Capoeira: A Saúde Está na Ginga

Documentário produzido na Oficina de Produção Audiovisual e Trilha Sonora do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre – Ciclo 3 (2020). O que é falar sobre saúde quando se aborda a cultura da capoeira? Onde está a saúde, quando se trata dessa complexa prática cultural que se expressa para muito além do jogo corporal de esforços e habilidades físicas? Para responder a questões como essas, nada melhor do que escutar os mestres sobre o assunto. Os oficineiros do Ponto de Cultura Ventre Livre foram ao encontro de grandes mestres da capoeira em Porto Alegre e de jovens capoeiristas em suas rodas em centros culturais da cidade para entender que saúde é essa. Ficha técnica: Entrevistados em ordem de aparição: Mestre Jaburu ( José Alberto Mello Ferreira)Mestra Didi ( Adélia Kervalt Costa Atti)Mestre Renato Beabá (Renato Oliveira Soares)Trenel Mag (Magnólia Dobrovolski)Prof. Nelsinho ( Nelson Santana)CM Sasquate (Jeferson Rodrigues Pereira)Lonã Flores Dutra Locais de filmagemRoda na Áfricanamente Escola de Capoeira AngolaAula da Mestra Didi no Espaço cultural Afrosul Odomodê Imagens e edição:Mário Augusto da Rosa DutraElincoln LucasVal BarcellosClémentine Tinkamo Orientação e finalização:Gustavo Türck e Têmis Nicolaidis Ilustrações:Elincoln Lucas Trilha Sonora:Mário Augusto da Rosa DutraElincoln LucasVal BarcellosClémentine Tinkamo Orientação:Marcelo Cougo Finalização:Gustavo Türck Agradecimentos: Mestre JaburuMestra DidiMestre RenatoTrenel MagProf. NelsinhoContramestre SasquateAfricanamente Escola de Capoeira AngolaAfrosul Odomodê Espaço CulturalAssociação Herança Cultural CapoeiraAssociação Palmares de Capoeira AngolaComuna do ArvoredoEscola do Be a Bá de Angola Malta dos Guris e Gurias de RuaMovimento Cultural de Capoeira Angola Guayamuns

Festival Ventre Digital – Edição Pré-Pandêmica

Assista ao Festival aqui hoje às 16h! O Ventre livre tem um projeto de oficinas de audiovisual. Com essas oficinas já produzimos e apoiamos a realização de muitos vídeos sempre com temáticas voltadas para a saúde, mas usando a criatividade e o universo de cada oficinando. Dá uma olhada no nosso site e acompanhe essa história, até aqui:

Mestre Baptista

A partir de hoje iremos soltar aqui, no Espaço Griô do Ventre Livre, 4 entrevistas – 1 por dia – com mestres que nos contam a história do Tambor de Sopapo, de Pelotas, de Rio Grande, do carnaval do sul do Brasil, das charqueadas, dos negros escravizados e livres que construiram a história do Rio Grande do Sul. Este compilado de depoimentos foi coletado ao longo das filmagens do filme O Grande Tambor (Coletivo Catarse – 2010) e transformado num livro distribuído a época do lançamento do filme. Sem mais, a palavra está com ele: Mestre Baptista Neives de Meireles Baptista, 76 anos em 2010. Trabalhou em fábrica de vidros, curtume, foi motorista de táxi, de ônibus urbano e interestadual. Tem o samba na alma, por sua descendência, mas aproximou-se mesmo do carnaval construindo instrumentos, fundando a Escola Imperatriz da Zona Norte, em Pelotas, e sendo mestre de bateria. Em 1999, recebeu o convite para montar 40 Tambores de Sopapo para o Projeto CABOBU. Aceitou e, hoje, é o principal luthier do instrumento no país. Em Pelotas, na “Praça dos Enforcados”. Gustavo Türck (GT): Então, Mestre, conta para nós a história desta praça (Praça do Pavão em Pelotas), o que ela representa para o carnaval de Pelotas, para a história dos negros? Mestre Baptista: Esta praça aqui, a lembrança dela vem com tristeza. Para a gente que pertence à negritude aqui, né? Que é afrodescendente… As lembranças não são muito boas. Nesta praça aqui, que inclusive era motivo de festas há alguns anos, no tempo de escravidão, por que aqui eram enforcados os negros fujões, os negros indisciplinados, “eles” dependuravam nestas árvores aqui e convidavam toda a sociedade para assistir a matança dos negros. Inclusive, faziam festas, batiam palmas quando o negro começava a estrebuchar e espernear quando era enforcado. Então, esta praça nos traz lembranças muito tristes. Eu nem gosto de falar muito nisso. Inclusive, esta praça aqui, dizem, dizem que em determinadas épocas, de noite, ela é assombrada. Tem gritos, tem lamentos desses negros que foram enforcados aqui. É a história mais ou menos que eu conheço. Eu não sou contemporâneo da época, mas o que contam é que aqui enforcavam negros, e é por isso que esta praça aqui tem o codinome de “Praça dos Enforcados”, certo? Mas, na verdade, é a Praça do Pavão. Mas é a “Praça dos Enforcados”. Todo mundo sabe, falou em Pelotas da “Praça dos Enforcados”, todos sabem que é esta praça aqui, a Praça do Pavão. GT: Mestre, fora essa história, a relação desta praça com o carnaval, se juntavam as pessoas aqui para fazer algum tipo de concentração mesmo com essa história toda? Mestre Baptista: É, juntava. Na tua pergunta já está a resposta. Quando o carnaval era aqui na Av. Marechal Floriano ou pela Rua Quinze de Novembro, mais para cima à direita, muitas entidades que vinham aqui, principalmente do lado do bairro Fragata, eles faziam concentração aqui na praça. Eles não só concentravam como aqui eles bebiam, se embriagavam e aqui faziam suas necessidades fisiológicas aqui nesta praça. Porque, se vocês perceberem bem aqui, esta praça está praticamente às escuras, ela não tem iluminação. Então, existia essa concentração carnavalesca aqui em Pelotas, sim. GT: Será que o fato de fazer as necessidades aqui, tratar a praça com um pouco de descaso não tem muito a ver com o que significava esta praça, Mestre? Mestre Baptista: Não. Esse problema aqui da praça, dela estar nesse estado, é um problema político. Existe, inclusive, uma cobrança de imprensa escrita, falada, televisionada para cuidar mais desta praça aqui. Então, existem comprometimentos políticos em época de eleição, certo? Mas, depois que eles vão para o poder, não cuidam desta praça aqui. E é isso que vocês estão vendo, é uma praça bonita, antiga e histórica, mas infelizmente está mal cuidada. Sérgio Valentim (SV): O senhor sabe da história de que o pessoal se reunia embaixo das figueiras? O Giba Giba contou para nós uma história de que no carnaval o pessoal se reunia aqui embaixo das figueiras… Mestre Baptista: Justamente. É aquilo que eu falei. No carnaval existia concentração aqui antes deles subirem pro centro da cidade. Geralmente, as entidades que vinham deste lado da cidade (bairro Fragata), aqui era a concentração. E fora do carnaval também as pessoas vinham para cá passear. Aqui tem uma figueira grande, e as pessoas iam para lá tomar chimarrão, conversar, bater papo durante o dia, porque à noite não tinha iluminação, mas durante o dia existia reunião aqui nesta praça sim. SV: E o CABOBU reuniu aqui o pessoal? Mestre Baptista: Não, não, não. O CABOBU, ele praticamente iniciou as oficinas lá na Unidos do Fragata, na Escola de Samba Unidos do Fragata, e depois deu continuidade no Colégio Pelotense. O CABOBU só passava por aqui, pois vinha pela Av. Bento Gonçalves, vinha pela Marechal Deodoro, dobrava aqui na Marechal Floriano, dobrava aqui do lado do camelódromo, do lado da CEEE. Aí, pegava a Lobo da Costa e subia e ia até o mercado. Essa era a participação da praça no CABOBU, era só na passagem, passava por aqui. Em Pelotas, na oficina em sua casa. Marcelo Cougo (MC): Que mão de obra, hein, Mestre? (referindo-se à instalação dos equipamentos para filmagem) Mestre Baptista: Mas é assim que funciona, é assim. Vai lá no Rio de Janeiro olhar quando eles estão montando para televisionar as escolas de samba, aquela parafernália que têm. Lá tem até máquina aérea… SV: Então, tá valendo. Seguinte, o senhor vai conversar comigo, não precisa olhar para a câmera. O senhor poderia começar falando seu nome inteiro para nós e ai nós vamos começar a conversar, eu vou Le fazendo perguntas, vamos lá? Mestre Baptista: Meu nome é Neives de Meireles Baptista. Eu sou nascido em Pelotas no ano de 1936. Portanto, eu estou com 73 anos e, agora em junho, 27 de junho, faço 74 anos bem vividos aqui em Pelotas. SV: Eu gostaria de saber… O senhor começou como …

Meu Sopapo – um podcast com Mestre José Batista

O luthier do sopapo, filho da história, de Mestre Baptista e Dona Maria, conta e compartilha com convidadas a sua relação com este grande tambor. Uma hora e meia de felicidade e poesia – e muita história! Com Luciana Custódio (insta:@lucianacustodio e face:https://www.facebook.com/luciana.custodio.16), ativista social, Raquel Moreira, psicopedagoga clínica, assessora Jurídica ocupação Canto de Conexão/Pelotas, ativista do movimento negro, mestre em políticas públicas e direitos humanos, e Sandra Narcizo (insta:@narcizosandra, face:https://www.facebook.com/sandra.narcizo.7/, https://ms2produtora.wordpress.com/), produtora cultural. Esta poesia a seguir foi feita por Marcelo Cougo, captando as próprias expressões de cada uma durante a conversa. Sopapo assentamentocouro do tambor em vidaancestralidade em movimento Batuque no peito no leito da ruaTrovãode longe se ouve o pensamento desse som Eles já nos viram!Muitos mais ouviramdas mestras mãos de Giba GibaO Grande Tambor dos Batistas Alma, pulso, corpo gravea vida do sopapo maravilhao elo de Xangô foram relâmpagoscruzando os céus de Brasília Por onde andam os 40 de Pelotas?Ainda ressoam os tambores CaBoBu?Tanto sal na carnedaqueles que venceram máquinastanto sol no couro daqueles que verteram lágrimassegue sendo sonhoem mãos não mais aflitassopapo de todas as coresO Grande tambor dos Batistas

Ocitocina

Ocitocina é um filme feito por mulheres. A nossa oficinanda Kátia abraçou a proposta e trouxe suas amigas para tratar das questões do feminino no contexto do isolamento. É uma peça audiovisual sobre essa alma que as mulheres compartilham quando sintonizadas. Um aspecto interessante deste filme, foi que as orientações passadas foram repassadas para pessoas que não estavam oficialmente ligadas às oficinas. Assim, o conhecimento, a experimentação, tomam proporções que não se consegue medir, esta é a ciência do que chamamos de oficina. Um conhecimento livre que é jogado ao vento e semeado por todas que, de alguma forma, consegue captá-lo e tem o interesse de fazê-lo chegar mais longe. Mais uma vez a trilha sonora é assinada pelo quarteto Marcelo Cougo, Stefano Rodrigues, Paulinho Bettanzos e Yvan Etienne.

Dona Maria: Minha História – Parte 2

No Heavy Hour desta semana, nós seguimos com a segunda parte da “Minha História”, projeto contemplado no edital FAC Digital e que conta a safa de Dona Maria Islair Madruga Baptista, a mãe do Sopapo. Entre memórias emotivas e histórias que estavam para serem contadas, esse programa segue no embalo do tambor com a participação de Leandro Anton, do Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo, da colega de Coletivo Catarse, Têmis Nicolaidis, e, claro, Zé Baptista, herdeiro e luthier criador da linhagem de tambores da Família Baptista.

Ciclo 4 de produções remotas

Estamos fechando 2 semanas de encontros virtuais para definir as 4 produções audiovisuais deste novo ciclo, que trazem 4 roteiros com trilhas sonoras originais, todos produzidos remotamente em quarentena devido ao Covid-19. São muito os desafios e aprendizados para esses 3 oficineiros e 9 oficinandos. Acompanhe por aqui e em nossas redes, como essas pequenas histórias irão se desdobrar.

Paulo Dionísio

Paulo Dionísio, músico, compositor, vocalista da Produto Nacional, que, em mais um Espaço Griô, conta parte de sua história e ajuda a equipe do Heavy Hour na tarefa de jogar luz nos mecanismos de poder da mídia cultural. Com uma trajetória que vem desde os anos 80, Dionísio nos traz o açoite das tranças horrendas contra a Babilônia, que a tudo tenta engolir. Das rodas de cerveja e música à descoberta do Reggae como linguagem universal, a formação da Produto Nacional (maior banda de reggae do Sul do Brasil!), a tomada de consciência, a mescla de estilos, o alerta a oprimidos e opressores, o artista que não se conforma e canta a esperança, a negritude, a sua voz como uma bazuca contra o sistema. Paulo, tal o deus romano da natureza e da alegria, nos embebeda com o vinho de sua música (na verdade foi com cachaça @cana_caipora) e transforma o Heavy em Reggae no Estúdio Monstro, mantendo o peso com suas ideias e melodias.

Dona Maria: Minha história – Parte 1

A Dona Maria deve ter uma peça em papel velho, desbotada pelas marcas do tempo. O Mestre Batista deve ter uma cuíca em metal pesado, desgastada pelos toques do batuque. E os sopapos que estão vindo estão saindo desse ventre de cuíca… Minha História é o Heavy Hour especial Espaço Griô/FAC Digital em que conversamos com Dona Maria, a Mãe do Sopapo. Sua trajetória de vida, memórias afetivas, os encontros de nossa grande família, formada em torno do Tambor de Sopapo, matéria e espírito, legado ancestral, presente de lutas e futuro de permanência e transformação. O grande tambor, que nas charqueadas era tronco no chão, em Rio Grande, barril de toneleiro, nas ruas de Pelotas ressoava nas mãos de negros grandes, é pura memória e metamorfose. Um símbolo da vida de nossa gente, transformou a família de Dona Maria e transforma nossas vidas. Esse é só um primeiro episódio, recheado de músicas do passado, melodias e letras viscerais, contrastando com a fala macia e pausada de nossa Mestra.

Espaço Griô – Marietti Fialho

Uma lutadora romântica e apaixonada pela cultura de Porto Alegre. No Espaço Griô do Heavy Hour nesta semana, a conversa restauradora de ânimos e afetos nos faz viajar nos tempos de Oswaldo Aranha, Porto Reggae, FSM e nos traz, hoje, aquela vontade de dançar e sorrir, enquanto se luta! Nossa viagem, na companhia luxuosa de Marietti Fialho, inicia lá no início dos anos 90, na tradicional Lancheria do Parque, caminha pelas ruas de uma Porto Alegre negra e reggaera, enfrenta o machismo e o preconceito racial, conhece cada canto desse estado, vai pelo mundo e volta pra seguir indo à luta, sem jamais esquecer o romantismo. Marca tradicional na arte feita por esta mulher ícone da música feita na nossa cidade. Esse bate-papo nos trouxe lembranças e conhecimentos antigos, nos deu sede de limonada e etílicos, fez rodar Da Guedes pela primeira vez no programa e mostrou quais os caminhos de reinvenção e resistência essa artista segue trilhando, mesmo em pleno isolamento pandêmico. Os motivos de admiração por essa trajetória são óbvios! Muita gente já sabe, desde os tempos de Ipanema FM. Para você, que não conhece ainda, essa é uma oportunidade de ouvir e curtir a natureza guerreira e amorosa de Marietti Fialho! Para acompanhar a cantora e compositora entre e se inscreva no canal: https://www.youtube.com/user/MARAVILHAETI Setlist: Marietti Fialho – Eu vou à luta Marietti Fialho – Guria Da Guedes – Fração (Até Quando Esperar) Motivos Óbvios – Quadrilha Richard Serraria e Marcelo Delacroix – Doce amor se fez samba puro Marietti Fialho – Na Moral do Blues Marietti Fialho e Cia Luxuosa – Louco pra te ver Marietti Fialho – Telhados de Paris