Segundo dia do Acampamento Terra Livre

Texto e fotos: Bruno Pedrotti 19/05/23 – Dia de fortalecimento interno das lutas a partir do protagonismo das mulheres. Reflexões sobre as conquistas e desafios enfrentados pela bancada do cocar. Além de debater as dificuldades para eleger as parlamentares indígenas que estão exercendo seus mandatos, também foram traçados novos horizontes e sonhos: a expansão da bancada nas eleições municipais e, porquê não, a construção de um partido indígena. Cantos, rezas e muito fortalecimento para iniciar as articulações para a marcha das mulheres indígenas, em setembro com a meta de unir 10 mil mulheres água, fogo e terra semeando a luta por direitos.

Informar é Vacinar tem exibição na Secretaria Municipal da Saúde

“Informar é Vacinar” terá sua primeira exibição presencial. O cine debate será no auditório da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na Avenida João Pessoa número 325 à partir das 18H. O filme acompanha a confusão de Machado de Assis que, em meio a um mar de informações falsas, pede ajuda a seu amigo Oswaldo Cruz para entender se deve ou não se vacinar. Tendo como fio condutor a cultura popular do teatro de bonecos da @trupiditrapu , a obra busca refletir sobre os efeitos das notícias falsas na vacinação e no sistema de saúde. Fruto de uma parceria com o @conselhodesaudeportoalegre , o projeto foi contemplado na Chamada Pública Fiocruz/OPAS para projetos de comunicação popular e comunitára em saúde. Depois do lançamento virtual em live no Youtube do Coletivo Catarse, o documentário será exibido na distrital centro do conselho de saúde. #compopsaude@oficialfiocruz@fiocruzbrasilia@canalsaudeoficial

“Vamos lutar até o fim” Quilombo Kédi pela permanência

No bairro Boa Vista, zona nobre de Porto Alegre, o Quilombo Kédi busca o direito de permanecer no território ancestral que há séculos tem sido seu lar. A comunidade, remanescente de um antiga bairro de africanos e descendentes, hoje é um dos poucos focos – junto com o Quilombo da Família Silva, primeiro Quilombo urbano titulado no Brasil – de resistência negra em uma região engolida pelas grandes construtoras. Na noite desta quinta feira (15/12) o quilombo travou mais uma batalha para manter seu território. A comunidade foi convidada pela prefeitura para conhecer o projeto de reassentamento proposto pela incorporadora CFL depois que uma decisão judicial ordenou o reassentamento da comunidade. A Kédi compareceu em peso, junto com apoiadores da causa quilombola, lotando o espaço da Escola Estadual de Ensino Fundamental Bahia. O Secretário Municipal de Habitação e Regularização Fundiária André Machado apresentou a proposta da incorporadora: um terreno na Avenida Baltazar, na periferia da cidade próximo ao limite com a cidade de Alvorada, no qual a CFL construiria um condomínio fechado para 52 famílias. O público presente não conseguiu conter o riso, que tomou conta do auditório quando foram mostradas as imagens do projeto de habitação prometido pela empresa: uma réplica do modelo dos condomínios de elite, porém com casas menores. Quem não tivesse interesse na moradia prometida teria direito a um valor cerca de cem mil reais. A comunidade se manifestou contra as propostas, reforçando a vontade de ficar no território e demandou investimento em infraestrutura na próprio local “porque o dinheiro não é aplicado na comunidade?”, questionaram. Os moradores da Kédi reforçaram a qualidade de vida que tem no local, onde não há violência e as crianças brincam na rua tranquilamente, e defenderam o direito de seguir vivendo no espaço que seus avós e bisavós construíram. Diante das manifestações a favor do Quilombo (de conselheiros municipais, do Conselho Estadual de Diretos Humanos, das Vereadoras Karen Santos e Reginete Bispo, da Frente Quilombola), que reforçaram o direito ao território garantido pela constituição, o prefeito Sebastião Melo se comprometeu a buscar uma solução junto ao Ministério Público sem remover a comunidade: “Não estou aqui para tirar ninguém de lá. Estou aqui para abrir uma discussão. O Ministério Público pra mim tem fé pública, ele já disse que vamos resolver, então nós vamos resolver”.

Retomada Gãh Ré luta para ficar no território

Diante da reintegração de posse determinada pela juiza Clarides Hahmeier, os indígenas da Retomada Multiétnica Gãh Ré, em Porto Alegre no Sul do Brasil, reafirmam a luta em defesa do território. A Kuja Kaingang Gã Teh, liderança político espiritual à frente da retomada, faz um apelo para que as autoridades reconheçam o direto ao espaço dos povos que estão sendo roubados a 500 anos. O local é alvo de um empreendimento de condomínio de edifícios da Maisonnave Companhia de Participações, que pediu a reintegração de posse. A empresa que quer retirar os indígenas foi dona de um banco que faliu na década de 80; além disso, coleciona também acusações de fraude, ligações com a ditadura militar, especulação e conflitos com os povos Kaingang e Guarani. Mesmo com os ataques do poder econômico e judiciário, os povos originários seguem determinados a lutar em defesa do território tradicional que vinha sendo ocupado por seus ancestrais milênios antes da invasão. “Caso tirarem esse espaço de nós, eu sairei no caixão”, conclui Gã Teh.