Políticas públicas para a economia solidária serão tema central de conferência estadual

Quase 300 delegados irão definir em Porto Alegre propostas que serão levadas para Brasília Depois de uma escuta que mobilizou 58 municípios de oito regiões do Rio Grande do Sul, somando 989 participantes reunidos em 14 conferências, Porto Alegre (RS) será palco para o debate e definição final de propostas que serão levadas para Brasília em agosto, durante a 4ª Conferência Nacional de Economia Popular e Solidária (Conaes). Esta nova etapa, preparatória para o evento nacional, ocorrerá nos dias 28 e 29 de março de 2025, na Escola Mesquita, bairro Cristo Redentor, reunindo 296 delegados. Participarão da conferência estadual artesãos, costureiras, catadores, agricultores familiares, entre outros, que integram espaços associativos, cooperativas, bancos comunitários e redes de colaboração solidária nas mais diversas atividades. A Conferência Estadual gaúcha acontecerá dois meses antes do prazo final estabelecido para a sua realização. Os cinco eixos que nortearam as reuniões nas diversas cidades gaúchas durante o terceiro trimestre de 2024 e o debate de cada um servirão como subsídio para a elaboração do 2º Plano Nacional de Economia Popular e Solidária durante a 4ª Conaes, apontando políticas públicas para o setor. São eles: Análise da realidade; Realidade socioambiental, cultural, política e econômica; Produção, comercialização e consumo justo e solidário; Financiamento, créditos e finanças solidárias; e Educação, formação e assistência técnica. A 4ª Conaes tem a coordenação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária (Senaes), e do Conselho Nacional de Economia Popular e Solidária, sendo convocada no RS pelo Conselho Estadual de Economia Solidária (Cesol) e estruturada através da Comissão Organizadora Estadual, contando ainda com vários apoiadores locais e estaduais, entre eles a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Profissional do Rio Grande do Sul (STDP). Sobre a 4ª Conaes Com o tema “Economia Popular e Solidária como Política Pública: Construindo territórios democráticos por meio do trabalho associativo e da cooperação”, a 4ª Conaes ocorrerá nos dias 14 a 17 de agosto deste ano, em Brasília, e pretende reunir mais de 1,5 mil delegados e delegadas de todo o país para a elaboração do 2º Plano Nacional de Economia Popular e Solidária, além de representantes de governos (federal, estadual e municipal), sociedade civil, entidades e empreendimentos de economia popular e solidária. A Conaes tem como um dos principais objetivos garantir a plena participação social na elaboração, implementação e gestão de políticas públicas no setor, que se baseia em atividades de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito que funcionam de forma autogestionada e colaborativa. A última Conferência ocorreu em 2014 e resultou no 1º Plano Nacional para as iniciativas na área. Com a recriação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2023, a Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária (Senaes) também foi restabelecida. Sobre dados do setor, Nelsa Nespolo, integrante da comissão organizadora do evento no RS, presidente da Central de Empreendimentos Econômicos Solidários no Rio Grande do Sul (Unisol RS) e diretora presidente das Cooperativas Univens e Justa Trama, explica: “O último dado que temos é que no Brasil existiam 22 mil empreendimentos de economia solidária, reunido mais de 2 milhões de pessoas que se organizavam dessa forma nas diferentes regiões do Brasil. Depois disso, não tivemos mais atualizações. Ela cita a existência de um programa que está contratando 500 agentes no Brasil para fazer esse mapeamento, dentro de um cadastro chamado Cadsol, uma base nacional de informações das iniciativas, permitindo que governos nas diferentes esferas de poder possam obter informações para subsidiar a formulação de políticas públicas adequadas aos diversos tipos e categorias das iniciativas declaradas. “No Rio Grande do Sul, serão 40 agentes circulando no Estado a partir de maio”, adianta Nelsa. Sobre a economia solidária A economia solidária tem origem na Revolução Industrial, na Europa Ocidental, nos séculos XVIII e XIX, tendo surgido como um instrumento de combate à pobreza e à desigualdade por parte da população socialmente excluída. Seu modelo econômico enfatiza a cooperação, a inclusão, a autogestão e a solidariedade entre os participantes por meio da união de forças de trabalho, talentos e do consumo consciente, se baseando em valores como ética, equidade e justiça social. Esse modelo econômico promove a valorização do trabalho local e a sustentabilidade socioambiental, com interações justas e horizontais, tendo como estratégia a valorização do desenvolvimento local, permitindo em sua estrutura e metodologia ações de fomento e geração de emprego e renda, qualidade de vida, valorização das potencialidades locais, articulação entre os atores envolvidos de forma democrática e socialmente SERVIÇOO quê: 4ª Conferência Nacional de Economia Popular e Solidária (Conaes) – Etapa RSData e horário: 28 (7h30 às 18h) e 29 de março (7h às 16h)Local: Escola Mesquita, Av. Forte, n° 77, bairro Cristo Redentor Acesse a programação aqui.

Dos vales do litoral para o Vale Arvoredo

Ao longo de mais de uma década, o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre vem realizando, em parcerias e ações diretas, diversas atividades relacionadas à Palmeira Juçara. Um legado que a cooperativa assumiu a partir do entendimento do que seria uma solução aos problemas socioeconômicos e ambientais – a agroecologia! – e das relações pessoais e institucionais remanescentes dos trabalhos da Rede Juçara. A partir disso, coletando sacos e mais sacos de sementes de frutos despolpados, pricipalmente provenientes de localidades em Maquiné e Três Cachoeiras, litoral norte do RS, o coletivo tomou a iniciativa de semear a lanço uma nesga de mata nativa em recuperação em um sítio em Triunfo, a 40 km de Porto Alegre. Já se passaram 9 anos de uma atividade que marcou o Planejamento Estratégico de 2016 – e a mata virou um berçário de Palmeiras Juçaras. Neste link aqui, é possível conferir que, em setembro do ano passado, foi realizada uma ação de coleta de cerca de 50 mudas, que hoje estão num viveiro montado aos fundos da sede do Coletivo Catarse, na Comuna do Arvoredo – literalmente uma ilha de verde no meio do oceando de concreto do Centro Histórico de Porto Alegre. Essas mudas passaram por alguns meses de consolidação e estão iniciando suas jornadas para novos locais. As primeiras 4, já com crescimento bem evidente, estão a caminho do Vale Arvoredo, um ponto de cultura parceiro, espaço de resistência com vocações ecológicas e de residência artística situado em Morro Reuter. Um local que já foi cenário de trabalhos como Criaturas da Literatura e A Viagem de Jacinto – entre várias outras empreitadas que o Coletivo Catarse já participou. Confere o site do Vale e também esses dois trabalhos aqui abaixo: Também vale a pena assistir à Trilogia O ser Juçara (clique aqui e vá para a página especial sobre a Palmeira Juçara neste site), uma coprodução com a Associação Içara, exatamente o trabalho que gerou as sementes que foram lançadas na mata em Triunfo durante o Planejamento Estratégico da Cooperativa de Trabalho Catarse – Coletivo de Comunicação e Produção Cultural Ltda., em 2016. Nessas fotos abaixo, mais jovens, está a equipe da época em ação (destaque para as participações da então diretora financeira do Coletivo, Patrícia de Camillis, e do Professor Pedro Costa, hoje vice-reitor da UFRGS. Quem planta colhe!

Carijo rebelde em Erval Grande

A fumaça do braseiro subia em direção às folhas e galhos. A água esquentava lentamente no fogo. O galpão protegia o carijo – originária estrutura para secar erva-mate – de eventuais pancadas de chuva ou do sereno da madrugada. Os viventes reunidos proseavam em roda.

Ações Continuadas, uma realidade em andamento que vai seguir em 2025

Já há algum tempo, em se vencendo a pandemia, o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre veio paulatinamente retomando atividades culturais das mais diversas. Com sede em um local histórico, propício a ações do tipo – como a Comuna do Arvoredo, desde 2019 – e com a chegada, em 2023, da Maria Maria Espaço Cultural, o que se vê hoje em dia é uma consolidação de uma programação diversa e continuada intermitente já há pelo menos 2 anos no Centro Histórico de Porto Alegre. Com o aprofundamento das parcerias e a organização compartilhada das ações, vieram os projetos – pelo menos 3 editais (Funarte Retomada RS, PNAB POA Cultura Viva e PNAB Sedac-RS Cultura Viva) compõem a garantia de que 2025 seguirá a todo vapor. Serão ofertadas oficinas (Teatro para crianças, Produção Audiovisual para crianças e Discotecagem/Hip Hop com DJ Piá) e uma programação intensa com mais de 40 datas garantidas, com teatro, música, gastronomia, sessão de filmes, talk show e muito mais. “São as redes de relações desses coletivos que impulsionam as ideias e sonhos e os tornam realidade. A gente vem trabalhando insistentemente, de forma militante, com essas parcerias como a que temos com as gurias do Maria Maria, que são fundamentais nessa proposta. Fomos fazendo devagarinho, realizando… Aí, conseguimos emplacar esses 3 editais, que é um reforço econômico fundamental para a gente ter segurança na manutenção da programação e para dar um apoio concreto e fazer isso tudo chegar em mais pessoas.” – é a reflexão que faz Gustavo Türck, um dos coordenadores do Ponto de Cultura e dos projetos inscritos. Gustavo e seus colegas já sabem que, com um grande calendário à frente, a estrutura deve aumentar, mais pessoas devem se agregar nas relações, e a tendência é que o trabalho aumente. “Vamos penar, mas vamos seguir investindo nosso tempo e os recursos que tivermos disponíveis. Vem mais gente pra somar nas ações, acho que vamos melhorar muito na comunicação e divulgação de tudo, mas uma das coisas principais é que a luta pela sustentabilidade está melhorando. E é aquela coisa, quanto mais a gente fizer e melhor realizar, mais retorno todos terão.” – complementa Bruno Pedrotti, atual Diretor Financeiro da cooperativa. Há um sem número de atividades já realizadas, inclusive, sob o apoio de um desses editais. Nesses últimos 3 meses do ano, foi possível garantir apresentações de músicos populares da história do samba porto-alegrense, de mulheres pretas em luta, de dupla que canta a reflexão do mundo sob o panorama agroecológico, tangos, choros e milongas e discotecagem do clássico DJ Piá, um dos grandes comunicadores da saudosa Ipanema 94.9 FM. Piá, inclusive, transformou a garagem montada, de uma quinta-feira singela de noite do vinil, em uma pequena pista de discoteca. Quem foi curtir a noite nas Marias caiu no groove… E durante a “Festa da Cultura Afro na Rua”, quem deu sua graça foi THS. Teve SintropSons cantando agroecologia. E, na festa da culinária afro – sob o comando de Kyzzy Rodrigues -, o companheiro Vlad e Fábio Fernandes receberam Renato Borba, uma figura histórica do samba antigo do sul do Brasil, mas que tem muito pouco material de registro. 2024 termina assim, consolidando uma ideia de programação continuada, com muita diversidade de artes e artistas e de público, que passou pela Garajona da Comuna do Arvoredo, na Maria Maria Espaço Cultural (todas quintas, sextas e sábados sempre com algo para curtir) e com estrutura e apoio do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre. E é isso tudo que torna possível ao Coletivo Catarse projetar e disputar esses editais que devem garantir muito mais programação em 2025.

26° Carijo da Amizade

Entre 27 de setembro e 1 de outubro foi realizada mais uma carijada na Tekoa Yvyty Porã (Serra Bonita), em Riozinho/RS. O mutirão conjunto entre a rede de apoiadores articulada pelo Sitio da Amizade e a comunidade guarani produziu coletivamente um total de 33 kilos de erva mate nativa das matas da aldeia.

Ele voltou! E vai para a 2ª Carijada Serrana em São Chico

Após algumas semanas aos cuidados do amigo e médico veterinário Fabio Haussen, que o resgatou das águas da enchente do Rio Taquari – que acometeu sua morada em Triunfo -, o soque de erva-mate do Coletivo Catarse passou por uma “internação” nas mãos do marceneiro Juca Rocha, ali mesmo, no bairro Olaria, e… voltou a funcionar! Depois desse processo de recuperação, deve chegar em São Francisco de Paula um dia antes da carijada marcada para passar por uma limpeza profunda e ajustes finais, quando ficará à disposição para voltar a bater erva novamente. Esta que será a 2ª Carijada Serrana do Caconde, já contando com muita gente inscrita e que vai ocorrer entre os dias 26, 27 e 28 de julho. Um evento que marca também os 20 anos do Coletivo Catarse e os 10 anos do lançamento do documentário Carijo! Para mais informações, clique aqui e leia a matéria original de divulgação da carijada. Confira mais imagens da recuperação do soque, que passou (e vai passar mais um pouco) por troca e limpeza de rolamentos – da estrutura de madeira e do motor (que ficou uma semana embaixo da água e voltou a funcionar!) -, limpeza e refeitura do cocho da erva-mate, afiação das lâminas, mais uma desinfecção e lubrificação geral. *Texto de Gustavo Türck e fotos e vídeo de Bruno Pedrotti e Billy Valdez.

Cobertura internacional das enchentes no RS

Durante o mês de maio, o Coletivo Catarse recebeu a visita do jornalista independente Michael Fox – profissional estadunidense com histórico de coberturas na América Latina e atual responsável pela série em podcast Under The Shadow (sabe inglês? ouça aqui!), produzida em parceria com o Coletivo e que conta a influência e exploração do imperialismo estadunidense sobre a América Central. Numa volta que envolveu idas a bairros de São Leopoldo, Canoas, Centro da capital e ilhas, produziu-se em conjunto diversos materiais sobre as enchentes, que foram veiculados em diferentes canais de mídia mundo afora. A recorrida se iniciou em um domingo, passando-se pela Rua Washington Luiz, indo-se até as margens do Guaíba, adentrando-se ruas de praia adentro – já bastante esvaziadas, mas ainda com muitos resquícios como um fundo de lago que virou a região por muitos dias. Do primeiro movimento surgiu materia para a Al Jazeera, contando a história das pessoas e lugares atingidos – a dona da papelaria, ao lado do colégio particular, sem energia elétrica ainda, que perdeu praticamente tudo; os donos de pequenos comércios, um bar e uma lanchonete, moradores da rua, que ficaram sobre as mesas por dias a fio para cuidar de seus negócios; dos pescadores das ilhas, sem mais o que pescar; os afogados de um bairro inteiro que ficou 5m embaixo d’água; e os prédios e caminhos históricos no meio disso tudo: https://www.aljazeera.com/economy/longform/2024/6/11/the-future-is-dark-inside-the-brazilian-businesses-shattered-by-floods Um dos desdobramentos que Michael Fox reportou foi os problemas de saúde pública que começavam a aparecer. Na ida às ilhas, acompanhando um médico, viu-se um atendimento precário, mas necessário. Conversas sobre leptospirose, micoses e outros enjoôs foram constantes, fosse cruzando o Guaíba ou nos abrigos visitados – como um com mais de 500 pessoas em São Leopoldo. https://theworld.org/stories/2024/06/18/as-flood-waters-drop-brazil-faces-a-waterborne-disease-outbreak A cidade, que comemoraria 200 anos da imigração alemã logo ali, em 25 de julho, teve muitas áreas inundadas pela superação dos diques do Rio dos Sinos – um curso de água tão mais conhecido por sua escassez nas últimas décadas do que por suas cheias. O prédio da prefeitura ficou com seu primeiro andar completamente alagado, mas, nesse dia de visita, conseguimos acessar em meio à limpeza os andares superiores para uma conversa com o prefeito Ary Vanazzi. Este acompanhamento gerou um material para uma rede de televisão turca: Michael ainda deu a “sorte” de presenciar o nascimento de uma ocupação – na vizinhança da Comuna do Arvoredo, sede do Coletivo Catarse, na Rua Fernando Machado, surgiu a Ocupação Desabrigados da Enchente. https://truthout.org/articles/climate-refugees-are-occupying-abandoned-buildings-in-southern-brazil Como bom estadunidense que é, também cobrindo para um programa de rádio pública de seu país natal, de notícias globais, o tema “aeroporto” está sempre em voga – uma ida a um shopping em Canoas para presenciar as retomadas dos voôs partindo da região metropolitana de Porto Alegre. Azul, Latam e Gol usando um espaço e o saguão ao lado de uma pista de patinação no gelo para embarcar até a Base Aérea de Canoas pessoas que estavam com suas passagens remarcadas de longo tempo, presas, com destinos como São Paulo, Recife, Rio e Equador. https://theworld.org/stories/2024/06/06/a-city-in-southern-brazil-is-forced-to-adapt-after-floods-shut-down-a-major-airport Mike, mesmo sendo from USA, não voltaria mais ali – para Canoas, substituindo o Salgado Filho. Mesmo sendo estadunidense, pegou um Uber de retorno a Osório, onde embarcou em um bus a Floripa e vem mandando todo o seu trabalho captado e processado, enquanto planeja mais uma volta no futuro – que pode vir a ser Alaska, no caminho, agora, contando as histórias de como o Império agiu e como foi a resistência na nossa América do Sul – isso, então, para uma segunda temporada de Under The Shadow. To be continued… Texto: Gustavo TürckFotos: Billy Valdez, Michael J. Fox (sim, este é o nome dele) e Gustavo Türck

Recuperar o soque para simbolizar a superação

As enchentes no RS atingiram não só diretamente as vidas de pessoas e animais, mas também os objetos, os projetos, as atividades, planos… os diversos futuros. Em Triunfo, há cerca de 500m de distância da margem do Rio Taquari, a residência de um parceiro do Coletivo Catarse foi atingida completamente. Uma área no tranquilo bairro Olaria, fora do centro urbano, mas bem habitada, no estilo vila bucólica. A casa e a estrutura de trabalho da família, um tipo de gleba, com pequena agrofloresta, cheia de frutíferas e outros manejos, ficaram completamente sob as ferozes águas das cheias, que chegaram escoadas em um rio já quase sem mata ciliar em suas margens – uma das razões diretas do absurdo que se viveu na região. O médico veterinário Fabio Haussen e sua companheira, a psicóloga Andreia Vasques (insta: @psico.andreiavasques), agora se dividem na recuperação de suas estruturas e no auxílio à comunidade e ao município – já que fazem parte de uma frente de solidariedade que não vai parar ainda por um bom tempo. A ligação desta família com o Coletivo Catarse vem de algum tempo já. Por certa proximidade e por ter um gosto ligado à cultura do gaúcho, Fabio já participou de duas carijadas realizadas pelo Coletivo – seu sítio, no interior do município, mantém um erval, ao qual teve duas podas cedidas aos eventos, uma em 2016 e outra ano passado, em 2023. Aqui neste link é possível observar todo o processo da produção artesanal de erva-mate que se fez, demonstrado em texo, fotos e vídeo, com as imagens da colheita à pilagem. A pilagem… Foram moídos ali, então, cerca de 25kg de erva, num soque adquirido pelo Coletivo Catarse durante o projeto Roda Carijo em 2015, que acompanhou diversas carijadas ao longo dos anos, apoiando amigos e parceiros ou batucando em eventos próprios, produzidos pelo próprio Coletivo. Numa nova fase de realizações destes eventos, pós um período inerte de pandemia, esta ferramenta pesada já havia circulado alguns bons quilômetros – e se planejava, num futuro bem recente, fazê-lo andar ainda mais. Então, nesta parceria com a família de Fabio, após a I Carjada Kaatártica em Triunfo, decidiu-se por armazenar o soque na casa às margens do Rio Taquari – sob a espectativa da realização, num próximo período, de pelo menos mais duas carijadas. Infelizmente, como mais uma vítima das enchentes – mas jamais igualada em sofrimento com quaisquer das vidas atingidas por tamanho desastre -, o soque ficou completamente embaixo d’água. Agora, Dr. Fabio e o Coletivo Catarse vão, juntos, tentar recuperar esta ferramenta simbólica, fazê-la bater erva novamente e já planejar um novo encontro de carijada para representar uma superação necessária. Amigos e parceiros que não se entregarão ao infortúnio, mas de jeito nenhum! Reportagem: Bruno Pedrotti e Gustavo Türck (texto)Fotos: Billy Valdez Confira uma pequena galeria:

Ocupação Residencial Arvoredo

Na sexta, 24 de maio, 60 famílias atingidas pelas enchentes do Rio Grande do Sul ocuparam o antigo Hotel Arvoredo. Localizada na Rua Fernando Machado, Centro Histórico de Porto Alegre, a ocupação luta para seguir no local e manter a dignidade das famílias na reconstrução depois da catástrofe.