O beijo gay mais comentado apareceu na Globo, mas, se cabe um elogio pelo feito, não é para a emissora, nem para o autor ou os intérpretes.
A Rede Globo finalmente liberou o beijo gay. A afirmação soa estranha, pois pode sugerir que uma emissora de televisão tenha poder para arbitrar a subjetividade, os afetos, o desejo, o que é circunscrito à esfera do particular, do pessoal. Óbvio que não. Cada um sabe de si. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, escreveu Caetano. Diria mais: muitos sabem das agruras para se enfrentar a sordidez da vida, o preconceito, a intolerância, o olhar censor, o não acolhimento, a chacota, o desprezo, a agressão – seja simbólica, seja na carne golpeada, na pele rasgada, no hematoma contabilizado como violência urbana pelo discurso de recusa à concretude da homofobia. Mas a Globo exibiu dois homens se beijando no dia 31 de janeiro, e isso não é pouca coisa, pois cada um sabe das dores de se constituir e viver nestes tempos em que persiste a intolerância. Portanto, cada vez mais, segue o debate.(…)
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