Ao longo do último fim de semana, seguiu a diáspora das juçaras em busca de novas florestas. Aproximadamente 50 mudas da palmeira, espécie-chave da Mata Atlântica, foram resgatadas de uma área de mata de manejo do sítio dos Nicolaidis Cardoso (em Triunfo/RS) para integrar o viveiro e “centro de distribuição” na Comuna do Arvoredo, no centro de Porto Alegre – um local já clássico da resistência agroecológica em área urbana.

Frutos de sementes de Morro Azul/Três Cachoeiras e Maquiné, recebidas enquanto o Coletivo Catarse realizava trabalhos com a Rede Juçara, estavam há cerca de 7 anos plantadas no local – uma semeadura realizada a lanço. Porém, em alguns locais, por acúmulo de sementes pré-brotadas à época, já emaranhadas em suas raízes, houve uma superpopulação em pouco espaço, o que prejudica o desenvolvimento das árvores e gera um processo de competição que faria perecer muitas das mudas. Para evitar isso, a equipe do Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre tem realizado uma seleção de indivíduos para ficarem na mata e a coleta de mudas “afogadas” ou muito próximas destes no entorno – e que virão a ser distribuídas para plantação e repovoamento da espécie em outros locais.

Além de possibilitar uma nova alternativa para muitas das palmeiras juçara que iriam morrer dessa forma, a ação também favorece o desenvolvimento das plantas que estão sendo deixadas na mata. Estas, intituladas pelo coletivo de “matrizes”, irão ficar agora com espaço necessário ao seu crescimento pleno. Foi possível, inclusive, nesta ação de coleta de agora, já perceber um melhor desenvolvimento das matrizes selecionadas no ano passado em relação às plantas que ficaram no juçaral adensado, e as mudas coletadas tiveram baixíssima taxa de mortalidade, tendo sido replantadas com sucesso em áreas rurais e urbanas.

Em breve, o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre estará organizando novos mutirões de coleta dessas mudas. Por enquanto, há muitas à disposição para pessoas e coletivos interessados em seguir o processo de repovoamento desta espécie ameaçada, conhecida também como palmiteiro ou açaí da Mata Atlântica.

Para conhecer mais sobre esta palmeira e a luta contra a sua extinção, vale conferir a playlist da Rede Juçara no canal do Youtube do Coletivo Catarse e o seriado O ser Juçara, o qual fica aqui abaixo seu primeiro episódio.

Fotos: Giulia Sichelero
Texto: Bruno Pedrotti
Edição: Gustavo Turck

2 Comentários

  1. Fabiana Gomes Ruas

    Trabalho com palmeira juçara no ES (com pesquisa e ATER) como coordenadora de Recursos Naturais do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) fomentando usos com oficinas de culinária, plantios, SAF, fizemos uma IN para exploração sustentável do fruto, temos indústria, etc…. Nas nossas postagens aqui utilizo sempre a música “Ser palmeira ser juçara” – Butia Dub!! Parabenizo pela matéria, ficou maravilhosa e valorizou muito nossa palmeira e os povos que a protegem e usam!! Muito bom fazer parte desse todo no país. Gostaria de compartilhar pelo Instagram.
    Agradeço.
    Abçs.

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