Black Flag e L7 juntas em Porto Alegre

Na última quarta-feira, dia 25 de Outubro, rolou a dobradinha histórica com o Black Flag, uma das bandas pioneiras do Punk e Hardcore, com as garotas Grunges do L7, ambas bandas em tournes. No Brasil, as agendas bateram em Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro, na qual quem foi pode viver e presenciar ambas bandas na mesma noite/evento.

Greg Ginn – guitarrista fundador do Black Flag
L7

Bueno, em Porto Alegre onde tive a oportunidade de viver essa noite, quem fez a ponte na produção local da tour foi a Abstratti Produtora, já conhecida na região pela maestria na organização e produção de belos shows de médio a grande porte de diferentes vertentes do rock/metal.

Quem começa os trabalhos na noite são as veteranas do L7. Confesso que estava com receio do show já que elas estavam vindo de um show catastrófico em São Paulo, segundo algumas resenhas que saíram na mídia. Mas, eis que, logo na primeira música todo receio acabou ao escutar aquele timbre clássico de guitarra suja e distorcida que muitas bandas tentam copiar, mas só quem veio da época de ouro dos anos 90 e grunge sabe reproduzir. Ou seja, o som estava redondo e e elas executaram um set list repletos de clássicos e hits, segundo alguns amigos conhecedores da banda, é basicamente o mesmo set list que apresentaram em 2018 numa outra ocasião que estiveram em Porto Alegre.

O L7 é uma das bandas clássicas do rock/grunge dos anos 90 que marcou época e influencia muita pessoas e mulheres, mas artisticamente elas não possuem uma vasta discografia como outras bandas da mesma época na qual também seguem na ativa.
Isso não é uma negativa. Para mim, não sendo um grande conhecedor da banda mas fã do gênero grunge, pude reconhecer e curtir os hits desta clássica banda.

Enfim, pude presenciar uma banda influente do grunge e pude perceber que elas estavam curtindo o show, ouve pouca interração de diálogos com a plateia, mas o sorriso entre as músicas e durante as execuções era notável e, de fato, foi um show foda. Não teve bis e acredito que tenha sido em virtude de um pequeno atraso, muito aceitável, de uns 15 a 20 minutos da hora anunciada, já que, logo na sequência, Black Flag prometia 2 horas de show.

Após o encerramento do show da L7, entra uma playslist de música de Jazz, cai o backdrop do L7 e fica o clássico logo do Bar Opinião ao fundo e os próprios membros do Black Flag organizam seus equipamentos com auxílio dos roadies da produção do evento. Um fato muito curioso é que, além da troca de banda, pudemos notar a troca de público. Foi evidente o movimento de um pessoal saindo da pista e se acomodando no bar ou nas partes superiores do Opinião, enquanto, na pista, surgia um pessoal mais velho, visu mais punk e agressivo.

Logo em seguida entra Mike Vallely, atual vocalista do Black Flag e muito conhecido na cena skater por ser skatista profissional e estar presente na série de jogos do Tony Hawk’s Pro Skater. De minha parte pessoal uma satisfação dupla em ver ele já que tive o Mike como influência no skate na época em que eu “praticava” o esporte com mais frequência na virada dos anos 90 para 2000.
Mas retornando ao show, Mike V. entra em grande atitude cantando My War, primeira faixa que dá título ao álbum My War de 1984, que está sendo tocando pela banda na íntegra nos shows da tour.
E, de fato, tocaram na íntegra o álbum, com uma excelente presença de palco de Mike, execução fantástica do baterista e solos doidos e disoantes de Greg Ginn, guitarrista e único membro da formação original e, por assim dizer, “dono” da banda, visto que desde seu retorno pelos anos 2000 a formação já mudou algumas vezes.
Em conversas com alguns amigos e relatos de pessoas o show foi taxado como “fraco”, “ruim”, “cansativo” e “sem vontade” na execução de guitarra de Greg.

Mas, enfim, após execução na íntegra de My War, eis que o Mike anuncia uma pausa de 10 minutos, na qual ficamos ouvindo novamente um Jazz. Algo muito inusitado ter uma pausa num show de hardcore/punk.
Após retornarem da “pausa” entra uma sequência de hits e clássicos do Black Flag.
Seguindo a mesma linha do L7, eu conheço Black Flag de nome e das playslists, não tive a banda como influência na minha formação mas, ao ver e ouvir ao vivo faz muito sentindo eles serem influência para bandas grunge e alternativas dos anos 90.
Era quase como se estivesse ouvindo o primeiro álbum do Nirvana, o Bleach, guitarras disoantes, momentos altos e baixos nas músicas, riffs densos, características clássicas da sonoridade que veio estourar com as bandas dos anos 90.
Para minha experiencia o show foi foda. O som estava impecável também, visualmente me agradou a presença da banda, tirando alguns momentos na qual Mike V. barrou a subida de uns malucos que estavam a fim de dar stage dive e Greg Ginn, em uma atitude muito sacana, meteu o pé e derrubou no palco um fã que conseguiu ultrapassar barreira de seguranças para dar seu stage dive. Afinal, show de hardcore/punk com essas barreiras de proibir e agir de forma truculenta com a galera é algo que não faz muito sentindo. Mas, enfim, rockstar do HC não estava por ser cordial e deixar a galera fazer a noite mais épica ainda.

Tirando esses acontecimentos, tinha muita gente curtindo, era rodas e moshs intermináveis na pista e quem não estava na pista, visualmente dava para ver que estavam curtindo, cantando e interagindo no intervalo das músicas. Já, a banda, só interagiu com a plateia de forma truculenta, barrando e mandando embora quem tentava algum tipo de acesso ao palco. Talvez seja esse um dos motivos de uma galera não ter curtido o show, ou pelo fato que o Black Flag é percursor do Punk e hardcore, mas sua sonoridade é bem única e peculiar, na qual pode bater de forma estranha para os fãs de Hardcore/punk que consomem mais as músicas pauleiras e caracteristicas da cena HC que veio se consolidar e ao ouvirem algo “denso”, “disonante”, as vezes soando como “improviso”, pode bater de forma negativa e cansativa.
Resumindo tudo, foram dois shows muito bons. Quem é fã das bandas ou simplesmente curte elas, ter em pleno 2023 a oportunidade de ver uma banda dos anos 80 e uma dos anos 90 é um privilégio.

E, para encerrar, deixando registrada essa noite, segue abaixo uma galeria de fotos. Se tiver com disponibilidade de conferir outras reflexões e experiências sobre o show, talvez até com uma visões mais técnicas, acesse as resenhas dos portais Scream & Yell , URGE! e Igor Miranda, na quais sedemos algumas fotos para ilustrarem seus textos que estão muito bons.

Nos vemos nos shows!

Texto e fotos de @billyvaldez.

Um comentário

  1. Gustavo amigopunk

    No geral foi um baita show das duas bandas! Achei também meio porre as quase infinitas partes instrumentais no set do black flag, mas só a oportunidade de presenciar na nossa casa essa lenda valeu muito a pena. A treta do palco foi pq o mano estava xingando o Mike, e queria brigar com ele, e mesmo sendo expulso ele subiu no palco de novo pra brigar. Eu subi no palco e dei stage dive sem impedimento, só depois a segurança ficou de olho ali e evitou que mais gente subisse, não foi a banda!

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