Festival Ventre Digital – Edição Pré-Pandêmica

Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre convida toda gente para o festival de lançamento de curtas-metragens! O Ventre livre tem um projeto de oficinas de audiovisual. Com essas oficinas já produzimos e apoiamos a realização de muitos vídeos sempre com temáticas voltadas para a saúde, mas usando a criatividade e o universo de cada oficinando. Durante o segundo e terceiro ciclos de oficinas de produção audiovisual e de trilha sonora, num período anterior ao isolamento social imposto pelo Covid-19, produzimos na sede do Ponto de Cultura 4 filmes curtas-metragens que iremos apresentar nesta edição do festival: Ciclo de oficinas 2 – A Fantástica Fábrica de Saúde (5’25”)O tempo das Coisas (3’51”)O tempo das comidas (7′) Ciclo de oficinas 3Capoeira: A saúde está na Ginga (11′) Convidado: Guto Obafemi (Africanamente)

O legado de Paulo Montiel

por Têmis Nicolaidis Dia 9 de dezembro de 2020 foi dia de buscar os quadros do Paulo Montiel com sua família no Bairro Vila Jardim. Um legado que deixou para seus filhos e que nos confiaram a guarda. A nossa história com esse bairro e com essa família em especial se tornou um dos eixos fundamentais do existir deste ponto de cultura. Eu me lembro bem dos primeiros contatos com a casa que abrigou as atividade do Ventre, como era e é carinhosamente chamado o nosso Ponto de Cultura, como conhecemos as crianças que nos ajudaram a erguer o projeto, as atividades, as arrumações, as incertezas e alegrias que um projeto como esse pode nos proporcionar. E, finalmente, lembro muito bem do dia e dos meses que se seguiram e que tivemos o privilégio de conhecer Paulo Montiel. Anos depois ele veio a falecer, e nos 8 anos que trabalhamos juntos, ele deixou sua marca em nós e no projeto do Ventre Livre. Grande privilégio, também, foi conhecer a Raíssa e a Márcia, pessoas que criamos laços daqueles inexplicáveis que atravessam o tempo e são maiores que nós. Por causa delas e de muitas outras crianças e suas famílias no entorno da casa da Galiléia, 220, é que pudemos nos fortalecer e realizar tanta coisa bacana das quais tanto nos orgulhamos. Foram oficinas, produções audiovisuais, livro de fotografia, prêmios de reconhecimento e, claro, a descoberta de um acervo de grande importância cultural composto por inúmeras pinturas a óleo, pesquisa em esboços de desenho e textos de um material que renderia um livro, tudo sobre a cultura afrodescendente ligada aos orixás, produzido por Montiel. Revendo esse histórico do Ponto de Cultura, voltando a assistir esses vídeos sou tomada por uma emoção muito forte. Era uma época de semear, de cuidar e de regar, fizemos isso e vimos florescer e dar frutos. Gosto de pensar que fizemos a diferença nesse pouco tempo que estivemos na Vila Jardim, e trabalhamos muito mais do que estava no projeto. Extrapolamos e nos orgulhamos de tudo, mesmo das falhas, porque elas fazem parte do processo e certamente nos tranformaram em pessoas e profissionais mais maduros. Hoje, voltamos a Vila Jardim para buscar os quadros do Montiel, nos comprometendo com a preservação e difusão dessas obras. O cordão que nos liga com esta comunidade é da cor de todos esses orixás, de toda essa cultura e ele é muito resistente. Na casa onde um dia foi o Ventre Livre, hoje, é uma casa de religião que, de vez em quando, toca tambores noite adentro. Quando perguntei pra Raíssa se os vizinhos não se incomodavam com isso, ela respondeu: “Não, aqui na rua é tudo batuqueiro”. Gosto, também de pensar que o nosso ventre, também, é esse, de raíz, de resistência e de identidade cultural. Após o falecimento de Paulo Montiel, sua filha Raíssa ficou responsável por reunir todas as obras que foram deixadas nos últimos locais que transitou, fazendo o levantamento e resgatando todo o acervo que foi possível encontrar. Na sequência passou todo esse ao Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre que passa a ter essa guarda temporária dessa riqueza cultural.

Conheça os detalhes dos bastidores do filme A Dominação

O processo de produção do filme A Dominação V19, foi longo e muitas vezes truncado como é, muitas vezes, uma conexão instável de internet. Por outro lado, foi muito desafiador e divertido. Se é complicado trabalhar em grupo ao vivo, imagina fazer acordos, criações, entendimentos comuns com distancia e com diferentes qualidades de conexões. Realmente este grupo se superou e conseguiu realizar uma peça audiovisual complexa na técnica, cheia de humor, personalidade e que se manteve atual durante todo seu longo período de produção. A comunicação se deu basicamente de 3 formas: Todo o processo durou de maio a novembro de 2020, quase todo o primeiro ano de isolamento social imposto pela Pandemia do Covid-19. Confira algumas imagens: Abril e maio – testes de filmagem, cenário, luz e figurino. Ajustes no roteiro e filmagens individuais em casa. De junho a novembro foi o período destinado à edição do filme e criação da trilha sonora. Novembro, finalmente foi feita a finalização. Então, como vocês A Dominação V19!

A Dominação v19

Diana e Marcelo jogam A Dominação v19, um jogo que coloca 2 “tantãs” em luta pelo controle – de um lado, o Vírus quer acabar com a raça humana, e, do outro, o Verme almeja transformar a todos em soldados do seu exército. Que a força cósmica esteja com eles!

Cosmonauta

Apresentado na forma de uma fotonovela, Cosmonauta é um filme insólito e comovente sobre o universo pessoal de um homem cuja a existência cotidiana passa a colapsar diante das incertezas da pandemia global de Covid-19. Confinado em seu pequeno apartamento, o Cosmonauta mergulha em suas fantasias como uma forma de evadir-se da dura realidade que o assola, bem como a toda humanidade!

Ocitocina

Como se virar num contexto como este? A pandemia coloca à prova a sororidade para além do isolamento. Ficha técnica: Roteiro e ediçãoKatia Camargo de Oliveira FinalizaçãoBilly Valdez FilmagensKatia Camargo de OliveiraCamila Machado da SilvaRosane Arostegui NarrativaMargareth Osório Finalização de áudioGustavo Türck Trilha sonora originalOcitocantoMúsica construída a partir de canto improvisado por Katia Camargo de Oliveiraexecutada por Stefano Rodrigues e Marcelo Cougo OrientaçãoGustavo TürckTêmis Nicolaidis

Festival Ventre Digital – Edição Pandêmica

O Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre convida para a apresentação dos resultados do 4º Ciclo de Oficinas de Produção Audiovisual e Produção Musical para trilhas sonoras de seu projeto. Esta etapa final foi toda desenvolvida com distanciamento, em época de pandemia e isolamento social – encontros remotos, produções remotas, montagens e gravações com distanciamento social foram grandes desafios. Mas, finalmente, está aqui!

Festival Ventre Digital – Edição Pandêmica

3 filmes produzidos em isolamento – 3 ideias com criatividade pandêmica! 27 de novembro, a partir das 18h, aqui neste site. O Ponto de Culura e Saúde Ventre Livre convida para a apresentação dos resultados do 4º Ciclo de Oficinas de Produção Audiovisual e Produção Musical para trilhas sonoras de seu projeto. Esta etapa final foi toda desenvolvida com distanciamento, em época de pandemia e isolamento social – encontros remotos, produções remotas, montagens e gravações com distanciamento social foram grandes desafios. Mas, finalmente, está aqui! Em pleno período pandêmico, com a preocupação do entrelaçamento de cultura e saũde, nos reinventamos, e, com o apoio e a força das nossas parceiras e parceiros, respeitando os protocolos de distanciamento social, serão lançados 3 filmes em curta-metragem de temática de saúde mental e pandêmica. A DOMINAÇÃO V19Diana e Marcelo jogam A Dominação v19, um jogo que coloca 2 “tantãs” em luta pelo controle – de um lado, o Vírus quer acabar com a raça humana, e, do outro, o Verme almeja transformar a todos em soldados do seu exército. Que a força cósmica esteja com eles! OCITOCINAComo se virar num contexto como este? A pandemia coloca à prova a sororidade para além do isolamento. COSMONAUTAApresentado na forma de uma fotonovela, Cosmonauta é um filme insólito e comovente sobre o universo pessoal de um homem cuja a existência cotidiana passa a colapsar diante das incertezas da pandemia global de Covid-19. Confinado em seu pequeno apartamento, o Cosmonauta mergulha em suas fantasias como uma forma de evadir-se da dura realidade que o assola, bem como a toda humanidade! Os filmes serão apresentados em live transmitida aqui mesmo, nesta postagem no site do Ponto de Cultura (na hora será aberta a janela do Youtube) e no canal do Youtube do Coletivo Catarse (youtube.com/coletivocatarse). A equipe do Ponto de Cultura e os realizadores dos filmes vão falar sobre os desafios enfrentados, as ideias de roteiros e como as executaram. Não perca!

Sobre alimentação saudável

Estes três vídeos foram produzidos durante o segundo ciclo de Oficinas de Produção Audiovisual e Trilha Sonora do Ponto de cultura e Saúde Ventre Livre. Este ciclo, teve como ênfase a edição. Os diferentes grupos receberam materiais brutos idênticos que resultaram nas seguintes vídeoreportagens:

Seu Sidi

Ele chega no bar trazido por um membro de nossa equipe. Estava mal, um pouco doente. Pergunta: “Mas afinal, o que vocês querem? Não tenho muito para falar”. Aos poucos, pelo interesse em se conversar sobre o carnaval, vai se soltando, sem se importar com as luzes e a câmera. Saca, então, do bolso um samba enredo que havia feito há pouco para o carnaval daquele ano: “Mas não vai dar, já estou muito velho e o bloco não vai sair…”. Resignou-se o fundador das Mariquitas, que foi uma das melhores escolas de samba da região de Pelotas e Rio Grande. Em Rio Grande, no Bar do Dejair. GT: Então, a gente já sabe por que estamos aqui? Vamos conversar sobre o carnaval de Rio Grande e do Sopapo. Seu Sidi, como é teu envolvimento com o carnaval, desde que ano, como é que começou? Seu Sidi: Olha, eu fui envolvido no carnaval desde os meus onze anos. Lá em casa, como eram conhecidas as famílias antigamente, que cada uma tinha suas entidades, então, lá em casa, nós éramos os Bracistas. Meu avô presidiu o Rancho Carnavalesco Braço. É, presidiu o Braço umas cinco vezes. Então, nós todos ali nascemos no carnaval praticamente. Eu mesmo nasci em um dia de carnaval. Bem, a gente ali, então, viu os primeiros acordes. O Braço, naquela época, tinha orquestra. Não era só batucada, tinha orquestra mesmo: sax, trombone, pistão… GT: Metais? Seu Sidi: É. Vamos simplificar. Metais tinha bastante mesmo. Era um cordão, era lindo de se ver. E não existe mais. GT: E Sopapo, tinha nesta época? Seu Sidi: Não, não tinha. Só tinham os surdos. E Sopapo não tinha. E estes treme-terra também não tinham. Tinham uns surdos grandes. GT: Eram bem diferentes os estilos de música? Seu Sidi: É, era tudo marcha. Não tinha samba, era só marcha. GT: E o senhor se recorda de quando foi que viu pela primeira vez o Sopapo, como é que foi? Seu Sidi: Eu vi que ele surgiu na Escola de Samba General Vitorino. E, por intermédio de algumas amizades, inclusive o próprio Sardinha, que mais tarde veio a ser meu compadre, ele é padrinho do meu guri e foi nosso regente lá nas Mariquitas… O pessoal da extinta General Vitorino depois passou para as Mariquitas. E, então, foi ali na General Vitorino que eu vi o Sopapo. Eu estava em cima de uma viatura, em frente onde hoje é o Banco do Rio Grande do Sul, eu estava em cima de uma viatura, porque tinha muito povo naquela época e, de cima de uma viatura, eu via perfeitamente a Vitorino desfilando. E foi umas das primeiras escolas de samba. E aí eu vi o Sopapo com o Chinês vindo batendo. Depois eu fui saber a procedência, de como é que eles tinham aquele instrumento, porque todo mundo ficou de boca aberta. Aquilo só tinha em Havana, o cara só via em filme, e aquele dia tive a oportunidade de ver na Vitorino. Aquilo veio do empréstimo de um cidadão. Na época eles chamavam de gringo, um americano que emprestou para eles, americano ou inglês. Eu acredito que aquele instrumento foi adquirido em algum lugar de Havana, Cuba. Por lá. E, quando ele veio para cá, eles vieram para o frigorifico, a Swift, e ele trouxe e aproveitou e emprestou para o pessoal. GT: Não era como esse aí? (referindo-se ao Sopapo que está ao lado do Seu Sidi, produzido pelo Mestre Baptista) Seu Sidi: Não, não, não. Ele era de taloeiro, feito tipo aqueles barris de vinho.Dejair: Tipo aquelas tinas que tinham antigamente, com ripas de madeira. E aí formava o tambor. GT: Estilo barril? Seu Sidi: É, tipo barril. Todo de madeirinha. E, então, era o Chinês que batia. GT: E, nessa época, então, este era o único Sopapo que existia? Seu Sidi: Era. GT: Mas depois começou a entrar alguns outros? Seu Sidi: Depois entrou a Vila Isabel, que foi o cidadão lá da Cidade Nova que fez um para Vila Isabel. Aí, o regente da Vila Isabel, depois que foi padrinho nosso e levou o esquema… Fomos lá e falamos com este taloeiro e fizemos um para as Marequitas, onde o Pássaro Azul começou a bater ele. O da Vila Isabel não veio… O Pássaro Azul veio, mas não veio o Sopapo. Dejair: O Pássaro saía antes na Vila Isabel? Seu Sidi: Na Vila Isabel, batendo o Sopapo. E já era bem falado como um dos melhores batedores de Sopapo. Depois, eu conheci em Pelotas um cidadão batendo Sopapo, o nome dele era Luís, mas sabe como é estes nomes artísticos aí… GT: Boto? Seu Sidi: Isso, Boto. Mas ele não batia igual ao Pássaro. Respeito a memória dele, parece que hoje ele é falecido, mas ele batia um Sopapo força. O que é diferente. Ele era um moreno muito grande e então tinha uma força nos braços danada, dava cada lapada no instrumento… E não é isso aí. O Pássaro era mais na manha. Dejair: O Pássaro era mais na cadência. GT: Tinha uma história que ele batia com uma mão só? Seu Sidi: Isso, mas batia com as duas. Uma ele marcava e a outra ele fazia… Ele ritmava, e nós que estávamos lá na frente sentia quando ele parava o instrumento lá atrás. Depois, e agora eu vou contar um fato pitoresco para vocês, quando o Sopapo começou a sair fora e ele já não queria mais tocar o instrumento, todas escolas estavam terminando com o Sopapo, e ninguém queria mais Sopapo e tal… Eu fiz para ele (Pássaro Azul) um surdão. Um rapaz me conseguiu um tonel na Ipiranga, um tonel de breu, e aquilo ali era uma folha de aço galvanizado muito fininha, bem fino mesmo, tipo um papel. Tanto que não se tornou um instrumento pesado para ele, embora ele fosse grande e ter resistência para carregar. E aí ele abandonou um pouco o Sopapo e saiu com aquele… Mas não se …