As enchentes no RS atingiram não só diretamente as vidas de pessoas e animais, mas também os objetos, os projetos, as atividades, planos… os diversos futuros.
Em Triunfo, há cerca de 500m de distância da margem do Rio Taquari, a residência de um parceiro do Coletivo Catarse foi atingida completamente. Uma área no tranquilo bairro Olaria, fora do centro urbano, mas bem habitada, no estilo vila bucólica. A casa e a estrutura de trabalho da família, um tipo de gleba, com pequena agrofloresta, cheia de frutíferas e outros manejos, ficaram completamente sob as ferozes águas das cheias, que chegaram escoadas em um rio já quase sem mata ciliar em suas margens – uma das razões diretas do absurdo que se viveu na região.
O médico veterinário Fabio Haussen e sua companheira, a psicóloga Andreia Vasques (insta: @psico.andreiavasques), agora se dividem na recuperação de suas estruturas e no auxílio à comunidade e ao município – já que fazem parte de uma frente de solidariedade que não vai parar ainda por um bom tempo.
A ligação desta família com o Coletivo Catarse vem de algum tempo já. Por certa proximidade e por ter um gosto ligado à cultura do gaúcho, Fabio já participou de duas carijadas realizadas pelo Coletivo – seu sítio, no interior do município, mantém um erval, ao qual teve duas podas cedidas aos eventos, uma em 2016 e outra ano passado, em 2023. Aqui neste link é possível observar todo o processo da produção artesanal de erva-mate que se fez, demonstrado em texo, fotos e vídeo, com as imagens da colheita à pilagem.
A pilagem…
Foram moídos ali, então, cerca de 25kg de erva, num soque adquirido pelo Coletivo Catarse durante o projeto Roda Carijo em 2015, que acompanhou diversas carijadas ao longo dos anos, apoiando amigos e parceiros ou batucando em eventos próprios, produzidos pelo próprio Coletivo. Numa nova fase de realizações destes eventos, pós um período inerte de pandemia, esta ferramenta pesada já havia circulado alguns bons quilômetros – e se planejava, num futuro bem recente, fazê-lo andar ainda mais. Então, nesta parceria com a família de Fabio, após a I Carjada Kaatártica em Triunfo, decidiu-se por armazenar o soque na casa às margens do Rio Taquari – sob a espectativa da realização, num próximo período, de pelo menos mais duas carijadas.
Infelizmente, como mais uma vítima das enchentes – mas jamais igualada em sofrimento com quaisquer das vidas atingidas por tamanho desastre -, o soque ficou completamente embaixo d’água. Agora, Dr. Fabio e o Coletivo Catarse vão, juntos, tentar recuperar esta ferramenta simbólica, fazê-la bater erva novamente e já planejar um novo encontro de carijada para representar uma superação necessária. Amigos e parceiros que não se entregarão ao infortúnio, mas de jeito nenhum!
Reportagem: Bruno Pedrotti e Gustavo Türck (texto)
Fotos: Billy Valdez
Confira uma pequena galeria:
É isso aí, “não tá morto quem peleia!”
A vida continua, independetemente da ganância capitalista que não respeita a natureza, sempre na atitude do lucro imediato, sempre tendo a natureza como algo a ser vencida, não vivendo de forma harmonioza com a mesma.
Mas bah, isso me faz lembrar de Dersu Uzala e do Lutz (José Antonio Lutzenberger)!
Fábio e Déia… pessoas do bem sempre na luta pelo coletivo. Tenho orgulho de ser amiga desses dois.
Linda reportagem. Parabéns a todos os envolvidos no projeto e ao Fábio e à Andreia pelo trabalho maravilhoso que estão fazendo de ajuda a comunidade. Não conhecia este instrumento de fazer a erva mate mas com certeza com a garra de vocês,logo estará recuperado e funcionando. Abraços a todos.