitas 530) uma reunião para montagem da “rede de comunicadores em apoio à reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais”. Manifesto de lançamento do grupo denuncia a ofensiva dos setores conservadores no Brasil contra a reforma agrária e qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. Manifesto de lançamentoEstá em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo. Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros – e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária. A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa ofensiva organizada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo “grave atentado”. A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é “bandido”, é “marginal”. Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais. Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”. Trata-se de grave distorção. Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra. No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido… A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25 anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes. Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar – nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio. A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades. Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária. Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo. Se você pensa assim, compareça ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, no próximo dia 11 de março, e venha refletir com a gente: – Por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida? – Como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia? – Como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agrária no Brasil? É o convite que fazemos a você. Assinam: – Altamiro Borges– Antonio Biondi– Antonio Martins– Bia Barbosa– Cristina Charão– Dênis de Moraes– Giuseppe Cocco– Hamilton Octavio de Souza– Igor Fuser– Joaquim Palhares– João Brant– João Franzin– Jonas Valente– Jorge Pereira Filho– José Arbex Jr.– José Augusto Camargo– Laurindo Lalo Leal Filho– Luiz Carlos Azenha– Marco Aurélio Weissheimer– Renata Mielli– Renato Rovai– Rita Casaro– Rodrigo Savazoni– Rodrigo Vianna– Sérgio Gomes– Vânia Alves– Verena Glass– Vito Giannotti Importante: A proposta é que a rede de comunicadores em apoio à reforma agrária tenha caráter nacional. Esse evento de São Paulo é apenas o início deste processo. Promova lançamentos também em seu estado, participe e convide outros comunicadores para aderirem à rede. O COLETIVO CATARSE APÓIA A REFORMA AGRÁRIA E DENUNCIA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS.

É preciso muito peito para derrubar o capital!

por Clarisse Castilhos O 8 de março -dia Internacional das mulheres- é uma data muito cara ao movimento feminista. Infelizmente o seu verdadeiro significado vem sendo transfigurado pelo patriarcado capitalista num dia festivo de comemoração. Para a ideologia dominante o 8 de março é o dia de vender mais eletrodomésticos, cosméticos e flores para as “rainhas do lar”. Nós não queremos ser “rainhas”! O que temos para comemorar? A que “mulher” estão se referindo quando falam no singular, como se existisse uma mulher-padrão que nos represente a todas. Mas não aceitamos esse modelo criado pelo imaginário patriarcal. Entre nós existem as lutadoras e as submissas e, nesse intervalo, há uma grande variedade de comportamentos e de aparências. Somos camponesas, operárias, estudantes, artistas, intelectuais e donas-de-casa. Somos negras, brancas, lésbicas, heterossexuais; mulheres com um histórico comum de opressões enquanto classe mulher e com alguns conflitos específicos a cada categoria. Não queremos a igualdade do sistema, pois não aceitamos ser condenadas à infelicidade cotidiana proposta pelo patriarcado capitalista para mulheres e homens. Aliás, o fato de algumas terem acesso à universidade ou serem herdeiras de grandes negócios, de assumirem cargos de chefia, presidências de países, não significa que exista igualdade. Conquistamos, sofridamente, alguns direitos, mas tratam-se apenas de igualdades legais que não retratam nossos cotidianos. A violência física e psicológica está presente no dia – dia nos nossos corpos e mentes. Os assassinatos de mulheres crescem aceleradamente em todos os países e levam o nome de feminicidio. Faz sentido esperar apoio da justiça? Sabemos que as instituições que administram esses direitos funcionam segundo a ordem patriarcal: a queixa na delegacia (mesmo a das mulheres) é recebida com desconfiança, desrespeito e piadas; os juízes forçam conciliações impossíveis; a sagrada família desencoraja porque isso pega mal e assim a coisa vai. Nós, mulheres que conscientemente nos colocamos contra esse estado de coisas, que estivemos presentes nas atividades dos dias 3 e 4 de março de 2010, organizamos ações conjuntas entre campo e cidade. Atacamos diretamente o capital porque sabemos que ele, junto com o patriarcado, andam de braços dados, são as duas faces de uma mesma moeda que se chama opressão da humanidade. Quando permanecemos dentro de casa limitadas apenas às tarefas do lar e aos cuidados das crianças, tendo sexo sem prazer, muitas vezes forçadas, obedecendo e dependendo dos companheiros ou companheiras, aceitando o papel designado pelos homens mesmo dentro do ativismo, nós estamos servindo à manutenção da ordem patriarcal e com isso contribuindo para que o capital cresça e engula nossos sonhos e desejos. Não há libertação possível com a relação de classes que mantém o capital. Não há libertação possível com a divisão social do trabalho entre homens e mulheres. São duas relações que se entrecruzam para a manutenção do poder instituído e, lembremos, levam à destruição da humanidade e da natureza. O capital só se mantém dominando nossas mentes e criando espaços para novos investimentos e mais lucros. E quais são esses espaços? O controle das reservas minerais, dos combustíveis e das águas puras de nossos lençóis freáticos; a exploração extensiva de terras pelo agronegócio com a monocultura predatória e utilização de transgênicos e finalmente, com o crescimento das guerras e da violência urbana. O Brasil, por sua extensão de terras, é um dos prediletos do agronegócio. Não é por nada que em 2009 atingiu o segundo lugar mundial na produção de transgênicos, que o PAC está inteiramente voltado para criar infraestrutura de apoio aos investimentos internacionais em regiões de grande extensão de terra, que o governo federal liberou a compra de terras em área de fronteira (caso da Stora Enzo, em Rosário do Sul- alvo da atividade do 8 de março de 2008 das mulheres do MST), que o governo do RS liberou terras para a plantação de cana, e assim por diante. Não é de surpreender ninguém que a primeira decisão do governo Lula foi a liberação dos transgênicos. O objetivo do novo agronegócio é o aumento desmedido da produtividade para a criação de grandes estoques de grãos e de outros produtos agrícolas e de extração vegetal. Que fique bem nítido: o que buscam não é ampliar a oferta de alimentos, mas de matéria-prima industrial; de grãos para a especulação pura e simples e de biocombustível para a indústria automotiva. O “alimento” produzido nessas condições é extremamente maléfico à saúde humana e animal, mas é comercializado em larga escala porque pode ser vendido a baixo preço. Afinal eles serão consumidos apenas pela população pobre. Os alimentos orgânicos continuam sendo produzidos mas, nas atuais condições de mercado, são mais caros o que não se constitui em problema pois destinam-se ao consumo dos países ricos e das classes altas. Esta divisão representa uma ideologia fascista e eugenista, pois o papel dos pobres do mundo é apenas executar trabalho alienado e mal pago, servindo ao topo da pirâmide social. Para aumentar a oferta de produtos agrícolas transgênicos, as multinacionais ocupam terras com monocultura, invadem a pequena propriedade, acabando com a produção das hortas familiares diversificadas e orgânicas, transformando a pequena agricultura e os assentamentos em simples fornecedores dependentes das multinacionais. A população que antes tirava a sua alimentação diretamente de sua produção se transforma em empregadxs mal remunaradxs ou desempregadxs. Sxs filhxs vão para a cidade servir de pasto para a prostituição, marginalidade e violência urbana. Por tudo isto, nos dias 03 e 04 de março de 2010, as mulheres do campo e da cidade, escolhemos como alvo simbólico a empresa SOLAE, fundada em 2003 a partir de aliança entre a Dupont (produtora de agrotóxico) e a Bunge (multinacional de sementes e de comida industrializada): um dos maiores complexos de processamento de soja transgênica da América Latina. Lá, na frente da empresa, cantamos nossas canções de libertação e, simbolicamente, amamentamos pequenos esqueletos, construídos em conjunto, ao ritmo de nossas conversas e sonhos de liberdade. Essas nossas “crianças” representavam xs filhxs amamentadxs por mães alimentadas por transgênicos. Essas mães que contra sua vontade, ou sem o saber, estão criando uma geração …

Estudantes da UFRGS denunciam reitoria por projeto de Parque Tecnológico

Na tarde de ontem, quarta (03.3), os estudantes da UFRGS receberam o apoio da Via Campesina e de movimentos de trabalhadores da cidade para a mobilização que fazem contra a votação imediata do projeto Parque Tecnológico da universidade. O projeto está sendo tocado à revelia da discussão e participação dos alunos, professores e funcionários da UFRGS. O assunto interessa a toda sociedade, afinal, é do dinheiro público gerado pelo povo brasileiro que a universidade se mantém. E é justamente esse o nó da questão. Tal parque, do jeito que está sendo pensado, deve servir menos ao público (mesmo que a universidade seja pública) e mais ao interesse de empresas privadas. Assista à reportagem produzida pelo Coletivo Catarse: Manifestação UFRGSby temisnicolaidis Segue relato do professor Brack sobre o que aconteceu ontem: “Pela tarde, na UFRGS as mulheres foram inicialmente também barradas, com os portões sendo fechados, e depois foram recebidas no saguão da Reitoria pelo Reitor e Vice, enquanto lá fora a mobilização tava bem grande com tambores e muita gente. O triste foi terem sido barrados no portão da Reitoria as campesinas, os estudantes, os funcionários e os professores, sendo possível, depois de muita confusão e empurra da segurança da UFRGS, a entrada no saguão de somente 20 pessoas, devidamente documentadas e identificadas. Não houve uma sala para as pessoas sentarem e, de pé, o reitor e vice receberam o grupo as 15:30 h e escutaram vários pronunciamentos, por uns 40 minutos, com o pedido para maior discussão e não colocarem em votação no Consun nesta sexta-feira (5/3) o Parque Tecnológico da UFRGS (espaço amplo para receber empresas de tecnologia e inovação de qualquer coi$a, com propriedade intelectual – patentes- bem resguardadas a elas e a alguns ilustres professores e técnicos) pois desde agosto ele só circula em direções e não foi feita audiência para discussão sobre o papel do mesmo. Parabéns às mulheres de Via que vieram na UFRGS questionar o papel desastroso deste Parque Tecnológico, que tem como premissa as “patentes” , a “competitividade” e o “lucro”. Ficamos também envergonhados pela forma desumana e pouco honrosa que esta universidade recebeu o grupo de mulheres, estudantes, funcionários e professores. Recebeu no saguão,em pé. Fechou os portões às agricultoras. E ainda por cima, de forma deselegante, o reitor e vice falaram pouco e deram um ponto final na pequena audiência de saguão reafirmando que manterão o tema do Parque Tecnológico, na próxima reunião do Consun. Somente “perguntarão” ao conselho se este eventualmente muda de idéia e adia a votação.. Ficou patente a intenção de tocar adiante de uma vez o projeto, alegando que “já houve tempo suficiente para o debate”. Vamos lutar até o fim contra este processo atropelado que abre espaço de forma escancarada, por meio deste Parque, a mercantilização definitiva da universidade pública. Os pequenos parece que não têm vez mesmo nas universidades e os grandes tomam conta dos espaços públicos oferecendo dinheiro, recursos e muito prestígio para os “entes públicos do saber”. Enquanto isso, os governos federal e estadual também incentivam estas PPPs que trazem um vínculo perverso com empresas que só visam seus lucros, sua acumulação ilimitada, detestam regras, e cabresteiam os pesquisadores por meio de vínculos mal cheirosos com empresas como a Monsanto (USP), a Aracruz, agora Fibria, (UFRGS), Votorantin (UFPEl), etc.” P. Brack Fotos Jefferson – Coletivo Catarse: 1 – Aluna critica a falta de informações sobre o projeto 2 – Movimentos urbanos tocam e cantam em apoio à mobilização dos estudantes 3 – Depois da universidade ter fechado os portões do campus para as mulheres da Via Campesina, alunos conseguem abrir uma das entradas e recebem as trabalhadoras rurais 4 – Manifestação dos movimentos em frente à entrada da Reitoria, antes da reunião infrutífera com o reitor

Mulheres em luta contra veneno nos alimentos

Carca de 600 mulheres do campo e da cidade amamentaram esqueletos nesta manhã de quarta feira, em frente à multinacional SOLAE, em Esteio, num protesto contra a agricultura que vende veneno e morte para a povo. A ação marca o dia internacional das mulheres. Segundo carta pública dos movimentos, os agrotóxicos ingeridos pela população, junto com os alimentos, permanecem no corpo humano por até quatro gerações. No caso das mulheres, os venenos passam diretamente para seus filhos por meio do aleitamento materno. Entidades ruralistas estariam fazendo lobby junto ao Ministério da Agricultura e a bancada ruralista para que a ANVISA libere agrotóxicos que estão proibidos aqui e em outros países. A manifestação questiona também o papel dos Governos Federal e Estadual e das Universidades no avanço do agronegócio e dos trangênicos. A mobilização segue durante o dia de hoje com marcha que será realizada até a faculdade de educação da UFRGS. Participam da manifestação: Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Desempregados, Intersindical e Levante da Juventude. Por Jefferson Pinheiro e Sérgio Valentim Foto de Cintia Barenho.

Marcelo fará a cirurgia dessa vez?

Divulgamos a situação do Marcelo, relatada na postagem anterior, para a ouvidoria do Hospital de Clínicas ontem, tarde da noite. Hoje, pouco horas depois, por volta das 10h, recebemos ligação da Vera, em nome da ouvidoria, comunicando que o menino será atendido dia 09.3, terça que vem. Ela já havia ligado para Júlio, pai do garoto, para informá-lo. O Clínicas agiu rápido na resposta. Esperamos que, agora, Marcelo consiga fazer a cirurgia e caminhar. Mandaremos energias positivas. E vamos acompanhar os desdobramentos. Informaremos aqui.

Menino espera há 12 anos por cirurgia para andar

Marcelo Gonçalves dos Reis tem 14 anos. Desde os 02 de idade espera por uma cirurgia para tentar caminhar. A família, que mora na Vila Dique, em Porto Alegre, há 12 anos percorre os serviços públicos de saúde com a esperança de que o menino consiga fazer a intervenção cirúrgica. Sempre ouviu dos médicos que a fila é grande e não há outra coisa a fazer que não seja esperar. Enquanto o tempo passa, a possibilidade de Marcelo voltar a andar vai diminuindo, com a contração dos nervos das pernas. Depois de mais de uma década lutando para ter seu direito constitucional atendido, de receber o tratamento adequado para sua reabilitação, em 2010 Marcelo finalmente teve a cirurgia agendada para o dia 18 de janeiro, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foi adiada. Remarcada para o dia 01 de fevereiro, depois de Marcelo ficar um dia inteiro esperando no próprio hospital, foi outra vez cancelada, sem nova data para acontecer. Os pais do menino não perdem a esperança de que o filho ainda consiga fazer a cirurgia e se recuperar. Marcelo sonha com esse dia. Mas para isso, dependem de que o Sistema Único de Saúde (SUS) e seus funcionários resolvam cumprir com a parte que lhes cabe. Assista ao vídeo produzido pelo Coletivo Catarse com Marcelo e sua família: