Ventre Livre
“A maioria da nossa gente tem a pátria como galé
Como um tronco, como corrente presa ao pé,
Como um fardo sobre os ombros de que só se liberta quando morre”
(Francisco Julião)
Por força do direito à propriedade não pode ser direito
léguas de improdutividade a poucos pertençerem
alimentarem as esquinas, toda sesmaria ser semente,
transgenia entre a gente e o cimento que entope os viadutos da cidade.
A terra tem de ter o Ventre Livre
A mãe, o chão
A mão, o pai, o pão
que vai parir a nova consciência
E sermos herdeiros de canudos
de palmares e dos lanceiros negros
das ligas camponesas e dos acampamentos
da marcha dos tenentes dos fortes de copacabana
dos inconfidentes e poetas do povo,
herdeiros de Vinícius, Aparício, Patativa e Jacaré
Herdeiros de ser o que a gente é:
A luz que produz alegria pra barriga
movimento em pensamento adubo da nossa reflexão.