Coletivo Catarse na 10ª edição da Festa da Biodiversidade

Ao longo da segunda quinzena de maio, ocorreu a 10ª décima edição da Festa da Biodiversidade. Neste ano, o encontro somou uma série de atividades descentralizadas, além da tradicional festa do Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado durante todo o dia 22 de maio, no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público de Porto Alegre. O evento reuniu coletivos, organizações socioambientais, comunidades tradicionais, artistas e a população em geral em uma celebração da diversidade biológica e cultural. E o Coletivo Catarse esteve junto mais uma vez no apoio a esse grande festejo público, sendo responsável pela rádio poste, além da estrutura de som e técnica das atividades.

Encontro na Guatemala reúne mais de 140 ativistas da democracia na América Latina

Entre os dias 6 e 8 de maio aconteceu na cidade de Panajachel, Guatemala, o encontro “Democracias bajo ataque – de la crisis a la estrategia” – um evento promovido pelas organizações Global Exchange e FOCO. Às margens do Lago Atitlán – La Abuela Lago -, foram expressas e discutidas conjunturas estruturais dos países latinoamericanos e a ascenção de modelos autoritários derivados daquilo que já foi a história de quase todos os países do continente americano. Estiveram presentes mais de 140 pessoas representando instituições, movimentos e comunidades da Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Honduras, México, Chile, Uruguai, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Canadá e Estados Unidos. Dia 1 – 06/05 A noite anterior foi de receptivo e apresentação cultural. Na manhã da terça-feira, xamãs mayas, representantes da raiz humana da região da Guatemala, fizeram todos os presentes saudarem os elementos da Natureza para que os trabalhos se iniciassem. O encontro “Democracias bajo ataque” partiu do ponto de contextualização conjuntural, com um painel que apresentou Nancy Okail, egípcia exilada nos USA, trazendo aspectos da Primavera Árabe no Egito e suas implicações globais; Daniel Valencia, hondurenho, discutindo o estado das alternativas de mídia em centroamerica; e, finalizando esta primeira parte, o uruguayo Raúl Zibechi, tratando do ponto-de-vista da luta de movimentos sociais contra o Capitalismo de Morte e as alternativas democráticas que já existem nos territórios sudamericanos – como o MST e as próprias áreas indígenas. Na tarde do primeiro dia, após a sequência das contextualizações que trouxeram considerações sobre o novo mandato do regime de Trump e também as lutas sociais diretas e com participação não institucionalizada de setores da população e as práticas de guerra híbrida como o lawfare, partiu-se para as reflexões em grupo. Levantando pontos sobre as ameaças que estão surgindo com a frente autoritária presente no continente e sobre as limitações que cada um observa de seus territórios e experiências, fechou-se com uma sistematização imensa e diversa de vários aspectos negativos que devem dar chão para as próximas discussões. Na metodologia empregada, foram previstas etapas que, em fim, servem para enxergar as veias abertas da América Latina, entendendo que o “inimigo” é um monstro grande que pisa fuerte, e que se deve levar as reflexões a um caminho de prática de proteção das mais variadas democracias – características dos povos que as praticam, com vistas a uma vida e, sim, um mundo melhor. Este um mote subjetivo que carrega há décadas o desafio de se tornar realidade. Dia 2 – 07/05 No segundo e pesado dia, com a mesma metodologia de um turno de contextualização e outro de construção, apresentou-se o panorama midiático no continente das Américas, das iniciativas de alternativas aos meios hegemônicos e as constantes perseguições – e violência – que seguem ocorrendo, mesmo sob governos que se dizem progressistas – como é o caso do Chile. Passou-se também pela visão da necessidade da construção de meios indígenas de comunicação para populações indígenas e para comunicar com o “externo”, mas com a lógica indígena – “temos que saber o que se passa na cidade, mas a cidade tem que saber o que se passa nos territórios”. Este foi um chão construído para as discussões que se espalharam nas mesas de 6 grupos, convidados a dissertar e apontar estratégias, exemplos e sugestões na superação de temas como Democracia – conceito e modelo; ameaças vindas do Estado; cultura; informação; desigualdades históricas e sistêmicas; e movimentos sociais. O ousado evento se pôs a pleno no choque de ideias e pontos-de-vista, que na maioria convergem, fazendo correr uma visão diversa, autônoma, geograficamente transversal e com a sabedoria e história dos povos indígenas como um verdadeiro norte. Dia 3 – 08/05 Último dia de evento “Democracias Abajo Ataque” às margens de La Abuela Lago. Se iniciou com saudação ao essencial à vida – o Sol e a Água. Se seguiu com a reflexão sobre o que se debateu, quais as impressões individuais e coletivas sobre os contextos e como, enfim, devem-se criar ações para que a sociedade latinoamericana não só mantenha o que é essencial a sua vida, mas que enfrente as ondas autoritárias que se põem ativas e fortes, mais ainda, em todos os países da região. Terminou-se, como em quase todos os encontros deste tipo – destacando-se o histórico Fórum Social Mundial, claro -, com um grande sentimento de esperança e dever cumprido. Ascendeu-se à certeza de que a sabedoria ancestral é a base para um mundo melhor e possível e que não se deve aceitar NENHUM PASSO ATRÁS! Para mais informações e detalhes dos paineis e pontos-de-vista abordados pelos participantes, acesse o Instagram oficial do encontro: https://www.instagram.com/democraciasenlasamericas/ * La Abuela Lago (O Lago Avó) Todo o evento ocorreu na beira do Lago Atitlán, que está há cerca de 1.500 metros de altitude e que margeia também 3 vulcões – conta a história que são estes que inspiraram Saint-Exupéry a criar o cenário do planeta moradia do Pequeno Príncipe. O lago se formou há mais ou menos 80.000 anos por erupções destes vulcões e é berço da civilização Maya. Ali, os povos que remanescem e perseveram, vindos deste tronco civilizatório, constroem toda a sua vida a partir deste corpo d’água – “Por que la abuela lago? Porque sem ela não existiríamos!”. É uma visão e conexão de pertencimento e essencialidade, que gera uma conexão inexorável de existência – vive-se porque se vem dali, porque se está ali, há gerações, e cuida-se porque ali se vai ficar. A manutenção deste lago na luta contra a poluição proveniente do “progresso” capitalista é evidente, e las abuelas indígenas são a linha de frente para a sua preservação. ** A participação do Coletivo Catarse neste evento se deu, entre outras coisas, também pela relação histórica que mantém com lideranças, ativistas e comunicadores que fazem a luta integrada latinoamericana. Neste caso, em específico, destaca-se todo um trabalho em conjunto com o estadunidense Michael Fox – que recentemente lançou uma série de podcasts chamada Under The Shadow, tratando da história do domínio dos Estados Unidos …

Coletivo Catarse está na Guatemala para discutir estratégias de defesa às democracias latinoamericanas

Em virtude de um histórico de trabalhos nas áreas de ativismo da comunicação, com enfoque na defesa dos direitos humanos de diversas populações ao longo de duas décadas, o Coletivo Catarse participa entre os dias 5 e 8 de maio do evento “Democracias bajo ataque – de la crisis a la estrategia”. A presença do Coletivo também é fruto de relações consolidadas com diversos ativistas de caminhada reconhecida, como o jornalista estadunidense Michael Fox, com quem realizamos duas séries de podcasts: “Brazil on fire”, sobre a escalada do fascismo contemporâneo no Brasil – clique aqui -, e “Under the shadow”, sobre a história da ação dos Estados Unidos na América Central, destacando os 200 anos da Doutrina Monroe – clique aqui. O encontro ocorre na cidade de Panajachel, Lago de Atitlán, Guatemala. Cerca de uma centena de representantes de diversos países das Américas levarão seus pontos de vista e farão a reflexão práticas sobre os riscos do ataque à democracia a partir do avanço de ideários extremos aproximados ao fascismo, da criminalização da sociedade civil e dos movimentos sociais que se opõem a essas ideias, que são cada vez mais devastadoras. É um espaço para trocas, também, à construção de alternativas e estratégias de enfrentamento dessas forças autoritárias – já muito aprofundadas principalmente nas Américas -, tendo como guia a força de organização das resistências populares, comunitárias e indígenas. Todos os países participantes têm histórico no tema e também avanços a compartilhar – exemplos, ideias de como movimentar um continente, um mundo de uma forma diferente. O representante do Coletivo Catarse, já na chegada à Ciudad de Guatemala neste domingo, ao se apresentar como proveniente de Porto Alegre e atuante junto aos povos origináros, aos excluídos, ao meio cultural de base comunitária, entre tantos outros, escutou de pronto a resposta de um mexicano: “A capital do Fórum Social Mundial”. Um outro mundo já foi possível em algum momento. E por que, novamente, não o seria? Confira os materiais do evento com a listagem de participantes e a programação. Canais de comunicação:Cuenta oficial del evento (Democracias en las Americas)FOCO: Facebook, X (Twitter) e InstagramGlobal Exchange: Facebook, X (Twitter), Instagram , BlueSky e  YouTubeRompeviento TV: YouTube Ao final, será feita nova publicação com os resultados.

Cinevibe Fora da Asa

Na quinta feira (06/03) passada, o Fora da Asa Experiências Plurais recebeu mais um evento de cinema, debate e música. Realizado na semana da mulher, buscou refletir as trajetórias femininas na Capoeira a partir do filme “Mulheres da Pá Virada: histórias e trajetórias na capoeira” e teve como encerramento um show voz e violão de Fyah Rocha.

Reflorestamento na Retomada Gãh Ré

No calor abafado do verão porto alegrense, na tarde do dia 22 de janeiro do corrente ano, reuniram-se, na Retomada Gãh Ré, os coletivos articuladores do projeto “Reflorestamento, resiliência climática e restauração do modo de vida Kaingang em um território em Retomada em Porto Alegre – RS”. O projeto foi inscrito e aprovado no Edital Reconstruir RS – 2024, do Fundo Casa Sócio Ambiental. Junto às lideranças da Retomada, tendo à frente a cacica Iracema Gãh Té, foram traçados os planos para a realização do projeto. Vale recordar do que se trata: “A Retomada Gãh Ré localizada no Morro Santana, em Porto Alegre/RS, busca resgatar o Cuidado e a Proteção da Mãe Terra. As inundações evidenciaram a urgência de iniciativas que repensem o modo de vida para proteção e resiliência climática. Este projeto busca contribuir para o reflorestamento, proteção das nascentes de água e recuperação do solo, restaurando o modo de vida Kaingang enquanto estratégia de resiliência climática, através da retirada de pinus e plantio de mudas nativas no território da Retomada. As necessidades iminentes de fortalecimento desse território contribuem para uma perspectiva do Bem Viver para todos os povos.” Serão várias atividades correlacionadas, envolvendo coletivos e apoiadores da luta indígena aos pés do Morro Santana. Nosso papel, Coletivo Catarse, é de dar suporte burocrático/financeiro e também ajudar nas compras e cumprimento dos objetivos e cronograma. O calendário já foi desenhado e as atividades iniciarão no próximo dia 7 de fevereiro, com a compra dos equipamentos necessários para a empreitada. Muitos mutirões serão convocados e a força coletiva será fundamental para a realização do propósito. Nas fotos, as pessoas reunidas e também uma parte dos bichos e plantas que compõem a comunidade Gãh Ré, todas beneficiadas por essa iniciativa de preservação da natureza em mais uma uma zona de disputa na cidade de Porto Alegre.

Do Morro Santana aos Andes

No próximo final de semana, 25 e 26 de janeiro, será realizado o XV Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas (ELAOPA) em Santiago (Chile). Grupos de toda Abya Yala – nome que o povo kuna, originário da Colômbia e do Panamá, deu ao continente americano antes da chegada dos europeus – estão se articulando para participar do evento, que tem como tema do ano levar a resistência desde o sul do mundo.

Acessibilidade

De maneira singela, com o apoio do projeto que o Coletivo Catarse encaminhou à Funarte, do PROGRAMA RETOMADA CULTURAL RS – BOLSA FUNARTE DE APOIO A AÇÕES ARTÍSTICAS CONTINUADAS 2024, se fez possível a instalação de barras de apoio no banheiro da garagem da Casarona – espaço de eventos da Comuna do Arvoredo, do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre e Maria Maria Espaço Cultural – e o rebaixamento de um degrau de acesso ao mesmo. Ainda há mais questões a se resolver em termos de acessibilidade no local, mas já é um belo começo.

1° Encontro de Cineastas Indígenas CORAL Porto Alegre

Entre os dias 10 e 13 de outubro, aconteceu em Porto Alegre o 1° Encontro de Cineastas Indígenas. Sediado na Retomada Gãh Ré do Morro Santana, o encontro foi promovido por diversas organizações, incluindo o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre, o fotógrafo e cineasta guarani Vhera Xunú, além dos Pontos de Cultura Africanamente e Quilombo do Sopapo, com apoio da Witness Brasil e do Preserve Morro Santana. O projeto “CORAL Porto Alegre – Escola de Audiovisual Multicultural” foi contemplado no Edital de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo do IBERCULTURAVIVA, Programa de Cooperação Intergovernamental.Além disso, também faz parte da Rede CORAL, articulação que reune quase 30 coletivos de mais de 10 países de Abya Yala que fazem uso do audiovisual para acompanhar lutas pela defesa da terra, dos territórios e bens comuns. Sim, é uma introdução grande e cheia de nomes e agentes. Mas, só através dessas redes de apoios e produção que tal encontro foi possível. E a lista ainda não está completa pois muitas outras pessoas e organizações deram seu suporte e participaram das atividades propostas. Essas serão nomeadas a seu tempo, conforme forem se assentando as ideias, informações e vivências.