Ciclo Audiovisual de Impacto Social, com Vitor Ribeiro, em Porto Alegre

No inicio do mês de agosto recebemos o Vitor Ribeiro, video ativista e articulador da Witness Brasil, para uma sequência de encontros sobre o uso do vídeo como ferramenta de defesa de direitos e territórios. O primeiro encontro foi na noite de 4 de Agosto na sede do Cirandar, ponto de cultura com sede no Centro de Porto Alegre. Além de contar um pouco de sua trajetória no audiovisual, o documentarista, oficineiro multimidia e articulador social também trouxe um pouco da sua vivência na produção do filme a Rota da Canoa, junto da comunidade Caiçara de Piratininga, em Niterói/RJ. Um dos fundadores da Bombozila – maior plataforma brasileira de documentários online -, Vitor também trouxe dados importantes sobre os Streamings independentes. De acordo com o oficineiro, o Brasil é um dos países com mais plataformas independentes, tendo iniciativas voltadas para diferentes públicos batalhando pela diversidade nas telas, como Todes Play, Hands Play, Tela Trans, Amazonia Flix, entre outras. Ao final foi realizada uma exibição de curtas e bate papo. Na manhã do dia seguinte, o oficineiro carioca esteve junto dando sequência à série de oficinas de fotografias que estão sendo ministradas pelo Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre junto à jovens da Retomada Gãh Ré com apoio da Witness Brasil. Nessa ocasião, além de exercícios práticos de vídeo com o celular e exibição de filmes, tivemos a oportunidade de acompanhar nosso parceiro (oficinando do projeto CORAL), Vitor Ramón, compartilhando seu conhecimento com Vân Fejj, jovem kaingang, que está sendo preparada para registrar as atividades da Retomada. Ao final, um churrasco e a ida dos participantes para a I Carijada Kaatártica – importantes momentos de articulação e fortalecimento dos laços. texto e fotos: Marcelo Cougo e Bruno Pedrotti.

ELAOPA 2023

Nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2023, ocorreu o XIV ELAOPA, Encontro Latino Americano de Organizações Populares e Autônomas, na cidade de Rosário, Argentina. Criado em 2003, o encontro visa a troca de experiências das lutas políticas, militâncias sociais e trabalhos comunitários que se organizam de forma autônoma. Vídeo produzido pelo Repórter Popular em parceria com o Coletivo Catarse e apoio da Witness como atividade prática do projeto Coral – Território Audiovisual. Acesse também a cobertura do site do Repórter Popular.

Comunicação, cultura, saúde e memória!

Dia 17 de julho o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre recebeu do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) o reconhecimento como Ponto de Memória. O certificado comprava a atuação da cooperativa de trabalho e ponto de cultura em ações de museologia social, desenvolvendo ou apoiando “projetos e ações de museologia social, pautadas na gestão participativa e no vínculo com a comunidade e seu território, visando à identificação, registro, pesquisa e promoção do patrimônio material e imaterial, contribuindo para o reconhecimento e valorização da memória social brasileira”. O reconhecimento da entidade é uma grande conquista, que estimula a aprofundar e capilarizar esse trabalho. Mas o processo coletivo interno de se entender enquanto ponto de memória começa muito antes, sendo até difícil definir ao certo sua origem. Teria sido após a morte do Montiel, artista residente do Ponto de Cultura, quando a equipe viu a necessidade de impedir que a obra do artista se perdesse para a umidade, traças e cupins? Ou na catarse dos 18 anos, quando o coletivo percebeu que tinha quase duas décadas de acervo digital. Das jornadas de junho de 2013, passando pelas colheitas de arroz orgânico da Cootap/MST, ocupações urbanas, movimentos indígenas, iniciativas de agroecologia e manifestações culturais das mais diversas. Certamente um momento chave para este trabalho foi a festa dos 20 anos da aldeia Kaingang Fag Nhin, na Lomba do Pinheiro/Porto Alegre. Assistir ao filme “Indíos Urbanos” duas décadas depois junto da comunidade – agora consolidada -, que se reconhecia no registro e se orgulhava da mobilização que garantiu a permanência no território, conferiu significado ao trabalho. Momentos como esse reafirmam a importância dos registros audiovisuais. Mas também reforçam a urgência de seguir mantendo o que já está registrado, aprofundando a organização do acervo, disponibilizando e divulgando a memória audiovisual para o público em geral, e, principalmente, para as pessoas e grupos registrados.

Neptunn lança videoclipe da música ‘Onward to Nothingness’

** Publicado originalmente no Portal o Subsolo No último dia 16 de julho a banda de Death Metal Neptunn lançou o videoclipe da música Onward to Nothingness. Uma produção em parceria entre a banda e o Coletivo Catarse / Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre. As gravações foram realizadas no estúdio SimSet em Porto Alegre. A ideia do videoclipe é remeter ao “nada” um lugar vazio e perturbador, remetendo o espectador a não saber em qual “realidade” a banda se encontra tocando conforme a “perturbação” visual que acompanha junto o Death Metal da música. Aperta o play que o som é forte. Ficha técnica:Música: Onward to NothingnessMixagem: Felipe “Boss” PujolGravação da bateria: RR44 Artistic Complex VideoclipeProdução: Neptunn, Coletivo Catarse / Ponto de Cultura e Saúde Ventre LivreDireção, captação, edição, cor e finalização: Billy ValdezAuxiliar: Philippe Branco (PH)Apoio: Estúdio SimSet e Agência Acorde Siga a banda Neptunn:Neptunn é:Larissa Pires (vocals)Rafael Giovanoli (guitars/bass)Bruno Fogaça (guitars)Patrícia Bressiane (bass)Matheus Montenegro (drums) texto e fotos: Billy Valdez.

Expressões Culturais da Aldeia Kógunh Mág

Documentário de encerramento do projeto Histórias e Vivências da aldeia Kógunh Mág, de Canela, que foi realizado com recursos do PRÓ-CULTURA RS FAC – Fundo de Apoio à Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Projeto Realizado pela Retomada Kaingang de Canela com apoio de difusão nos canais do Coletivo Catarse. Ficha técnica:Direção e edição: @inventarioaudiovisualCoordenação geral: Aldeia Kaingang Kógunh MágApoio: Coletivo Catarse

Sessão Bodoqe 8 – lançamento mundial do documentário Informar é Vacinar

Na noite de sexta, 23 de junho, a Sessão Bodoqe recebeu a estréia do lançamento Mundial do documentário Informar é Vacinar e esquete com os bonecos de Machado de Assis e Oswaldo Cruz interpretados pela Trupi di Trapu. Depois das distritais do Conselho Municipal de Saúde, da Cinemateca Capitólio e das lives com a a Fiocruz, foi o dia do Maria Maria Espaço Cultural (Fernando Machado 464, Comuna do Arvoredo, Centro de Porto Alegre/RS, Brasil, Terra, Via Láctea) receber o filme sobre fake news e seus efeitos na vacinação. Como mestres de ceremônio para tal evento, ninguém menos que Machado de Assis e Oswaldo Cruz. Confeccionados e interpretados por Anderson Gonçalves e Viviane Marmitt da Trupi di Trapu, os personagens principais do filme receberam o público, contando um pouco da sua odisséia em busca de informações verdadeiras em saúde e vacinação e entrevistando a equipe da produção do documentário. Sinopse:O documentário acompanha a dúvida de Machado de Assis – “Afinal, é para se vacinar ou não?!” -, que busca ajuda de seu amigo Oswaldo Cruz para encontrar informações confiáveis sobre saúde em meio à avalanche de desinformação que toma conta das redes sociais e confunde a sociedade brasileira. A busca dos dois – bonecos, confeccionados e operados pela @trupiditrapu – levanta diversas reflexões sobre as fakenews e seus efeitos na vacinação e no sistema de saúde como um todo. Esta obra é fruto de uma proposta do Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre contemplada na Chamada Pública de Projetos da Sociedade Civil de Comunicação Popular e Comunitária em Saúde da Fiocruz e OPAS (2022/2023). O conteúdo desta obra não reflete necessariamente as opiniões das instituições financiadoras. Este filme faz parte do projeto “Informar é Vacinar – uma história de fake news contra as vacinas e o sistema público de saúde”. Uma produçãoPonto de Cultura e Saúde Ventre LivreColetivo Catarse Com apoio doConselho Municipal de Saúde de Porto Alegre Ficha técnica:Machado de AssisAnderson Gonçalves Oswaldo CruzViviane Marmitt Produção executivaGustavo TürckBruno Pedrotti DireçãoGustavo Türck Assistência de direçãoBruno Pedrotti Direção de produçãoMarcelo Cougo RoteiroGustavo TürckBruno PedrottiTêmis NicolaidisMarcelo Cougo Pesquisa de imagensBruno PedrottiTêmis NicolaidisGustavo Türck Operação de câmerasBilly Valdez Operação de somMarcelo CougoGustavo Türck EdiçãoTêmis Nicolaidis Cor e finalização de vídeoBilly Valdez Finalização de áudioGustavo Türck Arte de bonecosTrupi di Trapo Direção de trilha sonoraMarcelo Cougo EntrevistadesBenjamin RoitmanBruno MussaFernando D’AndreaIsabella BallalaiKaren CarvalhoLuana RodriguesMarcia Thereza CoutoMellanie DutraPaola Falceta Unidade de Saúde Nossa Senhora AparecidaSônia José de Souza ElyseuJosé Antônio Souza da SilvaGeorges Peres de OliveiraJéssica Machado Trilha sonoraNeonazi GratiluzRatos de Porão Tema de baixo e caixaGravação demoMarcelo Cougo – baixoPaulinho Bettanzos – caixa Tema de Prata PretaMúsica de Marcelo CougoMarcelo Cougo – violões, escaleta, assovio e sopapinhoMarcelo Lalo – guitarrasBruno Africanamente Capoeira Angola – berimbau violaGravação e mixagem – Gustavo Türck CosmonautaMúsica de Marcelo CougoMarcelo Cougo – BaixoStefano – Piano e GuitarraYvan Etienne – SaxPaulinho Bettanzos – Sintetizador*trilha originalmente composta para o curta-metragem Cosmonauta Aires de TangoMúsica de Marcelo LaloMarcelo Lalo – guitarras e violõesGravação e mixagem – Gustavo Türck Assessoria de comunicação e jornalistas responsáveisBruno Pedrotti (MTB 0019855-RS)Gustavo Türck Arte gráficaTêmis NicolaidisBilly Valdez AgradecimentosFiocruzComuna do ArvoredoGrupo Hospitalar Conceição (GHC)Simone Faoro BertoniHelena Beatriz Silveira CunhaAdiel Coelho da CunhaUnidade de Saúde Nossa Senhora AparecidaGeorges Peres de OliveiraSônia José de Souza ElyseuAna Lúcia Valdez PolettoClaunara Schilling MendonçaCarla DominguezNúcleo de Coordenação do Conselho Municipal de Saúde POAKatia CamargoTiago VeitLeandro Carbonato e Power Line Music ProdutoraRatos de Porão e João GordoMercado 453Maria Maria Espaço CulturalPaulinho Bettanzos

Margareth Menezes em Porto Alegre

Na manhã da última sexta, 23/06, Porto Alegre recebeu a visita da Ministra da Cultura Margareth Menezes. A atividade foi realizada na sala da OSPA, no Centro Administrativo do Estado, e discutiu a implementação das políticas públicas de fomento à cultura, com destaque para a lei Paulo Gustavo. Perante um público de aproximadamente 400 pessoas composto por agentes culturais de todo o estado e com presença das redes estadual e municipal de pontos de cultura, Margareth e os demais gestores do estado e município se comprometeram com a aplicação da lei, garantindo o acesso sobretudo para as periferias, municípios do interior, comunidades tradicionais, coletivos e iniciativas de cultura popular.

Gãh Ré contra o marco temporal

Na tarde de terça feira, 30/05, indígenas Kaingang da Retomada Gah Ré realizaram um ato contra o Marco Temporal. Depois de uma fala da liderança Gah Té denunciando o projeto como mais uma etapa do projeto de destruição da “Mãe Terra”, a aldeia iniciou sua marcha. Por volta das 17h o ato saiu da retomada, já escoltado pela polícia, pela avenida Mãe Apolinária em direção da Protásio Alves, uma das principais avenidas de Porto Alegre. A avenida foi bloqueada ao som dos cantos Kaingang e de coros de “não ao marco temporal” e “demarcação já!”. Depois de um momento de negociação com a Brigada Militar, indígenas e apoiadores passaram a liberar parcialmente a avenida. Porém, a aldeia seguiu na rua se manifestando por cerca de três horas, ecoando chocalhos e cantos na avenida enquanto os deputados votavam o projeto na Câmara. Apesar do grande efetivo policial presente, não houve repressão física. Os agentes se reduziram a controlar o trânsito e filmar as lideranças do ato. Com a aprovação do projeto por 283 votos a favor e 155 contrários na Câmara, a retomada irá intensificar a mobilização contra o projeto, que segue para votação no senado e ainda terá uma votação no Supremo Tribunal Federal na próxima quarta feira, 7 de junho Fotos e texto: Bruno Pedrotti.

Sessão Bodoqe 7 – os bonecos atacam novamente!

Mais uma vez os bonecos tomaram o palco do Maria Maria Espaço Cultural. Na noite da última sexta, 26/05, a Sessão Bodoqe recebeu a participação da Trupi di Trapo com a peça “As aventuras do palhaço Sebastião” e teve como atração músical a trilha sonora original do filme Informar é Vacinar. Depois que as crianças de todas as idades se maravilharam com a peça – que com muita alegria prestigiou a arte do teatro de bonecos e levantou em tom satírico diversas questões que atravessam a sociedade brasileira, como o machismo e o racismo – o palco recebeu a apresentação ao vivo da trilha sonora original do documentário Informar é Vacinar. Realizado pelo Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre com apoio da Fiocruz e OPAS, o documentário teve as trilhas Aires de Tango e Tema de Prata Preta executadas ao vivo por Marcelo Cougo e Marcelo Eguez, com participação de Bruno Pedrotti na última trilha.

Índios Urbanos nos 20 anos da Fág Nhin

Sexta 7 de Abril os Kaingang da Fag Nhin, na Lomba do Pinheiro em Porto Alegre/RS, celebraram os vinte anos da sua comunidade, uma das primeiras áreas indígenas urbanas do Rio Grande do Sul. Em 2002, os Kaingang reivindicaram o espaço na Lomba do Pinheiro, enfrentando o senso comum que reduzia os indígenas aos espaços rurais. Na época, um grupo que depois viria a fundar o Coletivo Catarse esteve na aldeia acompanhando a luta pelo território na Parada 25, por meio do Projeto Indíos Urbanos (na época o termo indígenas ainda não era amplamente usado) que teve uma revista e um documentário em VHS. Passadas duas décadas, o Coletivo Catarse/Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre voltou a aldeia para celebrar junto a conquista do território. Em clima de festa, com direito a muita comida tradicional Kaingang, o coletivo contribuiu com a exibição do documentário Indíos Urbanos e a mostra das revistas e fotografias do Projeto. A equipe do Coletivo assistiu maravilhada enquanto a juventude reconhecia os mais velhos, protagonistas da luta retratada no telão e nas fotografias. O momento suscitou reflexões importantes, recordou do papel de lideranças que participaram para a conquista da aldeia como Zílio e Francisco. E quantos conquistas a se celebrar: do acampamento lutando para se manter em 2002, a equipe encontrou uma aldeia consolidada, com moradias dignas, espaço, áreas de mata preservada e uma escola estruturada. Mas, para além dos ganhos materiais, a comunidade também avançou em uma das principais preocupações de lideranças décadas atrás: a manutenção da cultura e das práticas tradicionais no ambiente urbano. Longe de “perder sua cultura” por viver na capital, a comunidade fortaleceu tradições e conhecimentos ancestrais como as pinturas e grafismos relacionados as marcas Rá Ror e Rá Tej das metades Kainru e Kamé, a língua Kaingang, a culinária tradicional, os artesanatos com cipó, taquara e outros materiais. Estar em um território pulsante, com a cultura ancestral fortalecida e difundida e o clima geral de festa reforçou a importância de seguir ao lado dos povos tradicionais registrando suas lutas. Mas, para além de apenas registrar, o valor de tornar acessíveis os registros para as comunidades. Até porque as imagens oferecem um suporte importante para que a juventude visualize as histórias contadas pelos anciões sobre a comunidade e sua trajetória. Além disso, o audiovisual é sempre um disparador para discussões e momentos coletivos de compartilhamentos de saberes e vivências. Sem contar a possibilidade de manter registros da visão dos povos tradicionais, para além das narrativas dominantes contadas pelo viés dos opressores. Se a memória também é um campo de batalha, nos posicionamos nesta trincheira ao lado dos povos, da diversidade e contra as monoculturas de ideias.