Oficinas de Teatro infantil na Comuna: Yeshe Cultural encerra ciclo de 3 anos, mas deixa legado
Atividades, no entanto, vão seguir com nova coordenação pelo Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre Aos finais de tarde das segundas-feiras aqui na Comuna do Arvoredo, um furacão infantil toma conta do salão Zé da Terreira. Espaço multiuso da casa, ele tem teatrado bastante nos últimos tempos, com ensaios diversos e, especialmente, há três anos, abrigando as oficinas de teatro para crianças da Yeshe Cultural. Nesse período foram estreados três espetáculos, sendo um deles ED MORT, premiado como melhor direção e melhor espetáculo no 3º Festive – Festival Estadual de Teatro Infantil de Viamão. Este ano, a Yeshe Cultural mudou de cidade, encerrando a coordenação das oficinas, que ficarão a cargo do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre. Como celebração a este tempo que a iniciativa agitou lindamente a Comuna, trazemos uma entrevista com Andressa da Silva Corrêa, idealizadora do projeto. Confere: Coletivo Catarse – Como construíste a ideia de realizar as oficinas de teatro? E por que com crianças? Andressa – Me formei em Teatro em 2007. Quando vim morar na Comuna do Arvoredo, esse espaço, esse centro cultural, surge a ideia de ministrar oficina de teatro como continuidade do trabalho que eu já fazia nas escolas. As crianças são um público que chega mais rápido pra fazer oficina. Os pais têm essa necessidade e as crianças, também. Então, eu dava aula pra adolescente, pra criança. Mas, na Comuna, escolhi fechar esse grupo de crianças porque eu acho que a procura é maior. CC – Tu consegues notar um desenvolvimento naqueles que se mantêm mais seguidos nas oficinas? Andressa – A oficina acontece desde 2022. Começamos com quatro alunos no primeiro ano. No segundo ano, eram oito. Acho que a gente fechou com mais no final, talvez uns dez, não recordo bem. E, em 2024, a oficina estava lotada, com 13 participantes. Tivemos que dividir a turma de pequenos e maiores. Mas vejo que tem um crescimento e muito potencial pra crescer. Já entre as crianças, a gente vê o crescimento na hora do espetáculo. Alunos que estão ali há mais de dois anos já têm plenas noções de espaço, de ritmo, de palco, de não ficar de costas para o público, de não falar ao mesmo tempo. O segundo passo foi o de montar personagens, trazer vozes diferentes, corpos diferentes pra cada um dos personagens. Hoje já temos alunos que rapidamente alcançam essa construção cênica. Mas, também, não é só essa questão do tempo. As crianças, elas estão no grupo por objetivos completamente diferentes. Algumas querem fazer e aprender teatro, ensaiar. Outras querem se integrar naquele grupo, brincar. E o teatro é só um dos elementos que compõem a aula. Então isso também faz a diferença. Se ela ama teatro porque ela quer ser atriz ou se ela gosta de teatro porque é uma aula divertida. Às vezes a gente perde alunos que estão super engajados no momento de brincadeiras e quando a gente vai para o ensaio, a aula fica um pouco mais fechada, com menos brincadeira, e os alunos se desinteressam. Por fim, eu acho que as crianças sentem necessidade de brincar muito hoje, de pega-pega, porque elas não têm mais a rua pra ficar brincando. Por isso, valorizo muito a brincadeira nas aulas. Tenho a brincadeira e essa vontade de formar o grupo, então, os alunos se reconhecerem aqui. Formaram amizades e vínculos. CC – E como é estar num espaço como a Comuna para realizar essas atividade? Tem estrutura, apoio, possibilidades? Andressa – A oficina não existiria se não fosse o apoio do coletivo. Se eu tivesse que pagar um espaço no centro de Porto Alegre, ela não teria começado. Além disso, a conexão entre os coletivos potencializa muito o trabalho, como na parceria do Yeshe Cultural com o Coletivo Catarse / Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre. Acredito que essa coisa da gente ter um grupo que valoriza o trabalho, que vai lá olhar, que vê essas crianças crescerem, que gosta de ter esse contato durante a semana, é muito motivador. Sobre o salão Zé da Terreira No último aniversário da Comuna do Arvoredo, celebrado em 16 de novembro de 2024 , o espaço multiuso do coletivo foi batizado como Salão Zé da Terreira, em homenagem a esse grande artista, que nos deixou em 2023.