Ditadura, Direitos Humanos e a luta LGBT: roda de diálogos nesta quarta

Nesta quarta-feira, 30 de novembro, a partir das 15 horas, ocorrerá a “Roda de Diálogos – Ditadura, Direitos Humanos e a luta LGBT”, no Instituto de Arquitetos do Brasil- IAB/RS, situado na Rua General Canabarro, nº 363, esquina com a Rua Riachuelo , Bairro Centro, em Porto Alegre/RS. O evento tem como propósito aproximar o debate da Justiça de Transição, focado na Ditadura Civil-Militar implantada no Brasil a partir do golpe de 1964, com atuação dos militantes em defesa dos direitos LGBT nos dias atuais. Dessa forma, destacar como processos históricos inacabados (como a ausência de efetiva transição do regime autoritário) interferem na construção de consciência coletiva e na efetivação da democracia na sociedade brasileira, que historicamente desrespeita os Direitos Humanos, principalmente das minorias e da classe popular. Nesta perspectiva, o debate reunirá organizações como a Igualdade, Somos, Nuances, Themis, bem como conta com o Apoio de diversas instituições, grupos de assessoria popular, representantes de movimentos sociais e populares e instituições que hoje lutam pela efetivação dos Direitos Humanos. A entrada é franca. Esclarecimentos pelo correio eletrônico acessocidadaniadh@gmail.com. Participam da atividade: Patrícia Lucy Machado Couto Ouvidora da Segurança Pública do RS, trabalhou na coordenação da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, atou na Themis, é advogada militante em Direitos Humanos. Roberta Cunha de Oliveira Mestranda em Ciências Criminais na PUCRS, é advogada pela Themis na Casa Mulheres da Paz do Território de Paz do Guajuviras em Canoas-RS, colaboradora da Acesso e militante em Direitos Humanos. Rosimeri Aquino da Silva Graduada em Ciências Sociais, Mestre e Doutora em Educação pela UFRGS, é integrante do GPVC (Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania) e do GEERGE (Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero). É professora Adjunta e pesquisadora da UFRGS. Sonia Biehler da Rosa Juíza aposentada, Psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, associada e fundadora do Instituto de Acesso à Justiça – IAJ, representante do IAJ na coordenação do Comitê Estadual Contra a Tortura, militante em Direitos Humanos. Acesso – Cidadania e Direitos Humanos, Igualdade, Nuances, Somos, Themis.

Morro Alto e demais quilombolas: agora será tensão e possibilidade de morte

por Luix Costa, do blog Outros 500 As irresponsabilidades dos governantes Agora será tensão e possibilidade de morte O INCRA – Instituto Nacional de Reforma Agrária – informou ao Ministério Publico Federal (MPF), no dia 17 de novembro passado que vai iniciar as notificações dos intrusos ao território quilombola de Morro Alto em março de 2012. A resposta do INCRA deveu-se a pressão feita pelo MPF exigindo que respondesse quando iniciaria o procedimento legal de reconhecimento dos direitos quilombolas. A resposta dada pelo INCRA, entretanto, acarretará, agora, a pressão dos quilombolas de Morro Alto para que o MPF entre com ação de improbidade administrativa contra o INCRA por este postergar a aplicação da lei. E, pior, os quilombolas temem que até março de 2012, o clima de violência que já vem crescendo a partir das ações tomadas pelos grandes grupos econômicos ligados a políticos federais e estaduais com raízes locais tomem proporções de mortes. As tentativas de ocupar o território quilombola faz parte do desrespeito do poder constituído ao longo da história do Brasil. Numa primeira fase, massacrou indígenas. Depois alojaram colonos europeus em terras indígenas e quilombolas. Seguiram com a apresentação de uma cultura de paz nas relações entre brancos, negros e indígenas, mesmo que esta paz estivesse baseada no profundo desrespeito cotidiano a condição social, cultural e religiosa de negros e indígenas. E agora, quando pedem justiça fundada nas terras em que estão há muito tempo. Utilizam os pequenos trabalhadores rurais como massa de manobra tentando assim garantir seus interesses. O relato abaixo é um pouco destes acontecimentos. Da audiência do dia 14 de novembro, na Assembléia Legislativa, convocada pela Comissão de Direitos Humanos do Senado. A do dia 16, realizada em Morro Alto, também convocada pela mesma Comissão. A decisão do INCRA, informada ao Ministério Publico Federal no dia 17, ultrapassa estas audiências. A manobra das audiências públicas Quilombolas e indígenas exigem respeito a seus direitos No dia em que os Lanceiros Negros foram traídos e massacrados na Batalha de Porongos pelos Farroupilhas, no 14 de novembro, no ano de 1844, foi realizada a primeira parte da audiência publica chamada pelas Comissões de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado e Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa para tratar da situação quilombola no Rio Grande do Sul. A segunda parte foi realizada dois dias depois, 16 de novembro, na comunidade do Quilombo de Morro Alto para, segundo o Senador Paulo Paim, recolher subsídios para ajudar a resolver o “impasse” na demarcação e titularização daquela terra. As duas partes da audiência revelaram o quanto o governo é um governo dirigido pela política produzida pela direita do país, tendo como base de apoio os políticos que se dizem de esquerda. A possibilidade da democracia Neste 14 de novembro os quilombolas e indígenas puderam relatar suas dificuldades. Denunciaram que não tiveram esta oportunidade na audiência arranjada pela senadora ex-funcionária da RBS, Ana Amélia Lemos, no dia 21 de outubro. A novidade foram as críticas de autoridades da estrutura do estado do Rio Grande do Sul e do Brasil. Afirmaram que não têm condições para exercer suas obrigações legais, ligadas a proteção dos pobres, oprimidos e excluídos. A segunda parte da audiência, dois dias depois, foi em Morro Alto. Coordenada pelo senador Paulo Paim, sob o clima de uma interpretação de Gandhi, Mandela e Luther King, as autoridades presentes representando o senado, o governo federal e o estadual ficaram surpresas com a determinação da comunidade em não abrir mão de seus direitos. O símbolo maior desta surpresa foi a fala do patriarca de Morro Alto, Sr. Manoel Chico, 91 anos. Ele falou pouco: queremos nosso território. Doa a quem doer. São muitos anos de luta que sofremos nas mãos dos latifundiários. Queremos a terra que são de nossos ancestrais, e não negociamos. Foi apoiado pelas falas da Lélia Borges Antonio, Alan, Manoel Silveira Conceição (Manoel do Alípio), que questionaram que tipo de paz e concórdia estava sendo citada pelos membros da mesa senatorial e do governo federal se a comunidade quilombola vivia sendo humilhada, explorada e roubada. Sem falar na violência física, mesmo. Se não houvesse legislação nenhuma que garantisse o território quilombola a diversos grupos negros por todo o Brasil, mais de cinco mil identificados, ainda assim, o de Morro Alto lhes pertenceria porque foi deixado em testamento. Mas, mesmo assim, a pressão dos ricos e poderosos obrigava o governo e o congresso ficar fazendo audiência quando era só cumprir a lei e reconhecer o direito que eles tem. A primeira parte – a denuncia do desprezo A primeira parte da audiência, na Assembléia Legislativa acabou revelando a importância que o governo dá as comunidades negras, indígenas e pobres sem terra. Os exemplos foram inúmeros. O INCRA do RS afirma que não tem como avançar no trabalho de titulação com apenas cinco funcionários. Estão abertos 75 processos de demarcação. Somente três estão concluídos (Casca, Rosas e Silva). Desmentindo informações da grande mídia, nestas titularizações concluídas, há apenas uma média de 10 hectare por família. E deu uma informação que coloca em risco o direito dos quilombolas. Como não tem funcionários, são apenas cinco para fazer o trabalho no RS, o INCRA pretende terceirizar a realização dos laudos antropológicos. Os quilombolas entendem que as empresas contratadas estarão sob pressão financeira das grandes empresas interessadas nos terrenos dos negros e indígenas. A representante da Defensoria Publica Federal, Fernanda Hansen deu uma informação impactante: A Defensoria Publica Federal tem 400 funcionários no país. No Rio Grande do Sul, acreditem, apenas um. Ela. Para atender a milhares de casos dos oprimidos e injustiçados que estão na órbita da legislação federal. O secretário geral do Sindiserf, Marizar Mansilha de Melo afirma que é inaceitável a situação funcional do INCRA e da Defensoria Federal, ficando exposta a necessidade urgente de concurso público. O protesto contra o governo do estado O representante do Cimi Regional Sul – Equipe Porto Alegre – Roberto Antonio Liebgott relembrou o cenário montado na audiência do dia 21 de outubro. …

Quilombo do Limoeiro

Localizada no município de Palmares do Sul, no Rio Grande do Sul, a Comunidade Quilombola do Limoeiro, atualmente, luta pelo reconhecimento e titularização de suas terras. Este vídeo foi gravado no dia 29-10-2011 quando estivemos reunidos com a comunidade. A memória da dona Merecilda e da dona Maria contam um pouco do trabalho e da luta pela terra.

Guerrilha midiática

Ensaio audiovisual do Coletivo Catarse/Wladymir Ungaretti para o Forum da Cultura Digital Brasileira. Devaneio poético pelas lutas digitais. Um saravá aos bits revolucionários.

A ESCOLA ITINERANTE EXISTE PORQUE HÁ POVO ITINERANTE

“O camponês não pode deixar seu trabalho para andar várias milhas para ver figuras geométricas incompreensíveis e aprender os cabos e os rios das penínsulas da África e se encher de termos didáticos vazios. E os fllhos dos camponeses não podem se afastar léguas inteiras, dias após dias, da estância paterna para ir aprender declinações latinas e divisões abreviadas. E prossegue, se referindo àquela época – a Escola Itinerante é a única que pode remediar a ignorância camponesa. E, nos campos como nas cidades, urge substituir o conhecimento indireto e estéril dos livros, pelo conhecimento direto e fecunda da natureza (Martí, 19950) […] […] Comprova-se cada vez mais que as comunidades acampadas recusam uma escola autoritária, fechada em seus muros, distanciada da vida, centrada na sala de aula e perpetuadora das desigualdades presentes na sociedade capitalista. Convictos de que nenhuma escola é neutra, os camponeses e trabalhadores organizados têm tentado, de todas as formas, estudar e compreender esta “velha” escola, e a partir dela forjar uma “nova” escola. Por isso, rejeita-se a decisão autoritária do governo Yeda Crusius e Ministério Público gaúcho, para quem a escola deve atender aos interesses do sistema capitalista, estando os trabalhadores impedidos de recriar suas formas de vida e educação”. Trechos de “Escola Itinerante – na fronteira de uma nova escola”, livro-tese de Isabela Caminil [na foto], apresentado ontem como lançamento da Expressão Popular [R$ 18]. A professora Marlene Ribeiro, sua orientadora, destaca o compromisso de Isabela com os movimentos populares. “Ela nos instiga a revisar e descobrir sobre o projeto social em que estamos engajados – se popular ou capitalista -, uma vez que não há neutralidade – toda a ação é orientada por uma determinada visão de mundo e concepção política […] Leia o livro de Isabela e tome a sua decisão”, escreve no texto de abertura. Marlene também apresentou ontem seu livro “Movimento Camponês: Trabalho e Educação” [R$ 20], apanhado teórico dos seus 25 anos de pesquisa na área. “Todas as revoluções tiveram a participação decisiva do campesinato, que é um sujeito histórico em permanente ação”. Para comprar: clique aqui e aqui Assista trecho de nossa reportagem É Possível [realizada antes do não reconhecimento dos escolas pelo governo estadual, com a extinção do Parecer nº 1.313/96, do Conselho Estadual de Educação]: