Carlos Hahn sempre foi poeta e cantor. Pelo menos desde que eu o conheço. E faz tempo que o conheço.
Desde Belém Velho, quando ele manuseava sua guitarra azul metálico, obra do clássico luthier porto alegrense Sérgio Luffing. Das apresentações no Centro Comunitário do bairro até o circuito universitário, em baladas furiosas na Hora feliz no Campus da UFRGS ou nas noites claustrofóbicas nas catacumbas do CEUE, à frente do Badulaque, Carlos sempre incorporou um bardo contador de histórias de seus guias, que são vários e também são nossos: Raul Seixas, Beto Guedes, Belchior, Silvio Rodriguez, Raul Elwanger…
![](https://coletivocatarse.com.br/wp-content/uploads/2024/04/WhatsApp-Image-2024-04-16-at-15.49.12-576x1024.jpeg)
Carlos morou na Nicarágua, em plena revolução sandinista, foi hippie em Maquiné, trabalhou em veículos da grande mídia em Porto Alegre, passou em um concurso e foi pra serra, onde se apaixonou pela cultura e pela luta dos Kaingangs, foi pra Bonito (PE), onde mora atualmente.
Escreveu livros, gravou discos e clipes, compôs, recitou poemas, se embriagou de vida e nos embriagou com sua arte, sua voz e seu violão firme e preciso. Mas como diz em “Belém Velho” uma de suas mais belas canções, seu ônibus nem sempre o leva para Belém Velho, mas descendo, ele segue à pé o seu destino. Lá foi onde aprendeu as lições de humanismo que carrega junto a si e sua turma. Parece, para mim, que é lá que vamos nos encontrar a qualquer momento, para uma charla, um vinho e uma canção.
No show que apresentou para nós, no noite de 6 de abril, no Espaço Cultural Maria Maria, esteve acompanhado pelos percussionistas Pedro Hahn e Rolando Borges, um seu irmão de sangue, o outro seu irmão de vida, todos irmãos na música que embalou nossa noite de sábado em mais um evento de comemoração dos 20 anos do Coletivo Catarse. O lançamento do single Kaingang, com todo seu significado, ganhou também a presença da Kujá Gãh Té e suas parentas das retomadas do Morro Santana e de Canela, que por ali ficaram e curtiram o momento conosco.
Texto Marcelo Cougo.
Edição: Bruno Pedrotti.
Fotos: Divulgação e Lorena Sanchez.