Moleques estendidos no chão

Pegando os grandes bandidos que controlam o tráfico de armas e drogas, e que não costumam sujar a gravata de sangue, os moleques de havaianas na favela não vão morrer às centenas, porque eles são apenas a pontinha do problema. Perto de quem realmente manda, esses moleques estendidos no chão são tão perigosos quanto o Patati e Patatá.

Por Mariana Albanese – Jornalista e editora da página Vidiga!

Quando vi na TV a informação da morte da jovem policial Alda Castilho, de 22 anos, na UPP Parque Proletário, me deu um nó na garganta. Um detalhe pegou fundo: ela cursava psicologia, para tentar ajudar melhor as crianças da comunidade. Doeu, porque lembrei das policiais que atuam no Vidigal, morro carioca para onde me mudei em 2011, oito meses antes da pacificação. Assim como a maioria dos que vão para as UPPs, essas moças são jovens, cheias de vida e acabam realmente se envolvendo, dando aulas de esportes, música. São responsáveis por cafés da manhã comunitários. Esses policiais não vêm de bairros nobres, ganham pouco e com certeza enxergam nos pequenos alguma coisa de sua infância.

Mas não deu tempo de sentir muita coisa, porque no dia seguinte começou a caçada que acabou com nove baleados no morro do Juramento. Seis jovens mortos, estendidos no chão de uma escada que poderia ser qualquer uma das que existem no Vidigal, e os corpos, de qualquer um dos meninos que enchem suas vielas com a alegria do funk e das provocações bem cariocas. Aê mulek!

A foto doeu fundo, e talvez mais funda ainda tenha sido a dor de ver na postagem que fiz na página do Vidiga! as frases de sempre, repetidas ao infinito: “tá com dó? Leva pra casa”. Ou “bandido bom é bandido morto”. Pra começar: quem sabe quem eles eram? Depois saiu a informação: três sequer tinham passagem. Os outros três, eram fichados por crimes leves.(…)

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