Na polêmica dos médicos cubanos, a disputa de direitos

Por Maria da Graça Türck*. Nada como uma decisão para que o preconceito de classe se explicite e desmascare os discursos de direitos na boca da classe dominante e de seus representantes – porta-vozes da opressão – instituídos e protegidos pela mídia corporativa e nos tribunais, travestidos de idoneidade moral e compromissada com a “verdade”, palavra que se torna palavrão na boca dos hospedeiros da opressão. Em primeiro lugar, a classe médica – me pergunto, em que mundo vivem estes sujeitos de jaleco branco, cujo preconceito de classe se esconde e se explicita através de seus Conselhos? Em que momento se perderam? Deixaram para trás o Juramento de Hipócrates, para abraçarem a hipocrisia. Perderam o sentido de humanidade e sua conexão com a vida para olharem as pessoas que os procuram através do $ (cifrão).

Como se constroi o imaginário coletivo

Por Gustavo Türck. Há quatro anos morria assassinado o integrante do Movimento dos Sem Terra Elton Brum. O Coletivo Catarse esteve na área que aconteceu o conflito antes e depois da ação do governo do estado que culminou com esta morte. Nossa opinião é de que não houve fatalidade e de que tudo apontava para esta tragédia, assim como posteriormente o sentimento era, pra além do desespero, o de indignação sobre como o tema vinha sendo distorcido – como se coloca no texto a seguir, publicado a 6 de novembro de 2009 no meu blog (link original). Da série “Quem matou Elton Brum?”: como se constrói o imaginário coletivo

Uma releitura dos eventos de Junho e de Julho

*Por Tania Jamardo Faillace. Em que circunstâncias, as pessoas saem espontaneamente às ruas para protestar ou desafiar autoridades? 1. Quando as condições concretas de sua existência estão insuportáveis: fome, desabrigo absoluto, violência institucional generalizada, catástrofes sem socorro. Essa saída à rua equivale a uma “fuga para a frente”, de quem não tem mais o que perder. Uma espécie de “estouro da boiada”. 2. Quaisquer outras circunstâncias implicam em organização e pensamento convergente através de associações ideológicas ou classistas, confissões religiosas, provocação política, luta revolucionária. As manifestações de junho/julho no Brasil, consideradas de modo geral, não se encaixam nas condições do item 1. Não se tratava de cidadãos desesperados, mas de jovens bem alimentados e com boa saúde, que desfrutaram do movimento até de uma forma bem humorada e lúdica. Em relação ao item dois, podemos descartar o associativismo classista, o embate religioso, e a luta revolucionária, uma vez que não estamos dentro desse processo. Ficamos de momento com a hipótese da provocação política.