Coletivo Catarse na 10ª edição da Festa da Biodiversidade

Ao longo da segunda quinzena de maio, ocorreu a 10ª décima edição da Festa da Biodiversidade. Neste ano, o encontro somou uma série de atividades descentralizadas, além da tradicional festa do Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado durante todo o dia 22 de maio, no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público de Porto Alegre. O evento reuniu coletivos, organizações socioambientais, comunidades tradicionais, artistas e a população em geral em uma celebração da diversidade biológica e cultural. E o Coletivo Catarse esteve junto mais uma vez no apoio a esse grande festejo público, sendo responsável pela rádio poste, além da estrutura de som e técnica das atividades.

A festa, que sempre foi realizada de maneira autônoma, teve de superar uma dificuldade: a Prefeitura de Porto Alegre tentou cobrar pelo uso do espaço público, dentro de uma lógica mercantilista que conta quantas vagas de veículos são utilizadas e por quanto tempo em caso de evento no local – o largo foi convertido em estacionamento pago em julho do ano passado. Porém, com a pressão popular, o poder público municipal recuou e cedeu o espaço sem custos, como havia sido em todas as edições anteriores. Claro que as atividades ficaram rodeadas de carros, estando livre apenas o espaço ocupado pela programação.

O evento ecoou diferentes lutas ambientais da cidade, da valorização de plantas nativas como a palmeira Juçara, a araucária, a bananinha-do-mato e tantas outras levadas pelo Grupo Viveiros Comunitários da UFRGS até a defesa dos bugios urbanos pelo Programa Macacos Urbanos, também da universidade. Somado a isso, a luta contra a megamineração no Rio Grande do Sul, por moradia digna, soberania alimentar e contra o sistema de monoculturas e seus agrotóxicos, denunciando também o extermínio de pessoas pretas, indígenas, periféricas, LGBTQIAP +, também ecoaram pelo Largo.

Do final da manhã até as 14h, a festa contou com uma programação cultural diversa organizada pelo Coletivo Dandô, que foi desde o rap do grupo Indigência Crew, passando pela cantoria de Mariana Stedele, a poesia de Mário Pirata, até a viola caipira de Ubiratan Carlos Gomes. Depois de um saboros almoço servido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), foi realizada uma roda de conversa e poesia sobre a biodiversidade, solidariedade, a mercantilização da cidade e tantos outros ataques à diversidade de vidas no Brasil. À noite, o evento contou com ainda mais intervenções da resistência das culturas populares, por meio de uma roda de capoeira organizada pelo Coletivo de Capoeira Angola Gira Ginga e de um cortejo de maracatu do grupo Maracatu Trovão.

Para além da ocupação das ruas centrais da cidade, a festa esteve ainda em muitos outros espaços ao longo da semana, como o Assentamento Urbano Utopia e Luta, a KSA Rosa no Bairro Floresta, espaços da UFRGS e a aldeia kaingang Gah Ré. A atividade que encerraria o evento teve de ser remarcada por conta das condições climáticas. Assim, a festa terá ainda um encontro no Quilombo Lemos, na Av Padre Cacique 1250, no domingo, dia 08 de junho. No encerramento será apresentada a peça Don Juan, do grupo Levanta Favela, às 14h, com uma sessão do Quilombocine às 15h.

Para saber mais sobre o histórico da festa, acesse o blog ou assista os vários vídeos já produzidos. Siga também a festa no Instagram para outras atualizações.

Participaram da organização da festa:

Amigas da Terra Brasil, Ser Ação, Utopia e Luta, INGA, Coletivo Catarse, Coletivo de Capoeira Angola Gira Ginga, GVC, DAIB/UFRGS, Fora da Asa, GEA Mamangava, Quilombo Lemos, Ksarosa, AGAPAN, Projeto Macacos Urbanos, Coletivo Mato do Julio, Movimento em Defesa do Litoral Norte, MTST/ Cozinha da Azenha, Comitê de Combate a Megamineração, Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta Favela, Ângela Xavier, Ana Dos Santos, Coletivo Dandô POA, Biguá, Comuna do Arvoredo, Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Anima Sonhos, Retomada Gãh Ré, Coletivo Mães da Periferia, Flor da Terra – Bioarte, Mandingas e Poções, Vive Praça Mafalda Verissimo, Coop Circo, APAPOA, Madre Tierra.Poiesis, Banana Verde Produtos Ecológicos, Maracatu Truvão, LP Pereira da Vila.

Texto: Bruno Pedrotti
Fotos: Billy Valdez e Bruno Pedrotti

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