Fome
Ilustração para o Jornal da Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (Amencar) – 2005
Ilustração para o Jornal da Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (Amencar) – 2005
RAFAEL CORRÊA Para ler a nota de lançamento, clique aqui. Foto: Cláudia Cardoso
Tempo de Pedra acontece em uma mutante interface entre lugar e pessoa(s); a cidade e o(s) corpo(s). O cenário é o coração do centro de Porto Alegre. Ali pousa diariamente a grande feira, auto-organizada e vivida essencialmente pelo povo; é o Camelódromo da Praça XV. O filme deriva nessa arquitetura que se move e se transforma a cada dia, na gigantesca e efêmera instalação, território onde a necessidade, o improviso e a estética se fundem e produzem um palpitante fenômeno da atual cultura urbana brasileira.
Nesta semana tive a grata satisfação de participar de uma cerimônia de formatura um pouco diferente. Na última segunda-feira, dia 10 de novembro, ocorreu nas instalações do GAPA/RS, no Bairro Cidade Baixa, a diplomação de moradores de rua que participaram de oficinas de fotografia, internet, vídeo, entre outros. Eu e o colega de Catarse, Rafael Corrêa, com auxílio da Têmis, ministramos a oficina de vídeo. Desta saíram 3 filmes que formam um DVD que será lançado no próximo sábado, dia 15 de novembro, a partir das 15h, na Feira do Livro de Porto Alegre. Mais precisamente na Sala do Pensamento, Armazén A do Cais do Porto. Serão apresentados os 3 vídeos e vendidos os DVDs, com a renda sendo revertida integralmente aos participantes das oficinas. Os 3 filmes vieram de idéias concebidas pelos próprios moradores de rua, com destaque para o pequeno curta ficção – que apresentamos aqui – A História Perdida dos Meninos da Rua, com roteiro, produção e direção dos próprios oficinandos (apenas a edição foi feita pela Catarse). Os outros dois foram um exercício de câmera, em que comentam situações corriqueiras de suas vidas, chamado Wilson que filmou Maneco que filmou Paulo que filmou Barbie que filmou Mc Dom que filmou Gilmar que filmou Chinesa que filmou Diego que filmou geral, e um pequeno documentário sobre as oficinas, com eles falando, então, de suas vidas e suas dificuldades, chamado Não Perca as Esperanças. A nota ruim fica por conta de que dois deles – a Chineza e a Barbie – vieram a falecer recentemente, mas tiveram uma homenagem prestada no DVD, com texto da Chineza, inclusive, na contra-capa. Infelizmente, estas duas pessoas com quem convivemos algum tempo não puderam assistir em carne e osso ao seu próprio trabalho finalizado, mas temos certeza de que, se existe algo além desta vida, eles estão observando e estão muito felizes com o resultado final. Assista ao pequeno filme aqui embaixo e compareça lá na Feira do Livro, dia 15, para prestigiar um trabalho sensacional de pessoas que são diariamente reprimidas pelo preconceito e a imposição da baixa-estima pela sociedade. É, sem sombras de dúvida, uma grande vitória. * Relato de Gustavo Türck ** as oficinas foram uma promoção da Alice (Agência Livre para informação, cidadania e educação), via projeto do Jornal Boca de Rua, com a parceria do GAPA/RS (Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS). As cópias dos DVDs foram patrocinadas pela Graturck.
Na última sexta-feira (07/11) estivemos dando oficina de vídeo para uma gurizada da Vila Hípica, promovendo as atividades do Quilombo do Sopapo – ponto de cultura do Bairro Cristal. Dividimos a galerinha em três grupos: um de mais velhos, um de meninas superpoderosas e outro de piazada do futebol. A Têmis, claro, ficou com as superpoderosas, eu, claro, com os guris projetos-de-craque da bola. O grupo mais fácil de se lidar, já trabalhando, inclusive, nas oficinas do ponto, ficou a cargo do amigo Ricardo. Discutimos rapidamente nossa proposta, falamos cada um em seu grupo sobre como conduzir a produção de um filme seja com câmeras ou com telefones celulares e partimos para as filmagens. Do meu grupo, saíram pequenos fragmentos de uma partida de futebol. A galerinha participou ativamente, indo buscar os uniformes (o figurino!) e se “puxando” nas encenações. O resultado é este pequeno vídeo aqui: Interessantíssimo como é importante trabalhar a desmitificação da produção audiovisual. Todos consomem televisão e a têm como um santo graal, intocável, construída por mágicos sobre-humanos. Quando se trabalha com as facilidades da tecnologia de hoje, demonstrando que as coisas são palpáveis e que é possível também produzir vídeos dali, daquela realidade própria, parece que novas portas se abrem nas visões de quem quer que se aproprie da técnica. É assim que temos trabalhado nos mais variados cantos desta cidade. Desmistificando. E esperamos, agora, encontrá-los lá no Quilombo do Sopapo não só para videozinhos de futebol ou pequenos fragmentos de realidade momentâneas – como foi o enfoque dessa oficina -, mas para a construção teórica dessa desmistificação, para a seqüência do interesse na prática audiovisual como atividade transformadora, inclusive, de suas realidades. *o Quilombo do Sopapo é projeto constituído pela OCIP Guayí, com apoio do Sintrajufe.**a Catarse é parceira nas oficinas de vídeo
A Oscip Guayí, responsável pelo projeto “Economia Solidária na Prevenção à Violência”, realiza ação comunitária nesta sexta-feira (07/11/08) na Vila Hípica (bairro Cristal), em Porto Alegre. A atividade consistirá numa oficina de música e produção audiovisual, direcionada aos jovens da comunidade, das 16h às 19h. A ação tem o objetivo de divulgar os cursos de Tecnologia da Informação e de Produção Audiovisual, que ocorrerão no Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo (avenida Capivari, 602) a partir da segunda quinzena de novembro. Em caso de chuva na sexta-feira, a atividade será transferida para outra data. A oficina de produção audiovisual será conduzida pela Catarse, onde os oficinandos terão que fazer o roteiro e a produção de um curta-metragem de ficção.
Livro de fotos – 88 páginas, P&BFotos: Fernanda RechenbergEntrevistas, edição, projeto gráfico e diagramação: Catarse
Animação para internet sobre trabalho infantil *para assistir novamente, clique com o botão direito do mouse sobre a tela cinza e selecione “play”
“CORPO – Unidade do organismo vivo, em que não existem as dicotomias corpo-mente, razão-sentimento. Uma anatomia que guarda sistemas complexos de desejos, medos e paixões; matéria constituída de mistério, que ciência, filosofia e religião tentam decifrar. Aqui trata-se de um corpo que é parte interdependente do processo co-evolutivo da natureza e da cultura, inserido num campo cultural historicamente datado e constituído por técnicas formativas. O corpo é processo, o qual se constitui da complexa rede de trocas de informações, de relações dinâmicas entre o indivíduo com o meio e com os outros indivíduos”. O Retrato da atriz enquanto corpo Produção: Maria & Cia e CatarseCâmera: Júlia Rodrigues e Gustavo TürckRoteiro e Edição: Maria Falkembach e Têmis NicolaidisTrilha sonora: Leandro Maia Para conhecer mais sobre o documentário acesse o blog Dramaturgia do Corpo de Maria Falkembach
O documentário interativo Nação Palmares, produzido pela Agência Brasil e veiculado na internet em 20 de novembro do ano passado, ganhou na categoria internet, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, o mais importante do jornalismo brasileiro. A reportagem do Coletivo Catarse sobre o Quilombo Silva, primeiro quilombo urbano reconhecido no País, que fica em Porto Alegre, integra o trabalho. Foi produzida para o quadro Outro Olhar, da TV Brasil. O projeto foi coordenado por André Deak: “[…] é a primeira experiência no mundo de web-documentário interativo com hipervídeo, ou seja: um documentário o qual se pode interagir clicando na tela, durante a transmissão, e ter acesso a outros conteúdos, todos eles relacionados. Mas todos, também, ofertados sob demanda, caso o usuário prefira assistir somente trechos. Pode não ter ficado uma obra-prima, mas é uma colaboração nossa para as novas formas de narrar no jornalismo. Afinal, explorar novas linguagens também é um dos papéis de uma empresa pública, certo?”. “Essa é a equipe que realizou o Nação Palmares. Trabalho árduo, esforço de integração de mídias, experimentações tecnológicas. Maior orgulho. Resultado não só do trabalho do pessoal aí embaixo, mas de todo mundo que trabalhou em nome do jornalismo público na Radiobrás. André Deak, Juliana Nunes, Rodrigo Savazoni, Spensy Pimentel, André de Oliveira, Jefferson Pinheiro, Fausto José, Yasodara Cordova, Mario Marco, Robson Moura, Valter Campanato, Wilson Dias, José Cruz, Marcello Casal Jr.” Rodrigo Savazoni, na época editor da Agência: “Ponto final de uma trajetória [foi o último trabalho dessa equipe na Ag. Brasil], Nação Palmares também é marco zero de um modelo de fazer reportagem que eu continuarei a perseguir. Nesta era em que vivemos, a informação crítica, contextualizada, radicalmente conectada com a realidade pode mudar muita coisa. No mínimo, pode impedir que a infâmia continue a se alastrar. E para dar conta de uma realidade complexa, eu chutaria que é preciso pensar sobre o que devemos falar (a pauta), com que valores (a ética), e em uma linguagem à altura do desafio (a estética). Com Nação Palmares, apontamos um caminho. Espero que eles sejam muitos”. MAIS:O making of, num post que André Deak escreveu no ano passado.O texto A Genealogia do Nação Palmares, do Rodrigo Savazoni, que conta o início, o fim e o meio do processo.