Ponto Mínimo

Por Eliana Mara Chiossi. O sol nas bancas de revista me enchem de alegria e preguiça quem lê tanta notícia? Hoje acordei com a imagem de um objeto. A partir dele queria escrever um texto, mas não consegui lembrar o nome. Isso tem me acontecido com alguma frequência. Objetos simples, de uso cotidiano, fogem do meu vocabulário.

Alabê Ôni à vontade na chuva

Por Eliana Mara Chiossi. Hoje é quinta-feira, e, desde terça-feira, o sol brilha ostensivamente. Voltamos de algum lugar de Triunfo na terça, no final da manhã, justamente porque a chuva apareceu na noite anterior, fora do previsto. Fora do que nós havíamos planejado. E isso nos obrigou a interromper os trabalhos. Voltamos antes da hora. Dentro do carro, nos primeiros instantes, estávamos em silêncio. Ou resmungando, ainda frustrados. Mas logo nossa conversa, revendo os fatos passados, foram trazendo uma compreensão positiva do que acontecera. Retraçamos algumas metas, refizemos cálculos e, afinal, o ânimo voltou. A vontade da chuva fez sentido. A força da chuva foi respeitada.

Distração

Por Eliana Mara Chiossi. Ainda é de manhã e pouco importa se acordo quando todos já vão almoçar Faço meu café com leite penso nas horas da madrugada que foram minhas e em toda a poesia que este dia terá.

Domingo de ausência

Por Eliana Mara Chiossi. Quando eu nasci, meu primeiro pai e minha mãe estavam juntos. E uma parteira me trouxe ao mundo, junto com a chegada do trem, na periferia, chegando junto com trabalhadores cansados. Minha vó chegou cansada do trabalho e me viu recém-nascida, na cama da casa onde meu primeiro pai e minha mãe viviam juntos.

Celebrar 50 anos e voltar aos 17 – parte 1

Por Eliana Mara Chiossi. Quando eu tinha 17 anos, vivia pelas ruas do centro de São Paulo, onde houvesse cultura, arte e manifestações de movimentos sociais. Eu era uma adolescente da periferia, embriagada de poesia e amor pelo teatro. Talvez a política, ensinada pelo meu padrasto, que me fez de esquerda, fosse meu mínimo entendimento. Eu era de esquerda porque era a favor dos mais pobres, era a favor da solidariedade, da liberdade, do amor pelo próximo.

LUGAR COMUM: A MORTE

Por Eliana Mara Chiossi. Quem nos dirá, de quem, nesta casa, sem o saber, nos despedimos? Limites, Borges Não sei por onde começar este texto. Nem sei se deveria. Por várias razões, eu poderia ter dito não ao pedido de escrever sobre este acontecimento. E não fui capaz de negar. E ainda não sei o que existe dentro de mim que me faz estar aqui, diante desta página, iniciando um texto que será publicado no dia em que completo 50 anos.

De como o preconceito livrou minha mãe dos chatos

Por Eliana Mara Chiossi. Dias de muito calor aqui em Porto Alegre e de vez em quando uma promessa de chuva. Começo de ano há mais de dez dias e não cumpri nenhum dia de acordar cedo para caminhar. Já estou no meu estado permanente de dieta, e isto me faz voltar ao vício, e como chocolates. Fernando Pessoa, vestido de Alvaro de Campos, me liberta, com seus versos famosos: Come chocolates, pequena;/Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates./Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.

"O que você que?"

Por Eliana Mara Chiossi. Semana passada dois amigos encontraram um bilhete na rua. Algo que sempre me chama a atenção, tenho vários guardados em casa. Sou fanática por achados nas ruas e sempre me provoca encontrar anotações pessoais, extratos de conta de outras pessoas, coisas assim, perdidas, mas que me levam a ter contato com alguém que provavelmente nunca verei mas que esteve no meu caminho.