O Coletivo Catarse, na figura de dois cooperados, Bruno Pedrotti e Marcelo Cougo, esteve na abertura do décimo encontro do Faupoa – Fórum de Agricultura Urbana e Periurbana de Porto Alegre, que foi realizado nas dependências do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS Ampliado da Restinga, na última sexta, 15 de setembro. O Faupoa reúne diversas iniciativas de hortas coletivas urbanas no município de Porto Alegre, seja em comunidades, escolas, unidades de saúde, unidades de assistência social, unidades prisionais, unidades de recuperação de dependentes químicos, espaços com cunho religioso e de recuperação ambiental, entre outros. Entre os seus objetivos estão: divulgar, estimular, trocar e desenvolver experiências em práticas de agricultura urbana, agroecologia, hortas urbanas, jardinagem e arborização em espaços urbanos, promovendo o cultivo e o consumo de hortaliças, frutas, grãos e plantas alimentícias não convencionais (PANCs).
Foram entregues duas dezenas de mudas de palmeira Juçara, fruto do nosso envolvimento enquanto coletivo de comunicação e produção cultural com essa espécie de palmeira, nativa da Mata Atlântica, e que representa um ponto central na manutenção da biodiversidade, assim como um importante incremento econômico para as populações que vivem nesses territórios que se estendem do sul do Brasil até o Espirito Santo. Coletadas durante a I Carijada Kaatártica, as mudas foram distribuídas para as hortas participantes do encontro. Para conhecer mais e fazer contato, acesse a página no Facebook do Fórum.
O Coletivo Catarse tem um histórico de envolvimento com a Juçara desde o advento da Rede Juçara, rede de agricultores florestais que trabalham a sustentabilidade a partir dessa palmeira. Dentre os trabalhos de comunicação que fizemos junto com a rede está a trilogia “O ser juçara” .
A trilogia retrata, além de toda diversidade encontrada no domínio da Mata Atlântica, as experiências do ser humano com os saberes associados ao manejo da floresta nativa, em especial da Palmeira Juçara. Este primeiro episódio apresenta a relação direta e indireta das pessoas com a floresta, os modos de vida, as conexões que existem entre as experiências retratadas – e a perspectiva de que é possível se viver de maneira sustentável em todos os espaços.
O ser Juçara é um documentário produzido pela Associação Içara, Butia Dub e Coletivo Catarse, apoiado pela Rede Juçara, a ser lançado em três episódios (Nós e a Floresta, Cultura em Transformação e Alimento para a Vida) de cerca de 30 minutos cada, sobre a cadeia de valores econômicos, sociais e culturais do manejo sustentável da Palmeira Juçara (Euterpe edulis) – o açaí da Mata Atlântica, atualmente ameaçada de extinção assim como todo o bioma. É parte integrante do Projeto Cadeia de Valores da Palmeira Juçara, financiado pelo edital Fortalecendo Comunidades na busca pela Sustentabilidade, uma parceria entre o Fundo Socioambiental CASA e o Fundo Socioambiental CAIXA.
No segundo episódio, está em questão a transformação do modo de se enxergar e se relacionar das pessoas com a palmeira. Por décadas – séculos! -, considerada fonte do melhor palmito, foi objeto de um extrativismo que, quando realizado apenas por comunidades tradicionais e famílias que se instalavam em áreas de sua incidência, inicialmente era sustentável, mas que, a partir de um desenvolvimentismo econômico que enxergou neste um produto de grande valor agregado – para os agroindustriários, nunca para os coletores, conhecidos como “palmiteiros” -, passou a ser ameaçada de extinção. Já há cerca de duas décadas este panorama vem se modificando pela disseminação do conhecimento de que os frutos da Palmeira Juçara – o açaí da Mata Atlântica – também são viáveis economica, ecologica e culturalmente.
No terceiro e último episódio, Alimento para a Vida, fiinaliza a nossa história apresentando as alternativas e a importância que os frutos da Palmeira Juçara têm para oferecer para alimentar nossas vidas. Com certeza sua contribuição vai para além da nutrição e da culinária, mas é, sim, um elemento delicioso que pode compor os mais variados pratos. No entanto, é preciso entender esta palmeira como parte de uma cadeia de valores
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Texto: Marcelo Cougo
Imagens: Marcelo Cougo e Bruno Pedrotti
Edição: Bruno Pedrotti.