Saberes Kaingang na Sala Redenção

Na última quinta, 15 de novembro, o cinema da Sala Redenção, no Campus Centro da UFGRS, exibiu 5 filmes da série “Saberes Indígenas na Escola – núcleo UFRGS Kaingang”. Realizada pelo núcleo Saberes Indígenas da UFRGS e pelo Coletivo Catarse em 2023, completando uma década da ação de extensão, esta série traz temas geradores para debate nas salas de aula das aldeias. Cada um dos temas foi escolhido pela própria comunidade que recebeu a gravação, sendo as entrevistas na língua Kaingang, com os próprios professores indígenas das escolas dialogando com os mais velhos e mais velhas. No projeto, o audiovisual entra como parte do material didático desenvolvido para a educação escolar indígena – que será lançado dia 27 do mesmo mês no Museu da UFRGS – em um esforço de docentes indígenas e não indígenas para sistematizar uma base que permita que cada povo tenha um ensino escolar diferenciado segundo sua cultura. Depois dos filmes, foi feita uma conversa com Lucas Penido, da equipe dos saberes, as indígenas Kaingang Vera Kaingang e Sueli Krengre e Gustavo Türck, da equipe do Coletivo Catarse. Além falar sobre o processo de produção, foram levantados alguns dos fatores que levaram a decisão de exibir os filmes no idioma originário e sem legendas, fazendo da sessão uma das poucas – se não a primeira – sem suporte ao português no espaço. Para alívio da curiosidade dos fog (não indígenas) presentes, a tradutora, professora e antiga orientadora do Saberes, Sueli Krenge, contou no idioma do colonizador um pouco do que foi conversado nas aldeias. No encarramento da sessão – que integrou a mostra “Sabedorias – Arandu – Kanhgág Kajró Pẽ” -, foi feito o convite para a exposição de mesmo nome. Com abertura na próxima segunda (27/11), às 10:30, a exposição no Museu da UFRGS (Av. Oswaldo Aranha, 277, Porto Alegre/RS) em comemoração aos dez anos da Ação Saberes Indígenas na Escola – Núcleo UFRGS pode ser visitada de segunda à sexta, das 9 às 18 horas. Estarão expostos os materiais didáticos nas línguas originárias, incluindo os materiais audiovisuais e impressos. Texto e fotos: Bruno Pedrotti.

Carijada na Ecovila Karaguatá

Uma vez mais a chama carijeira iluminou a noite do Rio Grande do Sul, aquecendo corações e reafirmando coletivamente o fazer ancestral. No último fim de semana, 18 e 19/11, reunidos na Ecovila Karaguatá, Santa Cruz do Sul/RS, cerca de dez pessoas prepararam artesanalmente 13 kilos de uma erva mate deliciosa.

Imagens de luta: 1 ano da Retomada Gah Ré

Cansados de viver espremidos nas periferias, há pouco mais de um ano, familías Kaingang e Xokleng retomaram um território no Morro Santana. O terreno na zona leste de Porto Alegre, das capitais mais verticalizadas do Brasil, tinha tudo para seguir o rumo de tantos outros na cidade: ser cercado por tapumes, virar canteiro de obras e por fim um conjunto a mais de prédios sufocando a terra e bloqueando a vista. Mas a luta mudou tudo. Ao invés de prédios, aldeia. No lugar de concreto, trilhas. Ao invés de cortar as árvores, foram plantadas novas mudas, roças e ervas medicinais. Não se gerou lucro para acionistas e especuladores do mercado financeiro e sim bem viver, dignidade e alegria para famílias, amigos e parentes. Contra todas as forças do sistema capitalista, a comunidade vem se mantendo no seu território a um ano. Conquista essa que merecia – e recebeu – uma grande celebração. Entre os dias 2 e 5 de novembro, foi comemorado o aniversário da retomada, com apoio da Teia dos Povos, articulação nacional de luta por terra e território. Mais do que “somente” festejar, o evento foi organizado para potencializar a comunidade, com mutirões de construção e plantio, trilha, encontros culturais e fortalecimento de redes de apoio e solidariedade. A nós do Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre coube mostrar algumas imagens representativas do que o território passou. Com as fotografias do Deriva Jornalismo, Santiago e da própria juventude da retomada – registradas no processo do oficinas com nosso coletivo viabilizado pela Witness – montamos uma exposição no sábado dia 4 de novembro. Junto da exposição de fotos, também organizamos um cinema na aldeia. O barracão de lona, espaço importante de convivência, deliberação e aprendizado, tornou-se também sala de cinema, com o calor do fogo aquecendo o ambiente. Entre as opções de vídeos selecionados para a exibição não houve dúvida sobre qual seria o primeiro: “Resistir para cuidar da Mãe Terra“, registro da entrada da comunidade no território, cerca de um ano atrás. Após o filme, Gah Té fez uma fala reforçando a intenção de reflorestar o Morro Santana, convidando aos presentes para o mutirão de plantio que seria realizado no dia seguinte (domingo, dia 5). A sessão seguiu com mais um vídeo sobre a retomada que circulou no Instagram, o Dossiê sobre a Família Maisonava da Federação Anarquista Gaúcha (FAG) e o vídeo “Araucária Milenar e os Ensinamentos Xamânicos“, no qual o coletivo por meio do projeto Resistência Kaingang registrou um ritual da Kuja Gah Té com seu sobrinho e aprendiz de xamã Doka aos pés de uma Araucária Milenar em Mangueirinha/Paraná. O vídeo motivou Gah Té a compartilhar um pouco do valor que as Araucárias têm para o povo Kaingang com a comunidade de parentes e apoiadores que ouvia atenta envolta do fogo. Não por acaso, o filme seguinte foi o documentário Araucária, que cativou o público com suas belas imagens e animações dos animais que se alimentam os pinhões. E ver as imagens de pinhões cozidos, assados na grinfa, na chapa do fogão a lenha ou usados nas diversas receitas registradas no curta abriram o apetite dos presentes na sessão. Assim, foi se encerrando a sessão de cinema, com a chamada para o mutirão de preparo da janta. Terminado o cinema, o evento seguiu sua dinâmica coletiva de celebração e trabalho. Na mesma noite, música, dança, cantoria. No dia seguinte, trilha no Morro Santana e plantio de mudas nativas. Refletindo sobre o território e as diferentes fases pelo qual passou, foi possível perceber quantas conquistas no espaço curto de tempo. Algo que de fato se constatou foi que tamanho avanço não foi fruto de apenas o trabalho de algumas pessoas, e sim de uma articulação extremamente potente de outras aldeias, quilombos, assentamentos, grupos de capoeira, e diferentes grupos de pessoas que lutam por cidades com mais aldeias e menos prédios. Abaixo alguns dos nomes das coletividades envolvidas na construção desta festa. Agradecemos a oportunidade de participar e desejamos que venham muitos anos de vida para a Retomada Gah Ré e para a Teia dos Povos! Assentamento Carlos Marighella (SM), Quilombo Coxilha Negra (São Lourenço), Retomada Konhun Mág (Canela), Assentamento Filhos de Sepé (Viamão), Aldeia Por Fi Gá (São Leopoldo), Horta Vó Maria (Canoas), Comunidade Kilombola Morada da Paz (Triunfo), Raízes do Sul Capoeira Angola, Ação Antifascista Social, povo Palestino… Outros olhares:Deriva Jornalismo, DO TERRENO-Naturais&Artesanais, Retomada Kaingang de Canela Texto: Bruno PedrottiFotos: Luís Gustavo Ruwer, Billy Valdez, Marcelo Cougo, Deriva Jornalismo, Giulia Sichelero.

Frutos de resistência – Marcha das mulheres indígenas pelas lentes da Retomada Gah Ré

Em abril deste ano, pouco antes do Acampamento Terra Livre, a mulher araucária Gah Té plantou uma semente: “precisamos de oficinas para que a juventude da comunidade possa cobrir a ‘III Marcha das Mulheres Indígenas – Mulheres Biomas em defesa da Biodiversidade”. Setembro chegou trazendo os frutos: a juventude da retomada participou da marcha entre os dias 11 e 13 com a câmera em punho, registrando sua luta do seu próprio ponto de vista.

Imprensa negra em pauta no MUSECOM

Na manhã da última quarta foi realizada a abertura da exposição “Tição: Existência e Resistência” no Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom). A abertura contou com a presença de autoridades como a Secretária de Estado da Cultura Beatriz Araújo e Welington Silva, diretor do museu.

Entrega de mudas de juçara para o Faupoa

O Coletivo Catarse, na figura de dois cooperados, Bruno Pedrotti e Marcelo Cougo, esteve na abertura do décimo encontro do Faupoa – Fórum de Agricultura Urbana e Periurbana de Porto Alegre, que foi realizado nas dependências do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS Ampliado da Restinga, na última sexta, 15 de setembro. O Faupoa reúne diversas iniciativas de hortas coletivas urbanas no município de Porto Alegre, seja em comunidades, escolas, unidades de saúde, unidades de assistência social, unidades prisionais, unidades de recuperação de dependentes químicos, espaços com cunho religioso e de recuperação ambiental, entre outros. Entre os seus objetivos estão: divulgar, estimular, trocar e desenvolver experiências em práticas de agricultura urbana, agroecologia, hortas urbanas, jardinagem e arborização em espaços urbanos, promovendo o cultivo e o consumo de hortaliças, frutas, grãos e plantas alimentícias não convencionais (PANCs). Foram entregues duas dezenas de mudas de palmeira Juçara, fruto do nosso envolvimento enquanto coletivo de comunicação e produção cultural com essa espécie de palmeira, nativa da Mata Atlântica, e que representa um ponto central na manutenção da biodiversidade, assim como um importante incremento econômico para as populações que vivem nesses territórios que se estendem do sul do Brasil até o Espirito Santo. Coletadas durante a I Carijada Kaatártica, as mudas foram distribuídas para as hortas participantes do encontro. Para conhecer mais e fazer contato, acesse a página no Facebook do Fórum. O Coletivo Catarse tem um histórico de envolvimento com a Juçara desde o advento da Rede Juçara, rede de agricultores florestais que trabalham a sustentabilidade a partir dessa palmeira. Dentre os trabalhos de comunicação que fizemos junto com a rede está a trilogia “O ser juçara” . A trilogia retrata, além de toda diversidade encontrada no domínio da Mata Atlântica, as experiências do ser humano com os saberes associados ao manejo da floresta nativa, em especial da Palmeira Juçara. Este primeiro episódio apresenta a relação direta e indireta das pessoas com a floresta, os modos de vida, as conexões que existem entre as experiências retratadas – e a perspectiva de que é possível se viver de maneira sustentável em todos os espaços. O ser Juçara é um documentário produzido pela Associação Içara, Butia Dub e Coletivo Catarse, apoiado pela Rede Juçara, a ser lançado em três episódios (Nós e a Floresta, Cultura em Transformação e Alimento para a Vida) de cerca de 30 minutos cada, sobre a cadeia de valores econômicos, sociais e culturais do manejo sustentável da Palmeira Juçara (Euterpe edulis) – o açaí da Mata Atlântica, atualmente ameaçada de extinção assim como todo o bioma. É parte integrante do Projeto Cadeia de Valores da Palmeira Juçara, financiado pelo edital Fortalecendo Comunidades na busca pela Sustentabilidade, uma parceria entre o Fundo Socioambiental CASA e o Fundo Socioambiental CAIXA. No segundo episódio, está em questão a transformação do modo de se enxergar e se relacionar das pessoas com a palmeira. Por décadas – séculos! -, considerada fonte do melhor palmito, foi objeto de um extrativismo que, quando realizado apenas por comunidades tradicionais e famílias que se instalavam em áreas de sua incidência, inicialmente era sustentável, mas que, a partir de um desenvolvimentismo econômico que enxergou neste um produto de grande valor agregado – para os agroindustriários, nunca para os coletores, conhecidos como “palmiteiros” -, passou a ser ameaçada de extinção. Já há cerca de duas décadas este panorama vem se modificando pela disseminação do conhecimento de que os frutos da Palmeira Juçara – o açaí da Mata Atlântica – também são viáveis economica, ecologica e culturalmente. No terceiro e último episódio, Alimento para a Vida, fiinaliza a nossa história apresentando as alternativas e a importância que os frutos da Palmeira Juçara têm para oferecer para alimentar nossas vidas. Com certeza sua contribuição vai para além da nutrição e da culinária, mas é, sim, um elemento delicioso que pode compor os mais variados pratos. No entanto, é preciso entender esta palmeira como parte de uma cadeia de valores Aproveitamos para convidar a se inscrever no nosso canal do youtube, curtir e compartilhar esse conteúdo, para que essa informação chegue mais longe e ajude a preservação das nossas matas. Texto: Marcelo CougoImagens: Marcelo Cougo e Bruno PedrottiEdição: Bruno Pedrotti.

I Carijada Kaatártica – uma atividade para revisitar e vivenciar práticas de ancestralidade

O que se passou ali?Nesses restos de uma história passada.Cada elemento do fim conta um pouco do começo. Neste mês de agosto, de 2023, mais precisamente entre os dias 3 e 6, o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre revisitou origens da cultura originária do Rio Grande do Sul realizando a I Carijada Kaatártica. Localizada no município de Triunfo, no sítio dos Nicolaidis Cardoso, na região conhecida como Vendinha, a função reuniu a coletividade e mais alguns amigos numa produção artesanal de cerca de 25 kg de erva-mate. Iniciamos numa jornada para buscar o soque em Rolante, levamos a Triunfo e partimos a organizar o acampamento, as estruturas e o carijo – quarta, quinta e sexta-feira (2, 3 e 4 de agosto). Um adendo, na sexta-feira ainda teve coleta de mudas de Palmeira Juçara, semeadas pelos integrantes do Coletivo Catarse há mais de 6 anos, quando da realização de um Planejamento Estratégico no sítio. Esta, também, uma cultura de resistência, de luta ambiental e de sustentabilidade no domínio da Mata Atlântica – assista ao O Ser Juçara e entenda! ( ep1, ep2, ep3). No sábado, um grupo seguiu para o Sítio “Segredos da Terra”, no Corredor dos Garcias, interior do município de Triunfo, de propriedade do médico veterinário e grande parceiro Fabio Haussen Pereira Junior, para fazer a colheita da erva-mate. No local, já planejando uma poda que mantivesse alguns pés para uma segunda carijada – no local, em início de outubro! -, realizou-se um pequeno manejo, com liberação de espaço para facilitar o rebrote dos pés de erva cortados. Cortou-se o suficiente para encher um carijo de 1,70m x 1,70m e de 1,10m de altura. A chegada da erva no Sítio dos Nicolaidis Cardoso coincidiu com a chegada de um grupo de pessoas que veio diretamente da “Oficina de Vídeo para Defesa de Territórios com o Celular”. A ação, envolvendo os indígenas da Retomada Gah Ré, no Morro Santana em Porto Alegre, ministrada por Vitor Ribeiro, de Niterói-RJ, da ONG Witness e Plataforma Bombozila, foi realizada em continuidade ao projeto Coral, articulação latinoamericana de fortalecimento do vídeo como ferramenta de defesa de direitos socioambientais. De lá, chegaram representantes da etnia Kaingang e Guarani, além do próprio Vitor e demais colegas de Coletivo. “Eu tinha pouquíssima – pra não dizer nenhuma – informação sobre o carijo e a erva-mate como um todo. Quando participei da Carijada, tive a chance de estar junto e aprender sobre o processo, com gente comprometida com sua preservação. A dedicação das pessoas envolvidas e a forma como a brasa era mantida me deixaram muito impactado. Todas as etapas do processo, a convivência em torno do fogo, a cantoria, poder beber o mate recém-nascido no carijo, foi muito impactante pra mim. Senti muita confiança na postura do Coletivo Catarse em trabalhar junto com os povos indígenas para resgatar essa cultura ancestral. Como um carioca que não tem hábito de tomar o mate, acabei voltando com a erva para casa e apresentando paras pessoas na minha comunidade. E fez muito sucesso: equanto sorviamos, eu lhes mostrava os vídeos do fogo, do carijo, do soque, e lhes contava como as pessoas se organizaram coletivamente em torno dessa feitura. Algumas pessoas compararam o trabalho coletivo do mate ao que fazemos na pescaria artesanal de canoa aqui da região, quando nos mobilizamos para pegar, limpar e cozinhar o pescado. Dessa forma acredito que pude compartilhar com minha comunidade esse aprendizado e esse respeito pelo conhecimento ancestral da Natureza.” – relatou Vitor. Com a coletividade completa, se deu início aos processos de encarijamento, partindo-se ao sapeco – primeiro contato da erva-mate com o fogo, quando se passam as folhas rapidamente pelas labaredas altas para gerar um “estralar” alto, demonstrando que as membranas da folha se romperam -, depois a quebra e montagem dos ramos, para, em fim, colocar e preencher o estrado do carijo com a erva-mate. Com o braseiro do sapeco, inicia-se o fogo, mantendo-se o controle de um fogo baixo e uniforme por pelo menos 12h – neste caso, pela umidade da noite, 14h. É a fase da secagem, lenta e gradual, uma noite longa, acompanhada pelos carijeiros que fazem a ronda, trocando causos e conversas ao pé do fogo sem descuidar jamais. O amanhecer, o avanço do Sol chegou, a erva secou, saiu do carijo e foi ao cancheador, para a primeira quebra – não sem antes, ainda bem cedinho, sair o primeiro matezido, bueno, colhido pelas mãos defumadas e batido na mão de pilão, para, então, ir à cuia, que vai fazer sorver o melhor amargo para aquele momento. A fase final é a música do soque mecânico batendo, um samba, cadombe, tambor sequenciado, afinando a erva cancheada e preparando a distribuição da erva a todos, cheia de conhecimento e história, mas não só mais aquela ancestral, mas, agora, também com a de todos que trabalharam. Participaram desta carijada:Têmis, Gustavo, Mainô, Marcelo, Bruno, Billy, Sheiná, Kaariuk, Liane, Ruwer, Najla, Alexandre, Cris Cubas, Vini, Vitor, Lorena, Van Fejj, Kanindé, Vherá Xunú, Eraldo, Estela, Rita, Navarro, Dr. Fábio e família. Depoimento de Alexandre Fávero, artista, sombrista há mais de 20 anos: Texto: Gustavo TurckFotos: Billy Valdez, Bruno Pedrotti, Têmis Nicolaidis.

Oficina de fotografia na Retomada – dia 19 de agosto de 2023.

Dando continuidade à nossa formação em fotografia com jovens da Retomada kaingang Gãh Ré realizada com apoio da Witness Brasil, fui buscar o pessoal no Morro Santana. Lá deixei algumas instruções para Van Fej, que ia viajar com sua vó, Gãh Té, para Nonoai. Essa viagem ia ser a primeira da jovem como “fotógrafa” das atividades da Cacica. A nossa outra oficinanda, Fran, estava apoiando o trabalho de sua mãe com artesanatos. Desse modo fomos eu e Jonas rumo ao Centro, primeiro na Catarse, buscar equipamentos, e depois ao museu Júlio de Castilhos, onde estava tendo a Virada da exposição com coleções fotográficas indígenas no espaço Memória e Resistência. Nesse momento tivemos a companhia do Billy Valdez, fotógrafo do Coletivo Catarse. A visita por todos os cantos no museu rendeu várias fotos legais e pudemos seguir nossa oficina na prática. Depois, voltando para a sede da Catarse, foi o momento de aprender a baixar os arquivos no notebook e voltar pra Retomada, não sem antes deliciarmo-nos com um belo Xis coração de almoço! abaixo, algumas das imagens captadas por Jonas Durante a atividade. Texto: Marcelo CougoFotos da Oficina: Marcelo Cougo e Billy Valdez.

Na Trilha das Andarilhas pelas lentes da Retomada Gah Ré

Seguindo as oficinas de fotografia com a juventude Kaingang da Retomada Gah Ré com apoio da Witness Brasil, a função dessa vez foi no Centro de Porto Alegre. Acompanhar a peças “Na Trilha das Andarilhas”, do Quilombo do Sopapo dirigido pelo bonequeiro Leandro Silva, foi uma experiência muito impactante, tanto esteticamente como pelo discurso forte que ecoou pela Praça do Tambor e arredores. Uma oportunidade para o grupo de oficinandos ver e registrar a arte popular feita nas ruas, pelo povo e para o povo. Os bonecos gigantes da Trupi di Trapo, a música, tudo foi motivo de encantamento e observação cuidadosa pois, afinal, estávamos em “aula”. Uma aula de cidadania. Oportunizar aos jovens essa experiência foi muito legal! Mas também foi muito importante transitar portando máquinas modernas e manter o olhar atento ao que nos cercava. No final fomos toda turma comer uma deliciosa pizza no Mariamaria Espaco Cultural Aguardamos a próxima! Texto: Marcelo CougoFotos: Vanfejj, Jonas e Fran.