…começando pelo Ventre Livre.
A faxina estava marcada para as 13h, chegando lá, às 12h, já tinha gente varrendo a frente da casa. Quinze minutos mais tarde a casa estava tomada de crianças com vassouras nas mãos. Mais 20 minutos e estavam todas molhadas, de pés no chão e felizes.
É impressionante a força de vontade e a participação das crianças da Vila Jardim no projeto. Sedentas por conhecer, saber, questionar, aprender, hoje, elas são a motivação para que nós possamos superar os inúmeros problemas que têm aparecido. Ver um projeto de Ponto de Cultura andando é uma coisa, estar a frente de sua administração é outra bem diferente.
Estamos certos de que a solução é envolver as pessoas da comunidade ao máximo, estimulando o sentimento de pertencimento e a consciência de que aquele espaço é delas.
Entre uma esfregada e outra se escuta num tom de espanto: “É a gente que tá fazendo”! E deve ser bem por aí!
Nesse dia não fizemos só a faxina, mas escolhemos democraticamente as cores da casa e demandamos coletivamente um novo encontro para finalizar a limpeza.
Este novo encontro foi marcado para a terça-feira, dia 4 de agosto. Estivemos por lá mas, infelizmente, não conseguimos resolver um problema fundamental: estamos sem água. Estamos sem luz também. Olhamos para as paredes descascadas, irregulares, esburacadas e nos demos conta de que o trabalho de arrumação da casa vai ser mais difícil do que prevemos pois não temos rubrica de mão-de-obra no orçamento.
Vem a frustação e cai a ficha da responsabilidade que temos em relação à comunidade. Ao mesmo tempo esse sentimento vem para resolver o problema. Vamos focar nas atividades e procurar constituir o Ventre Livre como referência de território cultural de fato, mesmo que precariamente. O que a gente precisa agora é ocupar o espaço com gente e mostar as tantas possibilidades que o Ponto pode ser. E, enquanto isso, pegar emprestado esse ânimo das crianças para aprender com elas que é possível fazer acontecer.