Dia 17 de julho o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre recebeu do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) o reconhecimento como Ponto de Memória.
O certificado comprava a atuação da cooperativa de trabalho e ponto de cultura em ações de museologia social, desenvolvendo ou apoiando “projetos e ações de museologia social, pautadas na gestão participativa e no vínculo com a comunidade e seu território, visando à identificação, registro, pesquisa e promoção do patrimônio material e imaterial, contribuindo para o reconhecimento e valorização da memória social brasileira”.
O reconhecimento da entidade é uma grande conquista, que estimula a aprofundar e capilarizar esse trabalho. Mas o processo coletivo interno de se entender enquanto ponto de memória começa muito antes, sendo até difícil definir ao certo sua origem.
Teria sido após a morte do Montiel, artista residente do Ponto de Cultura, quando a equipe viu a necessidade de impedir que a obra do artista se perdesse para a umidade, traças e cupins?
Ou na catarse dos 18 anos, quando o coletivo percebeu que tinha quase duas décadas de acervo digital. Das jornadas de junho de 2013, passando pelas colheitas de arroz orgânico da Cootap/MST, ocupações urbanas, movimentos indígenas, iniciativas de agroecologia e manifestações culturais das mais diversas.
Certamente um momento chave para este trabalho foi a festa dos 20 anos da aldeia Kaingang Fag Nhin, na Lomba do Pinheiro/Porto Alegre. Assistir ao filme “Indíos Urbanos” duas décadas depois junto da comunidade – agora consolidada -, que se reconhecia no registro e se orgulhava da mobilização que garantiu a permanência no território, conferiu significado ao trabalho.
Momentos como esse reafirmam a importância dos registros audiovisuais. Mas também reforçam a urgência de seguir mantendo o que já está registrado, aprofundando a organização do acervo, disponibilizando e divulgando a memória audiovisual para o público em geral, e, principalmente, para as pessoas e grupos registrados.