Coletivo Catarse na 10ª edição da Festa da Biodiversidade

Ao longo da segunda quinzena de maio, ocorreu a 10ª décima edição da Festa da Biodiversidade. Neste ano, o encontro somou uma série de atividades descentralizadas, além da tradicional festa do Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado durante todo o dia 22 de maio, no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público de Porto Alegre. O evento reuniu coletivos, organizações socioambientais, comunidades tradicionais, artistas e a população em geral em uma celebração da diversidade biológica e cultural. E o Coletivo Catarse esteve junto mais uma vez no apoio a esse grande festejo público, sendo responsável pela rádio poste, além da estrutura de som e técnica das atividades.

Encontro na Guatemala reúne mais de 140 ativistas da democracia na América Latina

Entre os dias 6 e 8 de maio aconteceu na cidade de Panajachel, Guatemala, o encontro “Democracias bajo ataque – de la crisis a la estrategia” – um evento promovido pelas organizações Global Exchange e FOCO. Às margens do Lago Atitlán – La Abuela Lago -, foram expressas e discutidas conjunturas estruturais dos países latinoamericanos e a ascenção de modelos autoritários derivados daquilo que já foi a história de quase todos os países do continente americano. Estiveram presentes mais de 140 pessoas representando instituições, movimentos e comunidades da Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Honduras, México, Chile, Uruguai, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Canadá e Estados Unidos. Dia 1 – 06/05 A noite anterior foi de receptivo e apresentação cultural. Na manhã da terça-feira, xamãs mayas, representantes da raiz humana da região da Guatemala, fizeram todos os presentes saudarem os elementos da Natureza para que os trabalhos se iniciassem. O encontro “Democracias bajo ataque” partiu do ponto de contextualização conjuntural, com um painel que apresentou Nancy Okail, egípcia exilada nos USA, trazendo aspectos da Primavera Árabe no Egito e suas implicações globais; Daniel Valencia, hondurenho, discutindo o estado das alternativas de mídia em centroamerica; e, finalizando esta primeira parte, o uruguayo Raúl Zibechi, tratando do ponto-de-vista da luta de movimentos sociais contra o Capitalismo de Morte e as alternativas democráticas que já existem nos territórios sudamericanos – como o MST e as próprias áreas indígenas. Na tarde do primeiro dia, após a sequência das contextualizações que trouxeram considerações sobre o novo mandato do regime de Trump e também as lutas sociais diretas e com participação não institucionalizada de setores da população e as práticas de guerra híbrida como o lawfare, partiu-se para as reflexões em grupo. Levantando pontos sobre as ameaças que estão surgindo com a frente autoritária presente no continente e sobre as limitações que cada um observa de seus territórios e experiências, fechou-se com uma sistematização imensa e diversa de vários aspectos negativos que devem dar chão para as próximas discussões. Na metodologia empregada, foram previstas etapas que, em fim, servem para enxergar as veias abertas da América Latina, entendendo que o “inimigo” é um monstro grande que pisa fuerte, e que se deve levar as reflexões a um caminho de prática de proteção das mais variadas democracias – características dos povos que as praticam, com vistas a uma vida e, sim, um mundo melhor. Este um mote subjetivo que carrega há décadas o desafio de se tornar realidade. Dia 2 – 07/05 No segundo e pesado dia, com a mesma metodologia de um turno de contextualização e outro de construção, apresentou-se o panorama midiático no continente das Américas, das iniciativas de alternativas aos meios hegemônicos e as constantes perseguições – e violência – que seguem ocorrendo, mesmo sob governos que se dizem progressistas – como é o caso do Chile. Passou-se também pela visão da necessidade da construção de meios indígenas de comunicação para populações indígenas e para comunicar com o “externo”, mas com a lógica indígena – “temos que saber o que se passa na cidade, mas a cidade tem que saber o que se passa nos territórios”. Este foi um chão construído para as discussões que se espalharam nas mesas de 6 grupos, convidados a dissertar e apontar estratégias, exemplos e sugestões na superação de temas como Democracia – conceito e modelo; ameaças vindas do Estado; cultura; informação; desigualdades históricas e sistêmicas; e movimentos sociais. O ousado evento se pôs a pleno no choque de ideias e pontos-de-vista, que na maioria convergem, fazendo correr uma visão diversa, autônoma, geograficamente transversal e com a sabedoria e história dos povos indígenas como um verdadeiro norte. Dia 3 – 08/05 Último dia de evento “Democracias Abajo Ataque” às margens de La Abuela Lago. Se iniciou com saudação ao essencial à vida – o Sol e a Água. Se seguiu com a reflexão sobre o que se debateu, quais as impressões individuais e coletivas sobre os contextos e como, enfim, devem-se criar ações para que a sociedade latinoamericana não só mantenha o que é essencial a sua vida, mas que enfrente as ondas autoritárias que se põem ativas e fortes, mais ainda, em todos os países da região. Terminou-se, como em quase todos os encontros deste tipo – destacando-se o histórico Fórum Social Mundial, claro -, com um grande sentimento de esperança e dever cumprido. Ascendeu-se à certeza de que a sabedoria ancestral é a base para um mundo melhor e possível e que não se deve aceitar NENHUM PASSO ATRÁS! Para mais informações e detalhes dos paineis e pontos-de-vista abordados pelos participantes, acesse o Instagram oficial do encontro: https://www.instagram.com/democraciasenlasamericas/ * La Abuela Lago (O Lago Avó) Todo o evento ocorreu na beira do Lago Atitlán, que está há cerca de 1.500 metros de altitude e que margeia também 3 vulcões – conta a história que são estes que inspiraram Saint-Exupéry a criar o cenário do planeta moradia do Pequeno Príncipe. O lago se formou há mais ou menos 80.000 anos por erupções destes vulcões e é berço da civilização Maya. Ali, os povos que remanescem e perseveram, vindos deste tronco civilizatório, constroem toda a sua vida a partir deste corpo d’água – “Por que la abuela lago? Porque sem ela não existiríamos!”. É uma visão e conexão de pertencimento e essencialidade, que gera uma conexão inexorável de existência – vive-se porque se vem dali, porque se está ali, há gerações, e cuida-se porque ali se vai ficar. A manutenção deste lago na luta contra a poluição proveniente do “progresso” capitalista é evidente, e las abuelas indígenas são a linha de frente para a sua preservação. ** A participação do Coletivo Catarse neste evento se deu, entre outras coisas, também pela relação histórica que mantém com lideranças, ativistas e comunicadores que fazem a luta integrada latinoamericana. Neste caso, em específico, destaca-se todo um trabalho em conjunto com o estadunidense Michael Fox – que recentemente lançou uma série de podcasts chamada Under The Shadow, tratando da história do domínio dos Estados Unidos …

Coletivo Catarse está na Guatemala para discutir estratégias de defesa às democracias latinoamericanas

Em virtude de um histórico de trabalhos nas áreas de ativismo da comunicação, com enfoque na defesa dos direitos humanos de diversas populações ao longo de duas décadas, o Coletivo Catarse participa entre os dias 5 e 8 de maio do evento “Democracias bajo ataque – de la crisis a la estrategia”. A presença do Coletivo também é fruto de relações consolidadas com diversos ativistas de caminhada reconhecida, como o jornalista estadunidense Michael Fox, com quem realizamos duas séries de podcasts: “Brazil on fire”, sobre a escalada do fascismo contemporâneo no Brasil – clique aqui -, e “Under the shadow”, sobre a história da ação dos Estados Unidos na América Central, destacando os 200 anos da Doutrina Monroe – clique aqui. O encontro ocorre na cidade de Panajachel, Lago de Atitlán, Guatemala. Cerca de uma centena de representantes de diversos países das Américas levarão seus pontos de vista e farão a reflexão práticas sobre os riscos do ataque à democracia a partir do avanço de ideários extremos aproximados ao fascismo, da criminalização da sociedade civil e dos movimentos sociais que se opõem a essas ideias, que são cada vez mais devastadoras. É um espaço para trocas, também, à construção de alternativas e estratégias de enfrentamento dessas forças autoritárias – já muito aprofundadas principalmente nas Américas -, tendo como guia a força de organização das resistências populares, comunitárias e indígenas. Todos os países participantes têm histórico no tema e também avanços a compartilhar – exemplos, ideias de como movimentar um continente, um mundo de uma forma diferente. O representante do Coletivo Catarse, já na chegada à Ciudad de Guatemala neste domingo, ao se apresentar como proveniente de Porto Alegre e atuante junto aos povos origináros, aos excluídos, ao meio cultural de base comunitária, entre tantos outros, escutou de pronto a resposta de um mexicano: “A capital do Fórum Social Mundial”. Um outro mundo já foi possível em algum momento. E por que, novamente, não o seria? Confira os materiais do evento com a listagem de participantes e a programação. Canais de comunicação:Cuenta oficial del evento (Democracias en las Americas)FOCO: Facebook, X (Twitter) e InstagramGlobal Exchange: Facebook, X (Twitter), Instagram , BlueSky e  YouTubeRompeviento TV: YouTube Ao final, será feita nova publicação com os resultados.

Boletim sonoro: entrevista bilíngue entre rádios comunitárias do Brasil e do Chile durante o ELAOPA

Direto de Santiago do Chile, durante o XV Encontro Latino-Americano de Organizações Populares Autônomas (ELAOPA), a Rádio A Voz do Morro realizou uma entrevista bilíngue com a Rádio JGM, ambas integrantes da Rede Coral de coletivos de comunicação popular. Caso você ainda não tenha lido a primeira reportagem sobre o encontro, clique aqui. A iniciativa se inspirou em uma experiência anterior, quando integrantes das rádios comunitárias uruguaias Germinal e La Villa FM estiveram em Porto Alegre para uma transmissão simultânea  com A Voz do Morro. Na ocasião, primeiro os brasileiros entrevistaram os uruguaios e em seguida, foi a vez deles conduzirem a entrevista. O intercâmbio entre as rádios chama atenção para as lutas por território, moradia, acesso à água e vida digna nos bairros periféricos — seja aos pés da cordilheira chilena ou nos morros brasileiros. Os coletivos reforçam a urgência de consolidar redes comunicação popular latinoamericanas (como a Rede Coral), buscando a apropriação dos meios e a criarem suas próprias narrativas. Reproduzimos aqui o áudio e a tradução da entrevista bilíngue, realizada em 26 de janeiro de 2025, na comunidade La Bandera, em Santiago, Chile. Primeiramente, ouviremos Frecia Ramírez, representante da Rádio JGM, entrevistando Vítor Ramon, da Voz do Morro. Depois, os papéis se invertem. Entrevista da Rádio A Voz do Morro (Brasil) com a Rádio JGM (Chile) Vitor Ramon – Rádio A Voz do Morro: Salve, salve, povo! Estamos aqui diretamente de Santiago, Chile, conversando com o pessoal da Rádio JGM. Estamos com a companheira aqui — peço que se apresente. Frecia Ramírez – Rádio JGM: Olá, meu nome é Frecia Ramírez. Faço parte da Rádio JGM, sou produtora desde o ano passado e integro a equipe que coordena essa maravilhosa experiência de comunicação. Vitor Ramon – Rádio A Voz do Morro: Dale! Você pode nos contar um pouco sobre a história da rádio? Como ela se organiza, como começou? Frecia Ramírez – Rádio JGM: A Rádio JGM começou há 17 anos como uma iniciativa emergencial, criada por estudantes de jornalismo da Universidade do Chile com o apoio de acadêmicos e pesquisadores. Ao longo dos anos, passou por várias transformações. A cada ano, temos uma rádio JGM diferente, pois ela é moldada por quem a compõe. Atualmente, está sendo organizada por estudantes, professores e funcionários públicos que se dedicam a promover o aprendizado em comunicação — não apenas para estudantes de jornalismo, mas também para estudantes de diversas áreas que veem a comunicação como uma ferramenta de transformação social. Vitor Ramon – Rádio A Voz do Morro: Dale! No Brasil, chamamos essa relação entre universidade e comunidade de “extensão” ou “extensão popular”. Não sei qual é o nome que vocês usam, mas qual a importância da universidade estar diretamente conectada aos bairros, à comunidade? Frecia Ramírez – Rádio JGM: Nós incentivamos principalmente quem passa pela Rádio JGM a adotar uma perspectiva alternativa à publicidade dominante, pois já temos grandes conglomerados criando uma imprensa hegemônica — e não é esse tipo de comunicação que queremos reproduzir, seja em suas fontes ou em seus formatos. Convidamos quem integra a JGM a romper com esses estereótipos, a buscar vozes alternativas, a colocar no centro os movimentos sociais — os que exigem água, moradia, os que estão aqui no ELAOPA. Queremos tornar essas vozes visíveis, construir formas alternativas de comunicação. Também reconhecemos o privilégio de estarmos vinculados à Universidade do Chile — temos apoio e financiamento, e isso nos compromete a praticar (e convidar outros a praticar) uma comunicação comunitária, baseada em práticas coletivas. Buscamos romper com os padrões da comunicação hegemônica, trazer temas como educação de mulheres, infância, e outras vozes silenciadas. Muitos têm voz, mas apenas uma classe social está representada nos grandes meios. Para romper com isso, convidamos à desconstrução da comunicação — a “soltar o rádio”, transformá-lo, por que não, em algo visual, em outras formas de expressão que façam sentido nas comunidades. Esse trabalho é construído com a conexão entre três níveis dentro da universidade: professores, técnicos e estudantes. Isso impulsiona a própria universidade a ir além de si, a ir para outros territórios. Não para ensinar o que é comunicação — porque nem nós a conhecemos por completo — mas para desmontá-la e praticá-la. A prática, o “aprender fazendo”, está no coração da rádio. Vitor Ramon – Rádio A Voz do Morro: Baita! Conta pra gente sobre essa relação entre a cordilheira e o morro. Para além do ELAOPA, como você vê esses intercâmbios culturais e comunicacionais em que as duas rádios estão envolvidas? Frecia Ramírez – Rádio JGM: A Rádio JGM faz parte de diversas redes de comunicação, como a Rede Coral, a Associação Mundial de Rádios Comunitárias e a Associação Nacional de Comunicadores e Meios Comunitários. Participamos de todos esses espaços, e hoje estamos no ELAOPA 2025 porque entendemos a comunicação como uma ferramenta de transformação social. Convidamos todos que estão ouvindo a também se perguntar: o que estamos vendo? E por que não estamos vendo outras coisas? O nosso chamado é sempre para trocar o canal da televisão, desligar os grandes rádios e sintonizar nos meios independentes e comunitários. E, mais do que isso, que cada pessoa possa construir sua própria comunicação — porque nossa voz importa, e precisamos lutar para que ela seja representativa. Precisamos de meios que nos representem, e que fortaleçam, de mãos dadas, a comunicação popular e as organizações de base. Vitor Ramon – Rádio A Voz do Morro: Bom, quer deixar uma mensagem final pra gente? Frecia Ramírez – Rádio JGM: A mensagem final é que possamos replicar esse tipo de encontro em todos os territórios. Que os meios comunitários e independentes se multipliquem e se fortaleçam — e isso só será possível com nossa participação, nos envolvendo, não sendo apenas ouvintes passivos. O chamado é para apoiar esses processos de comunicação comunitária, para entender a comunicação como uma ferramenta acessível a todos — independentemente da idade, da força ou da classe social. Entrevista da Rádio JGM (Chile) com a Rádio A Voz do Morro (Brasil) Vitor …

Rádio comunitária A Voz do Morro participa do XV ELAOPA em Santiago do Chile

Foto destacada: Antônio – Cooperativa de Trabajo Audiovisual Trashumante Nos dias 25 e 26 de janeiro, a rádio comunitária A Voz do Morro esteve em Santiago do Chile para cobrir o XV Encontro Latino-Americano de Organizações Populares Autônomas (ELAOPA). O evento reuniu mais de 400 lutadores e lutadoras sociais na Población La Bandera, na periferia da capital chilena, território marcado pela resistência e pela atuação do Movimiento Solidario Vida Digna, anfitrião do encontro. Foto: Repórter Popular Delegações de mais de 100 movimentos sociais participaram da atividade, com participantes vindos do Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai, Estados Unidos e Alemanha. Os debates abordaram temas como território e comunidade, lutas das trabalhadoras do setor público e privado, desafios do movimento estudantil, luta socioambiental e memória, cultura e agitação. Do morro à cordilheira Mais de dois mil quilômetros separam o Morro Santana — ponto mais alto da crista de morros de Porto Alegre — da Cordilheira dos Andes. E foi até lá que nosso correspondente, Vitor Ramon, aportou com seu olhar atento, representando a Rede Coral de coletivos, em uma cobertura colaborativa entre veículos parceiros como o Coletivo Catarse  e o Repórter Popular. Para custear a viagem, uma campanha solidária foi aberta. Além disso, uma ecotrilha foi organizada junto ao Preserve Morro Santana. As iniciativas somadas a apoios do canal Voz Trabalhadora, do Coletivo Catarse e de diversos apoiadores anônimos arrecadou mais de 3 mil reais. Durante a passagem por Santiago, foi possível estreitar laços com outras iniciativas de comunicação popular, como a rádio JGM, também integrante da Rede Coral (experiência que será compartilhada em breve). Mas, para além das ondas sonoras das rádios comunitárias, acompanhamos outra tradição da cultura libertária expressa, com a pintura de um mural em conjunto com os coletivos Brigada Muralista Ana Luisa (Chile), Pinte e Lute (Florianópolis) e o antigo Muralha Rubro Negra (Porto Alegre). A grande arte conjunta com a consigna “Apoio mútuo” ganhou cor nas ruas que deram origem à tradição libertária do muralismo combativo. Nos retoques finais, cada coletivo deixou sua marca na pintura, assinando a construção coletiva. No alto da Cordilheira, a Bola 8 — uma das marcas mais características do Morro Santana — foi pintada como elo simbólico entre territórios distantes, mas unidos pela solidariedade, pela luta e pela arte.   Assista o primeiro vídeo da cobertura produzido pela Voz do Morro sobre o mural pintado em Santiago: Relação histórica e combativa A relação do Morro Santana com o ELAOPA é histórica, com presença marcada desde a primeira edição do encontro, em 2003, junto ao Comitê de Resistência Popular da Zona Leste. O encontro surgiu como alternativa autônoma e combativa ao Fórum Social Mundial, com ênfase na luta contra a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), cuja votação estava prevista para o ano seguinte. Já em 11 de outubro de 2009, um mural foi pintado na Vila Estrutural, no Morro Santana, em alusão ao “Último Dia de Liberdade das Américas” — referência à invasão europeia em 1492. A ação foi um desdobramento do VII ELAOPA, realizado naquele ano em Buenos Aires, Argentina. Em fevereiro de 2010, ocorreu o VIII ELAOPA na Colonia de Vacaciones del Sindicato de Artes Graficas, próximo a Montevidéu (Uruguai). O Combate Audiovisual (uma espécie de “braço audiovisual”) da Voz do Morro produziu um documentário sobre o encontro. Em julho daquele ano, uma comissão de uma rádio comunitária uruguaia veio para Porto Alegre conhecer a experiência local, momento em que foi realizada uma transmissão simultânea na Voz do Morro junto as rádios comunitárias uruguaias Germinal e La Villa FM. Além disso, os ELAOPAS de 2019 e  2023 também tiveram coberturas audiovisuais realizadas pelos coletivos Repórter Popular e Coletivo Catarse, que contam com integrantes da rádio A Voz do Morro. 

Gah Ré – ferramentas para reflorestar

Desde a retomada do território aos pés da pedreira do Morro Santana (Zona Leste de Porto Alegre), em outubro de 2023, a cacica e kujá (liderança espiritual) Gah Té Kaingang já falava da importância da presença da comunidade no local como forma de preservar as vegetações nativas da região. De fato, ao longo dos quase dois anos naquela área, a aldeia kaingang e seus apoiadores já realizaram diversos plantios de mudas nativas e manejo de invasoras, mas sempre de forma independente e com recursos próprios. Até agora.

MET Ecossistema Audiovisual

O Coletivo catarse está participando do projeto Metropolitano RS: Ecossistema Audiovisual, integrando Grupos de Trabalho, participando de reuniões e formulação de chamamentos e ações relacionadas ao plano de trabalho, além de suporte em equipamentos e registro dos encontros. O Metropolitano RS é um ecossistema colaborativo que conecta professores, alunos, produtoras e iniciativas do audiovisual da Região Metropolitana de Porto Alegre. Com foco na descentralização e no fortalecimento das produções independentes, a rede busca criar oportunidades concretas, impulsionar a diversidade de narrativas e consolidar uma identidade audiovisual própria para o estado do Rio Grande do Sul. Formado por 19 produtoras de Porto Alegre, 12 de Canoas, 9 de Alvorada, além de representantes de Novo Hamburgo, Gravataí, Sapiranga, Ronda Alta e Dois Irmãos, o Metropolitano RS promove ações estratégicas para estimular a produção audiovisual regional. A iniciativa nasceu da articulação entre a Animal Produtora, a NGM Produções & Promoções e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Alvorada, uma instituição pública que desde 2015 forma novos profissionais na área de Produção Cultural e Design. Com três cursos na área — Produção Multimídia, Produção de Áudio e Vídeo e Processos Fotográficos — o IFRS se consolidou como um polo estratégico para a formação técnica, criativa e crítica dos futuros profissionais do audiovisual gaúcho. O projeto foi viabilizado por meio dos recursos do Edital SEDAC 13/2023 da Lei Paulo Gustavo (LPG), com o objetivo de fomentar a retomada do setor cultural no estado pós-pandemia. O ecossistema tem como meta Capacitação Profissional, Distribuição de Obras, Memória e Acervo e Ações Afirmativas e, entre suas principais ações, estão a Residência Audiovisual, Circuito Exibidor, Workshops e Oficinas, Apoio a Festivais Regionais (FECIC, FECEA e FUCA), entrega do Prêmio METROPOLITANO RS valorizando produções que se destacaram na região e o desenvolvimento do Hub de Acessibilidade. O formato de trabalho do Metropolitano RS é baseado em uma gestão colaborativa, estruturada em um Comitê Gestor rotativo e grupos de trabalho organizados por metas específicas. Essa dinâmica garante maior participação dos envolvidos, descentralizando as decisões e promovendo uma construção coletiva e democrática do ecossistema. Com uma estrutura que une mercado, academia e políticas públicas, o Metropolitano RS convida empresas, profissionais do setor, alunos e professores a se conectarem a essa rede inovadora e colaborativa. Todas as ações do METROPOLITANO RS são divulgadas nas redes sociais do projeto: Instagram (@metrs.audiovisual) e Site, ainda em construção, (https://metropolitanors.com.br) e o contato pode ser feito através do e-mail [email protected]. Acompanhe também as ações envolvendo o Coletivo Catarse nas nossas redes e site. As imagens são do banco de imagens do Projeto.

Assembleia Geral elege nova direção do Coletivo Catarse

O Coletivo, Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre, é formalizado como uma cooperativa de trabalho – a Cooperativa de Trabalho Catarse – Coletivo de Comunicação e Produção Cultural Ltda.. Este é o “chapéu burocrático” que permite a realização de tantos projetos e a manutenção dos direitos sociais dos seus cooperados. Neste 10 de março, portanto, foi realizada a Assembleia Geral Ordinária, em formato híbrido, quando 100% dos 13 cooperados se fizeram presentes, analisaram as contas do exercício 2024, elegeram nova gestão para o biênio 2025/26 e um novo Conselho Fiscal, além de discutir as perspectivas de projetos para este ano já em plena atividade. Sob Nova Direção Por aclamação, foram eleitos Bruno Pedrotti, presidente, Lorena Sanchez, vice-presidenta, e Gustavo Türck, diretor financeiro, substituindo Têmis Nicolaidis, que ficou à frente do CNPJ por 4 anos – Bruno fora também o financeiro nesse período. A nova “gerência da lojinha” toma posse a partir de 28/03, pronta para assinar muitos papeis e formalizar novos convênios para não parar a roda!

Dos vales do litoral para o Vale Arvoredo

Ao longo de mais de uma década, o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre vem realizando, em parcerias e ações diretas, diversas atividades relacionadas à Palmeira Juçara. Um legado que a cooperativa assumiu a partir do entendimento do que seria uma solução aos problemas socioeconômicos e ambientais – a agroecologia! – e das relações pessoais e institucionais remanescentes dos trabalhos da Rede Juçara. A partir disso, coletando sacos e mais sacos de sementes de frutos despolpados, pricipalmente provenientes de localidades em Maquiné e Três Cachoeiras, litoral norte do RS, o coletivo tomou a iniciativa de semear a lanço uma nesga de mata nativa em recuperação em um sítio em Triunfo, a 40 km de Porto Alegre. Já se passaram 9 anos de uma atividade que marcou o Planejamento Estratégico de 2016 – e a mata virou um berçário de Palmeiras Juçaras. Neste link aqui, é possível conferir que, em setembro do ano passado, foi realizada uma ação de coleta de cerca de 50 mudas, que hoje estão num viveiro montado aos fundos da sede do Coletivo Catarse, na Comuna do Arvoredo – literalmente uma ilha de verde no meio do oceando de concreto do Centro Histórico de Porto Alegre. Essas mudas passaram por alguns meses de consolidação e estão iniciando suas jornadas para novos locais. As primeiras 4, já com crescimento bem evidente, estão a caminho do Vale Arvoredo, um ponto de cultura parceiro, espaço de resistência com vocações ecológicas e de residência artística situado em Morro Reuter. Um local que já foi cenário de trabalhos como Criaturas da Literatura e A Viagem de Jacinto – entre várias outras empreitadas que o Coletivo Catarse já participou. Confere o site do Vale e também esses dois trabalhos aqui abaixo: Também vale a pena assistir à Trilogia O ser Juçara (clique aqui e vá para a página especial sobre a Palmeira Juçara neste site), uma coprodução com a Associação Içara, exatamente o trabalho que gerou as sementes que foram lançadas na mata em Triunfo durante o Planejamento Estratégico da Cooperativa de Trabalho Catarse – Coletivo de Comunicação e Produção Cultural Ltda., em 2016. Nessas fotos abaixo, mais jovens, está a equipe da época em ação (destaque para as participações da então diretora financeira do Coletivo, Patrícia de Camillis, e do Professor Pedro Costa, hoje vice-reitor da UFRGS. Quem planta colhe!

Reflorestamento na Retomada Gãh Ré

No calor abafado do verão porto alegrense, na tarde do dia 22 de janeiro do corrente ano, reuniram-se, na Retomada Gãh Ré, os coletivos articuladores do projeto “Reflorestamento, resiliência climática e restauração do modo de vida Kaingang em um território em Retomada em Porto Alegre – RS”. O projeto foi inscrito e aprovado no Edital Reconstruir RS – 2024, do Fundo Casa Sócio Ambiental. Junto às lideranças da Retomada, tendo à frente a cacica Iracema Gãh Té, foram traçados os planos para a realização do projeto. Vale recordar do que se trata: “A Retomada Gãh Ré localizada no Morro Santana, em Porto Alegre/RS, busca resgatar o Cuidado e a Proteção da Mãe Terra. As inundações evidenciaram a urgência de iniciativas que repensem o modo de vida para proteção e resiliência climática. Este projeto busca contribuir para o reflorestamento, proteção das nascentes de água e recuperação do solo, restaurando o modo de vida Kaingang enquanto estratégia de resiliência climática, através da retirada de pinus e plantio de mudas nativas no território da Retomada. As necessidades iminentes de fortalecimento desse território contribuem para uma perspectiva do Bem Viver para todos os povos.” Serão várias atividades correlacionadas, envolvendo coletivos e apoiadores da luta indígena aos pés do Morro Santana. Nosso papel, Coletivo Catarse, é de dar suporte burocrático/financeiro e também ajudar nas compras e cumprimento dos objetivos e cronograma. O calendário já foi desenhado e as atividades iniciarão no próximo dia 7 de fevereiro, com a compra dos equipamentos necessários para a empreitada. Muitos mutirões serão convocados e a força coletiva será fundamental para a realização do propósito. Nas fotos, as pessoas reunidas e também uma parte dos bichos e plantas que compõem a comunidade Gãh Ré, todas beneficiadas por essa iniciativa de preservação da natureza em mais uma uma zona de disputa na cidade de Porto Alegre.