A Comuna do Arvoredo continua, verde e pulsante!

Nesse último mês de setembro a Comuna do Arvoredo completou 15 anos. Uma estrutura de 3 velhos casarões históricos – Casarão, Caza Azul e Casarinho – na rua Fernando Machado, antiga Rua do Arvoredo, Centro de Porto Alegre, que abriga um sonho. Um sonho vivido diariamente. Por exemplo, na segunda, dia 2 de outubro, em determinado momento da noite havia um ensaio de banda e uma reunião de Rede de Pontos de Cultura acontecendo no espaço do Coletivo Catarse, que há mais 3 anos habita a Comuna. Ao mesmo tempo uma oficina de tambores realizada por mulheres acontecia na Garajona do Casarão. Vibrante, pulsando ritmo e liberdade. No Salão, oficina de teatro para as crianças da comunidade. No final da tarde o perfume dos pães artesanais alimentava o apetite da criançada da Comuna. O pátio, nesse dia, estava calmo e iluminado. Um pulmão verde e acolhedor para toda gente que por ali circula. Nessa Comuna, toda essa vivência de arte é fruto da construção coletiva de quem mora, de quem trabalha, de quem mora e trabalha, de quem vive esse sonho. Um modo de encarar a vida na cidade grande que encanta e ensina. Desafia sempre as coletividades que ali circulam a encontrar suas soluções com muita conversa e maturidade. É uma escola! Isso tudo que falei foi em apenas uma segunda-feira, mas nos outros dias ela pulsa também. O almoço coletivo, alegria da sineta que avisa a comida saudável e cheia de significados, por conta de todas as ações que envolvem “alimentar” a Comuna e sua gente. Os empreendimentos solidários e criativos, a alegria do convívio e da surpresa de quem conhece a Comuna e seus encantos e encontros. Nesses tempos que ali estamos temos sido felizes e temos sonhado juntos. A Comuna é um presente pra cidade de Porto Alegre e para nós do Coletivo Catarse.

“A comuna do arvoredo é uma comunidade urbana que compreende 3 casas no Centro Histórico de Porto Alegre. Além de espaço de moradia, também abriga coletivos de trabalho. Atualmente vivem 16 pessoas, incluindo as crianças, e mais 4 coletivos: Coletivo Catarse, Espaço Cultural Maria Maria, Brick Ao Belchior, Mútua e Fespope. Nestes 15 anos, calculamos que mais de 150 pessoas compuseram esta rede, seja como moradores ou coletivos de trabalho. Propiciando a construção de sonhos, encontros, amores, realização de projetos, que permeiam a vida de cada uma e cada um de nós que por aqui passamos, ou estamos. É um lugar que nos permite sonhar, e mais do que isso, colocando em prática (ao menos um pouco) o que sonhamos. Entre os sonhos que sonhamos juntos partem de inspiração ecológica em nossas práticas, seja na alimentação em articulação com as feiras ecológicas (FAE, Menino Deus, MPA), na gestão dos resíduos, no consumo consciente e nas conexão com quem produz os nossos alimentos”. – Fabi Cre e Carol Ferraz – moradoras da Comuna do Arvoredo.

Estar no centro histórico de Porto Alegre e optar por preservar uma pequena, mas nem tanto, agrofloresta é, também, uma atitude de resistência. Uma resistência que impacta quem não conhece o interior dos casarões e não imagina que esse gigante verde é uma das moradoras mais importantes e mais antigas da Comuna. Cerejeira, Juçara, Pitangueira, araçá, ervas medicinais, Panc´s, bananeira, abacateiro, nesperina, viveiro de mudas, casa de pássaros. Uma mata constituída de degraus com clareira, fogueira, espaço para as composteiras e trilha! Esse é um dos espaços coletivos. Tem o salão, espaço multiuso que abriga aulas, ensaios, oficinas. A garajona, localizada na maior das três casas, o Casarão.


“Mas tudo isto que já foi falado aqui, é apenas um fragmento dessa história que vem sendo vivida já há quinze anos, nos quais as presenças do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), do Casa Tierra e do grupo inicial de moradores fixos, foi fundamental para que nossa Comuna tomasse forma e se tornasse o “ser vivo” que é hoje,. Esse ser que respira e ajuda a cidade a respirar, seja pela sua pequena/grande floresta ou pela às inúmeras atividades culturais e sociais ancoradas aqui! Experiências compartilhas e lembradas pelo país afora com os muitos amigos e ex moradores oriundos de muitas regiões do Brasil e, também mundo afora, pelas muitos amigos e ex moradores vindos das mais diversas regiões do planeta! Que venham outros quinze anos e outros e outros…” – Paulinho Bettanzos – morador da Comuna do Arvoredo

Para quem tem ou já teve a experiência de viver em coletivo, seja para trabalho, seja para moradia, entende que muitos são os desafios. E porque se assume viver tamanho desafio? Porque se cresce, se evolui e se consegue concretizar espaços de utopia, como a Comuna do Arvoredo.

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