Fortalecendo comunidades : Quilombo Vila Nova

Nos dias 20 e 21 de fevereiro, o Coletivo Catarse esteve junto de uma equipe de pesquisadoras parceiras do Núcleo de Estudos de Geografia e Ambiente da UFRGS (NEGA/UFRGS) no Quilombo Vila Nova, em São José do Norte/RS. A saída faz parte do trabalho do projeto “Quilombo Vila Nova : organização e soberania na defesa do território” que recebeu apoio do Fundo Casa Socioambiental.

Filmagem na U.S. Santíssima Trindade

Na tarde de 27 de fevereiro uma equipe do Coletivo Catarse na Unidade de Saúde Santíssima Trindade, zona norte de Porto Alegre, gravando para uma produção nova da Bombozila. A série fala sobre as mudanças na Atenção Básica em Saúde nacionalmente e tem apoio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV Fiocruz).

Povos em luta fecham a BR 386

No entardecer do último sábado (20/01/24), o trecho próximo ao KM 410 da BR386 (no distrito de Vendinha, entre Montenegro e Triunfo, região metropolitana de Porto Alegre) foi interrompido pelo ato Parada da Légua. Atendendo ao chamado amoroso e solidário da Comunidade Kilombola Morada da Paz – Território de Mãe Preta (COMPAZ), mais de cem pessoas, do Fio de Contas de Mãe Preta CoMPaz, Teia dos Povos/RS e diversos outros Territórios compuseram o ato contra a ampliação da BR. Além dos impactos ao território, a comunidade denuncia a falta de consulta prévia livre informada e de boa fé.

Seminário na Assembléia aponta riscos da manutenção de termelétricas no RS

Na noite de segunda, 11/12, médicos, cientistas, estudantes, movimentos sociais, pesquisadores e agricultores se reuniram no plenarinho da Assembléia Legislativa (Centro de Porto Alegre) para denunciar o PL 4.653/2023, que busca incluir “a região carbonífera do Estado do Rio Grande do Sul” na Lei Federal 14.299/2022, que criou o “Programa de Transição Energética Justa (TEJ)”.

Saberes Kaingang na Sala Redenção

Na última quinta, 15 de novembro, o cinema da Sala Redenção, no Campus Centro da UFGRS, exibiu 5 filmes da série “Saberes Indígenas na Escola – núcleo UFRGS Kaingang”. Realizada pelo núcleo Saberes Indígenas da UFRGS e pelo Coletivo Catarse em 2023, completando uma década da ação de extensão, esta série traz temas geradores para debate nas salas de aula das aldeias. Cada um dos temas foi escolhido pela própria comunidade que recebeu a gravação, sendo as entrevistas na língua Kaingang, com os próprios professores indígenas das escolas dialogando com os mais velhos e mais velhas. No projeto, o audiovisual entra como parte do material didático desenvolvido para a educação escolar indígena – que será lançado dia 27 do mesmo mês no Museu da UFRGS – em um esforço de docentes indígenas e não indígenas para sistematizar uma base que permita que cada povo tenha um ensino escolar diferenciado segundo sua cultura. Depois dos filmes, foi feita uma conversa com Lucas Penido, da equipe dos saberes, as indígenas Kaingang Vera Kaingang e Sueli Krengre e Gustavo Türck, da equipe do Coletivo Catarse. Além falar sobre o processo de produção, foram levantados alguns dos fatores que levaram a decisão de exibir os filmes no idioma originário e sem legendas, fazendo da sessão uma das poucas – se não a primeira – sem suporte ao português no espaço. Para alívio da curiosidade dos fog (não indígenas) presentes, a tradutora, professora e antiga orientadora do Saberes, Sueli Krenge, contou no idioma do colonizador um pouco do que foi conversado nas aldeias. No encarramento da sessão – que integrou a mostra “Sabedorias – Arandu – Kanhgág Kajró Pẽ” -, foi feito o convite para a exposição de mesmo nome. Com abertura na próxima segunda (27/11), às 10:30, a exposição no Museu da UFRGS (Av. Oswaldo Aranha, 277, Porto Alegre/RS) em comemoração aos dez anos da Ação Saberes Indígenas na Escola – Núcleo UFRGS pode ser visitada de segunda à sexta, das 9 às 18 horas. Estarão expostos os materiais didáticos nas línguas originárias, incluindo os materiais audiovisuais e impressos. Texto e fotos: Bruno Pedrotti.

Carijada na Ecovila Karaguatá

Uma vez mais a chama carijeira iluminou a noite do Rio Grande do Sul, aquecendo corações e reafirmando coletivamente o fazer ancestral. No último fim de semana, 18 e 19/11, reunidos na Ecovila Karaguatá, Santa Cruz do Sul/RS, cerca de dez pessoas prepararam artesanalmente 13 kilos de uma erva mate deliciosa.

Imagens de luta: 1 ano da Retomada Gah Ré

Cansados de viver espremidos nas periferias, há pouco mais de um ano, familías Kaingang e Xokleng retomaram um território no Morro Santana. O terreno na zona leste de Porto Alegre, das capitais mais verticalizadas do Brasil, tinha tudo para seguir o rumo de tantos outros na cidade: ser cercado por tapumes, virar canteiro de obras e por fim um conjunto a mais de prédios sufocando a terra e bloqueando a vista. Mas a luta mudou tudo. Ao invés de prédios, aldeia. No lugar de concreto, trilhas. Ao invés de cortar as árvores, foram plantadas novas mudas, roças e ervas medicinais. Não se gerou lucro para acionistas e especuladores do mercado financeiro e sim bem viver, dignidade e alegria para famílias, amigos e parentes. Contra todas as forças do sistema capitalista, a comunidade vem se mantendo no seu território a um ano. Conquista essa que merecia – e recebeu – uma grande celebração. Entre os dias 2 e 5 de novembro, foi comemorado o aniversário da retomada, com apoio da Teia dos Povos, articulação nacional de luta por terra e território. Mais do que “somente” festejar, o evento foi organizado para potencializar a comunidade, com mutirões de construção e plantio, trilha, encontros culturais e fortalecimento de redes de apoio e solidariedade. A nós do Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre coube mostrar algumas imagens representativas do que o território passou. Com as fotografias do Deriva Jornalismo, Santiago e da própria juventude da retomada – registradas no processo do oficinas com nosso coletivo viabilizado pela Witness – montamos uma exposição no sábado dia 4 de novembro. Junto da exposição de fotos, também organizamos um cinema na aldeia. O barracão de lona, espaço importante de convivência, deliberação e aprendizado, tornou-se também sala de cinema, com o calor do fogo aquecendo o ambiente. Entre as opções de vídeos selecionados para a exibição não houve dúvida sobre qual seria o primeiro: “Resistir para cuidar da Mãe Terra“, registro da entrada da comunidade no território, cerca de um ano atrás. Após o filme, Gah Té fez uma fala reforçando a intenção de reflorestar o Morro Santana, convidando aos presentes para o mutirão de plantio que seria realizado no dia seguinte (domingo, dia 5). A sessão seguiu com mais um vídeo sobre a retomada que circulou no Instagram, o Dossiê sobre a Família Maisonava da Federação Anarquista Gaúcha (FAG) e o vídeo “Araucária Milenar e os Ensinamentos Xamânicos“, no qual o coletivo por meio do projeto Resistência Kaingang registrou um ritual da Kuja Gah Té com seu sobrinho e aprendiz de xamã Doka aos pés de uma Araucária Milenar em Mangueirinha/Paraná. O vídeo motivou Gah Té a compartilhar um pouco do valor que as Araucárias têm para o povo Kaingang com a comunidade de parentes e apoiadores que ouvia atenta envolta do fogo. Não por acaso, o filme seguinte foi o documentário Araucária, que cativou o público com suas belas imagens e animações dos animais que se alimentam os pinhões. E ver as imagens de pinhões cozidos, assados na grinfa, na chapa do fogão a lenha ou usados nas diversas receitas registradas no curta abriram o apetite dos presentes na sessão. Assim, foi se encerrando a sessão de cinema, com a chamada para o mutirão de preparo da janta. Terminado o cinema, o evento seguiu sua dinâmica coletiva de celebração e trabalho. Na mesma noite, música, dança, cantoria. No dia seguinte, trilha no Morro Santana e plantio de mudas nativas. Refletindo sobre o território e as diferentes fases pelo qual passou, foi possível perceber quantas conquistas no espaço curto de tempo. Algo que de fato se constatou foi que tamanho avanço não foi fruto de apenas o trabalho de algumas pessoas, e sim de uma articulação extremamente potente de outras aldeias, quilombos, assentamentos, grupos de capoeira, e diferentes grupos de pessoas que lutam por cidades com mais aldeias e menos prédios. Abaixo alguns dos nomes das coletividades envolvidas na construção desta festa. Agradecemos a oportunidade de participar e desejamos que venham muitos anos de vida para a Retomada Gah Ré e para a Teia dos Povos! Assentamento Carlos Marighella (SM), Quilombo Coxilha Negra (São Lourenço), Retomada Konhun Mág (Canela), Assentamento Filhos de Sepé (Viamão), Aldeia Por Fi Gá (São Leopoldo), Horta Vó Maria (Canoas), Comunidade Kilombola Morada da Paz (Triunfo), Raízes do Sul Capoeira Angola, Ação Antifascista Social, povo Palestino… Outros olhares:Deriva Jornalismo, DO TERRENO-Naturais&Artesanais, Retomada Kaingang de Canela Texto: Bruno PedrottiFotos: Luís Gustavo Ruwer, Billy Valdez, Marcelo Cougo, Deriva Jornalismo, Giulia Sichelero.