Um gato preto
caminha e arranha
a superfície do telhado.
O telhado é minha cabeça
e meu discurso,
quando falo.
Minha cabeça fica dentro
da alma do gato
que passa.
O gato muda de cor
e dá um salto
para o nada.
O nada é meu coração
na superfície
de um planalto.
O planalto
assim sozinho,
reina forte como um gato.
A solidão é uma faca
e tem dois gumes,
isto é fato.
O poema que eu recebo
assobia
e pede os passos
do gato.
Por Eliana Mara Chiossi
Para Rodrigo Vaccotti